21.5.11

A importância do protesto

Era noite em Angola, no Cuango. Ou foi na Cabaca? No isolado destacamento apareceram vultos agitados; no silêncio da floresta que nos rodeava, rompiam vozes atormentadas – era um pelotão que regressava de uma operação no mato e trazia um morto e vários feridos. Eles e nós, os que tinhamos ficado no aquartelamento, tentávamos organizar o socorro, acorrer aos mais necessitados. A certa altura o médico, alferes-miliciano, alertou para darmos atenção aos que não gritavam nem gemiam de dor. Afinal, era entre esses que estavam os doentes mais graves – os que nem força tinham para falar.

Por isso, quando vejo as manifestações que decorrem no Médio-Oriente e no Magreb, penso naqueles e naquelas que na mesma região se sentem impotentes para protestar, e quando assisto ás grandes concentrações em Madrid, penso em Cuba onde a repressão contra os direitos mais elementares dos cidadãos continua diariamente.

Ganha pois uma dupla importância o grito dos que têm capacidade para fazê-lo: exprimem as suas dores e chamam a atenção para as dores daqueles que nem gemer podem.

2 comentários:

MM - Lisboa disse...

Que estes blogs também sirvam para levar ao conhecimento de todos os que os lêem os gritos dos que não têm liberdade de expressão!

O Puma disse...

A luta continua

cá dentro