24.7.13

Salvação Nacional tem dias


DN de Janeiro de 2004

«A dez dias do final do ano de 2003, a data-limite, faltavam mil milhões de euros nas contas do Estado para colocar o défice abaixo dos 3,0% do PIB, tal como impõe Bruxelas aos Estados membros da União Europeia. As contas foram salvas pelos fundos de pensões e, no total, injectaram-se mais de três mil milhões de euros em receitas extraordinárias.»


«Restringir aumentos salariais, despedir funcionários, aumentar impostos, combater a fraude e evasão fiscal, são algumas soluções avançadas por vários analistas e economistas para eliminar o défice das contas públicas. Mas qualquer destes itens foi tentado no passado - com maior ou menor vigor - e, na verdade, o défice orçamental continua a sua escalada».


Outro recorte do DN:

«O Bloco Central que existiu entre 1983 e 1985, com Mário Soares e Mota Pinto, serviu para garantir que Portugal era governável e conseguia fazer as reformas necessárias para entrar na Comunidade Económica Europeia. Cedo se percebeu que governar neste tipo de coligação, que nunca foi nem irá a votos, abre brechas internas nos dois partidos.
Soares não voltaria a ser líder do PS, avançando com uma candidatura vitoriosa à Presidência da República, um ano depois de Cavaco ter ganho pelas primeira vez as legislativas. O professor de Boliqueime chegou, aliás, à liderança do PSD em oposição à existência de um Bloco Central e lançando Freitas do Amaral contra os candidatos presidenciais de esquerda.

Sendo certo que a aliança dos dois maiores partidos chegou para as necessidades, mas não foi um sucesso, é também sabido que sempre que o País necessita de reformas profundas é dela que os analistas se lembram como o último recurso. Mas, nos dias que correm, é quase uma heresia invocar a necessidade deste bloco.

Ainda assim, o Bloco Central, cada vez menos admitido como forma de governar, é constantemente solicitado - pelo Presidente da República e restantes senadores - para realizar pactos de regime, em áreas como as Finanças Públicas, a Saúde, a Justiça ou a Educação. Um Governo PS/PSD garante que no futuro próximo o que tem de ser feito será feito, mas lança a dúvida sobre o que acontecerá para lá desses momentos. Haverá uma nova república, com novo sistema político, novos partidos e novos protagonistas?

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