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A menos que se trate de linguagem metafórica mas «está-se mesmo a ver» que não é o caso. Neste sentido, ver é perceber, como se... percebe. Portanto, amigos jornalistas, antes de entrarem nas nossas casas, «vejam se» limpam a gramática à porta «visto que» a não limparam na escola nem na universidade. Porque, «como vêem» neste pedaço de literatura, não lhes falta onde gastar o verbo sem dizer disparates – os que os dizem e só esses, claro, mas são muitos e muito persistentes.
Também há quem refira buscas nos escombros para encontrar «sobreviventes ainda com vida». Notícia seria encontrar sobreviventes mortos, isso é que era! Mas desde a ressureição de Jesus Cristo que não temos esse privilégio.
Como os preços dos bens de consumo estão a aumentar (e aumentar não é o mesmo que subir!) parece-me igualmente oportuno prevenir para outra ocorrência literária iminente: quando derem por isso e tiverem a coragem de denunciar que se trata de uma forma furtiva (duplamente furtiva) de reduzir o valor dos salários, não digam que a gasolina aumentou, que o pão aumentou, que o café aumentou – até porque é provável que tudo isto venha a diminuir. Digam sim que «o preço» da gasolina, do pão, do café, aumentou.
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Por falar em desemprego, não digam também «cu» desemprego está a aumentar. Guardem o dito para onde fôr chamado.
Nem comam as últimas sílabas das palavras porque uma coisa é o Papa e outra é o pá, o gajo, o bacano. Tanto stress verbal pode dar a impressão de que são pessoas importantes, sem tempo a perder. Mas perder a dignidade... profissional não é risco que se «corra».
Estou certo que os jornalistas competentes compreenderão o objectivo que «tenho em vista» e, mais que isso, comungarão do mesmo «ponto de vista».
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