27.8.14

Avante com a festa

Nascido como eu a 15 de Fevereiro (passe a ironia) mas de 1931, o jornal Avante tem a sua festa no fim do período normal de férias, seja porque nessa altura as instituições políticas retomam o seu funcionamento regular, seja porque essa é a mais favorável à construção da Festa e à adesão de visitantes.

A festa deste ano como acontece todos os anos, naturalmente, reflectirá nas participações artísticas e nas representações internacionais, nomeadamente, a capacidade financeira, a dimensão do prestígio e as simpatias internacionais do PCP.

De resto, é a revisitação da História, a actualidade política e os tradicionais pavilhões literários, artísticos e culturais, bem como as gastronomias regionais. Uma pluralidade de ofertas de géneros para uma pluralidade de públicos: desde os mais políticos aos mais apolíticos, dos mais degustativos aos mais festivaleiros.

Se não é possível conhecer a história da ditadura em Portugal, sem conhecer a história de resistência do PCP, o mesmo se pode dizer da importância do jornal Avante, órgão central do PCP, enquanto veículo de divulgação clandestina das verdades proibidas pelo fascismo português.

Quanto à festa em si, ela não só expressa os sentimentos e as lutas dos militantes do PCP como tem sido objecto, em si mesma, do combate partidário anticomunista, através de formas administrativas de boicote à realização do evento por parte dos governos. A interdição de usar espaços para a Festa, sob diversos pretextos, obrigou o Partido Comunista a uma aventura inimaginável: comprar um terreno próprio para a realização da Festa. E assim o conseguiu, no Seixal, através de uma campanha impensável de recolha de fundos.

Enquanto o combate político em Portugal não se fizer com bombardeamentos, vai ser difícil a certas forças políticas obrigarem novamente os comunistas do PCP a carregar a festa às costas. E ainda bem – no interesse destes, é certo, mas com benefício para todos.

CURIOSIDADE:
como assinavam os doadores no tempo da ditadura:

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