23.8.14

Porque hoje é domingo (51)

Alguém sabe quem foi esse a que chamam Jesus? Entre a visão, digo as visões religiosas, e as pesquisas históricas, perde-se num manto de espesso nevoeiro a figura desse profeta que se dizia filho de Deus e, ao contrário de outros concorrentes, continua a fazer grande sucesso.

Quem diz o povo que eu sou? - perguntou Jesus aos discípulos, segundo Lucas (9,18-24). Dois milénios depois, continuamos à procura da resposta.


'Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou...' – terão respondido aqueles que seguiam o Mestre.

´E vós, quem dizeis que eu sou?'- continuou ele. Ao que Pedro terá respondido que Jesus era “o Cristo de Deus”.

Logo aqui se apresenta uma curiosidade: Jesus era o nome; Cristo era a identidade, o título, digamos assim - é a designação grega do termo hebraico que significa “ungido” ou “messias”, em função dos mecanismos de tradução. De notar que a designação “Cristo” atribuída a Jesus é aceite apenas por uma parte dos judeus.

Os estudiosos da História não se satisfazem com as respostas dadas pelos discípulos. A ideia de que um homem seja filho de uma virgem, já não é razoável, mas que seja filho de Deus, ele próprio Deus no domínio da “Santíssima Trindade”, é demasiado fumo para os olhos dos historiadores.

Para ver claro, eles vasculharam e continuam a vasculhar os sinais da época, do local e das culturas contemporâneas de Jesus, sinais rigorosos ou razoáveis da sua vida, limpos da poeira que a religião foi derramando sobre ele. Além de algumas futilidades como a de não lavar as mãos antes das refeições (Marcos 7:1-23, Mateus 15:1-20) e muitas fantasias destinadas a engrandecer o seu prestígio, isto é, o prestígio do cristianismo, o que se sabe mesmo é decepcionante.

No ocurre con Cristo como con Augusto (na imagem) o con otros grandes "en la carne", de los que tenemos las fechas exactas del nacimiento y muerte, retratos en estatua y fiel narración de sus hazañas en el mármol. 

Nada sabemos de la figura terrestre de Jesús ni por la Escritura, que El mismo ha inspirado, ni por las estatuas o reliquias. Hasta su vida terrena, todavía no glorificada y envuelta en la debilidad de la carne, es ya un misterio; está ya completamente en el ámbito del Pneuma" (Hugo Rahner, Die Theologie des Lebens Jesu, en "Theologie der Zeit", 1938, II serie, 80; más tarde publicado en H. Rahner, Theologie der Verkundigung, 1939, pág. 98, citado por Joseph Ratzinger ).

Alguns defendem que Jesus foi membro do grupo do norte da Palestina, os Essénios, que se concentrava ao redor do Monte Carmelo, como de resto o tinha sido seu primo João Baptista. Curiosamente, o Papa emérito Bento XVI, actualmente em silêncio no Vaticano e já atrás citado, estabeleceu em 2007 uma relação entre Jesus e os Essénios. 

“Com jeito”, Joseph Ratzinger ainda nos vai surpreender com versões originais sobre a vida de Jesus, antes de deixar definitivamente o Vaticano.

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