Perante uma tragédia em que morrem 64 pessoas, se contam centenas
de feridos e muitas propriedades são devastadas pelo fogo, o que menos domina as
preocupações das vítimas sobreviventes é confirmar com rigor científico se o
fogo foi desencadeado por um raio, por um cigarro ou por um incendiário motivado por doença ou
por dinheiro. Como se sabe da longa história dos incêndios florestais, tais
averiguações não trazem nenhuma melhoria às populações.
De resto, sobre as causas e eventuais causadores, foi
desencadeado um inquérito pela Procuradoria Geral da República logo que houve
notícia das ocorrências.
Talvez seja por estas razões que o PCP e o BE desvalorizam a
iniciativa do PSD no sentido de criar uma comissão técnica independente para
esse fim.
Mas, ao contrário dos termos em que aquela pretensão de
Passos Coelho foi noticiada inicialmente,
encontramos um alcance mais amplo; trata-se de apurar “as causas e circunstâncias diversas que estiveram
na origem da tragédia ocorrida no sábado em Pedrógão Grande”. Não se trata
apenas, portanto, da origem do incêndio mas sim da origem da tragédia e das
respectivas circunstâncias.
Sendo evidente e confirmado que o Governo já havia tomado
essa iniciativa, o que a Direita vem agora pretender é que essas diligências
sejam feitas através duma comissão, isto é, sem a coordenação do Governo.
Se tivermos em conta que António Costa fez públicas as
perguntas que dirigiu às autoridades
competentes e as respostas que já obteve, mais ociosa parece ser a criação da
tal comissão. Pior que isso, do que sabemos como funcionam as comissões, o que
parece é que as diligências expeditas do primeiro-ministro serão travadas por
uma entidade burocrática e politizada – já se adivinham as discussões sobre a composição
partidária da querida comissão…
Vem Conceição Cristas (CDS) espantar-se por o Governo fazer perguntas, vem Luís Montenegro (PSD) apelar a uma investigação “de forma célere” - «devemos em conferência de
líderes, com carácter de urgência, acertar a composição, o funcionamento e os
fins, da Comissão Técnica Independente que agora propomos" – e a gente tem
que os levar a sério… e não politizar!!!
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