Os resultados das eleições desta terça-feira, 17 de Março, em Israel, que apontam para 29 deputados do Likud contra 24 da União Sionista, vêm confirmar um fenómeno bastante generalizado nos processos eleitorais, nos países de democracia formal: a tendência para o empate.
Aparentemente, esta tendência para o empate revela que os países tendem a formar duas correntes dominantes de opinião que se equivalem numericamente, o que parece não ter explicação lógica até porque é suposto haver uma maioria desfavorecida em relação de oposição a uma minoria privilegiada.
Mas será que esse problema directamente económico é o que domina as preocupações dos cidadãos? Mais parece que os eleitores colocam acima de tudo os valores da segurança e da estabilidade, o que os torna conservadores. E isso explica o “centrão”, isto é, o domínio do grande espaço político por parte de dois partidos mais ou menos conservadores.
Dois partidos e não um, porquê? Porque os eleitores sentem necessidade de alternância enquanto ilusão de alternativa, que dê justificação ao acto de votar e que dê esperança de melhoria da sua situação, sem riscos. É a lógica do investidor prudente.
Porém, quando a prudência nos deixa para trás na corrida geral, ela deixa de ser vista como um um valor e passa a ser percebida como um estorvo - a "zona de conforto" foi atacada e o homem-prudente evolui para o homem-justo. Estamos no limiar da revolta que sacode o medo e estimula o apoio a partidos mais exigentes, mais consequentes nas suas propostas de mudança. Percebemos finalmente que o nosso descontentamento só está representado nas margens do espectro político.
O sucesso eleitoral do SYRISA, na Grécia, é um caso paradigmático dos efeitos relevantes desta mudança de atitude dos eleitores. Neste caso, as águas que corriam nas margens, foram canalizadas para o centro de decisão. Uma pedrada no charco. Um processo em curso.
Este texto foi revisto em termos formais em 21/Mar.
1 comentário:
O resultado definitivo foi de 30 contra 24 lugares no parlamento.
Na véspera de ganhar as eleições, Netanyahu declarou-se contrário à existência de um Estado palestiniano. Mas há coisas que se dizem nas vésperas de eleições...
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