13.9.09

Voto em consciência


A escolha é entre mim e Ferreira Leite - diz e repete José Sócrates para desvalorizar a votação nos outros partidos. Será que tem razão? Aparentemente, sim; realmente , não.

Havendo certamente diferenças entre o PSD e o PS, quer pela sua base de apoio, quer pela sua história, é difícil distinguir entre os seus projectos de governação para os próximos anos. Exactamente porque eles são filhos destas figuras, mais do que o são dos partidos que os suportam. Nestes partidos a política real é decidida pelos “líderes” que se assumem como tal.

Sendo irrelevantes e de difícil valoração as diferenças entre a liderança de Sócrates e a de Ferreira Leite, é manifesto que aquele tem necessidade do sofisma que repete. Sofisma porque, sendo verdade que um daqueles será eleito, não é verdade que o voto neles seja útil como a afirmação sugere. O que será útil é manifestar contra ambos um voto da consciência e uma indicação do sentido que o eleitor quer que seja dado à política. Votar em Sócrates, é dar-lhe apoio para prosseguir o favorecimento do lucro contra o salário e do privado contra o público, os ataques contra os professores e outros sectores sociais, os negócios opacos e os investimentos ruinosos… Votar em Ferreira Leite é apoiar a mesma estratégia política com outros protagonistas. Votar no PCP ou no BE é exigir uma ruptura corajosa com a oligarquia partidária. Uma oligarquia dependente e servil perante os países mais ricos como se daí viesse a defesa dos nossos interesses e não dos deles.


Não lhes ficava mal aprender, nesta matéria, com os nossos parceiros da América Latina - prosseguir uma estratégia de independência face à invasão política de que somos vítimas pelos países ricos. Independência que não quer dizer isolamento mas soberania nacional. Com “atitude”!

(Quanto ao facto de eu votar em branco, isso contempla outra questão. É que há no dia 27 mais do que a escolha de deputados e, por consequência, de governantes. Há também um juízo sobre o partido em que se vota. O que conta para quem não é demasiado pragmático nem quer ser).

1 comentário:

jrd disse...

O voto tem a cor com que o pintamos.