13.8.14

Joaquim Namorado



Estava eu com os meus pais a passar férias na aldeia de Murtede, de onde o meu pai era natural, quando me apercebi que havia qualquer coisa a acontecer na Casa do Povo. Mais para conhecer a casa onde nunca tinha entrado, do que para ver o que se passava dentro e em relação ao qual não tinha quaisquer expectativas, entrei.

O que eu presenciei era de todo inusitado. Naquela terra onde eu pensava que as pessoas apenas se interessavam pela agricultura, por leitão e chanfana, e por bicicletas, uma sala cheia de gente atenta, interessada, ouvia o poeta Joaquim Namorado que ainda hoje não sei porque foi ali parar.

Eu sei que quase ninguém conhece o Joaquim Namorado, mas para mim era um mito. De tal modo que tinha decorado o seu poema "Port Wine" que conheci pela voz de Mário Viegas, e que termina assim:

O rio Douro é um rio de sangue
por onde o sangue do meu povo corre.
Meu povo, liberta-te, liberta-te.
Liberta-te, meu povo. Ou morre!


Mais tarde tive o prazer de inserir este seu poema num documentário que fiz para a RTP sobre a poesia de resistência à ditadura salazarista: eu chamei ao documentário "Versos e Reversos".

NOTA PARA EVITAR CONFUSÕES:
Alguém alheio ao programa mas com poder burocrático para o efeito, resolveu abusivamente registá-lo e anunciá-lo com o nome "Palavras de Abril" mas este título é tão obvio que reaparece noutras iniciativas tal como aconteceu nas comemorações recentes dos 40 anos.

Mas agora o que me importa é divulgar a exposição a que se refere o folheto acima.

1 comentário:

antónio m p disse...

Foi um dos iniciadores e teóricos do movimento neo-realista em Portugal e colaborou nas revistas Seara Nova, Vértice, Sol Nascente, entre outras.
Nasceu em 1914 - há cem anos, portanto.