À hora a que escrevo este texto, o primeiro-ministro português, republicano, oferece um jantar de boas-vindas aos monárquicos reis de Espanha. A diferença ideológica entre um e outros é tão irrelevante para o convívio político, quanto a ementa.
Como já se viu, a população está mais interessada (exclusivamente interessada?) na beleza do casal Filipe e Letícia e nos seus sorrisos do que nas suas ideias. E não é uma simples questão de “alienação de massas”, é porque eles são a representação viva de um mito alimentado ao longo de milénios: de que os reis e raínhas são deuses humanos.
Mas esta relativização da importância das ideias em relação ao fascínio das pessoas em si mesmas, está presente em circunstâncias mais comuns. Ela pesa também nos critérios com que os cidadãos elegem os seus “ídolos” políticos.
Será que elegemos com o coração?
Foi impróprio mas não foi destituído de verdade o que disse Jerónimo de Sousa acerca da primeira volta das eleições presidenciais: que o Partido Comunista teria melhores resultados se tivesse “arranjado uma candidata mais engraçadinha”. Referia-se à candidata Marisa Matias do Bloco de Esquerda. Mas o fenómeno Mariana Mortágua, do mesmo partido e por maioria de razão, é outro exemplo indisfarçável, embora involuntário, deste efeito de sedução na política.
Bom proveito, magestades! Bom proveito, Portugal!
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