Aviso prévio: “televisão” não é televisor; é do fenómeno e não do equipamento que aqui se trata. É da produção, realização, emissão e recepção.
Quando muito atrever-me-hei a ultrapassar estes limites para fazer comentários sociológicos aos conteúdos.
Não terei preocupações com a sistematização ou estruturação dos assuntos. Muito menos serei exaustivo no tratamento de cada assunto. Deixo isso para os compêndios.
Não há que estranhar, portanto, que traga aqui a questão da Cenografia, isto é, uma questão sobre cenografia em televisão.
Observe-se o cenário antigo do programa "Governo Sombra"
Que diferença faz neste cenário que o programa seja de humor ou de debate político ou desportivo? Nenhuma. Trata-se de uma sala discutivelmente bonitinha que melhor serviria para bar ou escritório moderno. Retirando a mesa serviria até para exibição musical. Para o programa em causa é que não faz qualquer sentido.
Heis senão quando… somos surpreendidos com um “novo” cenário!
Agora é criada, entre a mesa e a parede, uma bancada com gente… Que gente e o que faz ali, não interessa. Alguém achou que os comentadores do programa não tinham interesse e acrescentou-se um novo elemento de animação: um público indiferenciado e adormecido, umas vezes só pernas e outras vezes cabeças a espreitar para o espelho (o monitor onde vêem… a emissão).
Uma vez mais a imaginação não deu para mais do que copiar as manhãs da treta, de todos os canais nacionais e estrangeiros, iguaizinhos na sua parvulez.
Pensava eu que um governo-sombra se reunisse numa cave esconça – e porque não numa caverna, numa gruta? – com um ou dois pontos de luz discretos ao fundo, e uns caixotes toscos cheios de papeis e livros e algumas garrafas vazias. E, em vez daqueles “candeeiros” de filtro cinematográfico, uma sugestão de candeeiros a petróleo ou de velas ou de tochas…
Para falar a verdade toda, eu preferia mesmo uma espécie de cave abandonada, do tipo "occupied house". Mas algum trabalho terei que deixar para o cenografista da TVI24 (com os meus cumprimentos).
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