17.3.15

Brasil na mira (1)

Nos últimos dias, multidões de brasileiros participaram em manifestações em várias cidades do Brasil. Muitos milhares em defesa da presidente Dilma Rousseff e muitos milhares críticando o governo.

Procuro os argumentos anti-Dilma, e o que encontro?

Num carro de som, fazem-se críticas à condução do PT no governo, pede-se o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e o fim da corrupção. Nos cartazes"Socialismo dura até que acabe o dinheiro dos outros" , "A nossa bandeira jamais será vermelha", "S.O.S. Forças Armadas" , "Intervenção militar já".

Procuro os organizadores das manifestações contra o Governo e o que encontro?

Uns tantos “movimentos” sem organização nem representação significativa e sem programa ou argumentário reconhecível, que se exprimem através do Facebook. Entre eles, porventura os mais intervenientes, o movimento “Vem pra Rua”, o O grupo “Revoltados On Line” e o Movimento Brasil Livre (MBL)”.

O movimento “Vem pra Rua” foi constituído em setembro de 2014, durante as eleições, tendo apoiado o candidato derrotado Aércio Neves e está identificado com o mundo empresarial e financeiro. Na convocatória para uma manifestação, lia-se este “forte” argumento: "Motivos para o dia 15/03 não faltam. Seja qual for o seu, vem pra rua”.

O grupo “Revoltados On Line” conta com a coordenação de cerca de 20 pessoas e foi formado pelas redes sociais. Dizem-se contrários à corrupção e pedem o “impeachment” (cessação de mandato) de Dilma Rousseff. O seu fundador afirmou: “Dilma Rousseff odeia o Brasil, é uma terrorista que infelizmente está no poder nesse país”. Já foram defensores de um golpe militar, mas retiraram esta reivindicação, assim como referências religiosas, por razões táticas.

O “Movimento Brasil Livre (MBL)”, com maior dimensão, é formado por liberais e conservadores, e defende a privatização de serviços básicos como a educação e a saúde e a diminuição da intervenção do Estado na sociedade. Está directa ou indirectamente associado a interesses de grandes grupos empresariais brasileiros e meios de comunicação e associado a outros think thanks internacionais.

Em todo o caso, as expressivas manifestações recentemente realizadas, revelam mais do que estes movimentos “apartidários” representam. Independentemente destas movimentações mais ou menos dispersas e corpusculares, e porventura de movimentações altamente organizadas a nível nacional e internacional, apostadas na desestabilização política do Brasil e da região, os protestos encontram em largas camadas da população brasileira, sentimentos de descontentamento que importa compreender. 

A isso iremos noutra oportunidade.

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