Notícia de 2008-10-12 (JN)
Estima-se que em 12 e 13 de Maio 2007, o número de pessoas que se deslocaram ao Santuário tenha atingido o meio milhão !
Digo eu:
Quer caminhem para o Santuário de Fátima ou para qualquer outro, as multidões, as massas, são convocadas por um mito salvador da Humanidade, é certo, mas são sempre movidas por sentimentos íntimos; respondem a uma mobilização colectiva, é certo, mas motivadas por razões subjectivas - na melhor das hipóteses, por convicções pessoais, mas em última análise, por egoismo. Juntam-se para lutar contra um inimigo comum, é certo, mas não é por ser comum, é por ser o "seu" inimigo.
O encontro colectivo proporciona as condições materiais e o pretexto, um clima favorável e o simbolismo justificativo. Mas creio que é nas profundezas psicológicas, nas cavernas secretas da mente que se encontram as motivações de tamanha exaltação.
Depois, há a festa, a celebração da comunhão, da solidariedade, mas que responde sobretudo ao humano sentimento de insegurança que busca, na pertença, protecção e afecto.
Irei longe demais se acrescentar que muitos namoros começam assim, nestes rituais? Já Ovídeo, na Arte de Amar, aconselhava a que se procurassem os espaços povoados... Mas voltemos ao discurso “correcto”!
O papel das grandes concentrações de massas em celebrações políticas ou religiosas é de amplificar o grito individual, por um lado, e legitimá-lo. Um grito que não raras vezes se esgota em si mesmo.
Isto para o comum dos participantes, para as massas. Para os promotores é sobretudo espaço de afirmação da sua autoridade moral ou política, e da sua força. A relação que uns estabelecem com os outros é de confiança na direcção ideológica e organizativa.
Em nada disto vejo a mão de Deus nem a mão do Diabo; vejo a lógica das massas. E nem tenho a certeza.
1 comentário:
concordo, a motívação é íntima e egoísta, mas será mais íntima e egoísta que a motivação de qualquer outra manifestação de massas? Não haverá sempre um interesse egoísta que nos move?
bjos
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