3.7.12

México instável

As eleições no México, a 1 de Julho de 2012, destinaram-se a designar novos deputados e senadores mas também um novo presidente e, com ele, um novo governo. É o fim do mandato de Felipe Calderón que cessará funções em Dezembro.

Dos seis anos de mandato, diz-se que Calderón deixa uma estabilidade macroeconómica razoável, embora um dos crescimentos mais baixos da América Latina. Mas também deixa mais 3,5 milhões de pobres que já se contam, assim, em 52 milhões - quase metade da população. E muitos corpos decapitados e esquartejados, encontrados em valas clandestinas - provavelmente relacionados com carteis de tráfico de drogas .

Em 2006, Calderón concorreu pelo PAN, Partido de Acção Nacional, que desta vez ficou em terceiro lugar com a candidata Josefina Vazquez Mota. Mas nem por isso a direita mexicana tem razões de queixa, visto que o vencedor declarado é Peña Nieto, do PRI, Partido Revolucionário Institucional, com 38,14% dos votos. E o PRI, segundo dizem os seus críticos, «é apenas um testa-de-ferro para o regresso aos tempos do autoritarismo que vigorou durante mais de 70 anos» (1929-2000).

A alternativa de esquerda para estas eleições, tal como aconteceu nas anteriores de 2006, era uma coligação em que predomina o Partido da Revolução Democrática, PRD, que tinha como candidato presidencial Andrés Manuel López Obrador. Ele chegou a estar filiado no PRI, mas saíu em 1989 para criar e presidir ao PRD.

O Partido da Revolução Democrática surgiu da fusão de vários partidos pequenos de esquerda, tais como Partido Comunista Mexicano (PCM), Partido Socialista Unificado de México (PSUM), Partido Mexicano Socialista (PMS) e Partido Mexicano dos Trabalhadores (PMT).

Agora, como nas eleições de 2006 em que o PRD perdeu por uma diferença ainda mais escassa, muitos apoiantes de Obrador protestaram contra fraudes e irregularidades no decorrer do processo eleitoral, e recusaram-se a aceitar os resultados. Ainda antes do dia das eleições, o candidato do PRI que viria a vencer, era acusado de comprar votos e de comprar o apoio dos meios de informação. E depois de proclamados os resultados, o próprio candidato de esquerda, López Obrador, afirmou publicamente que iria impugnar os resultados.

Enfim, em matéria de fraude, corrupção e tráfico de droga, o México vai dar uma trabalheira ao novo presidente. Mas sempre haverá quem diga que «as dificuldades devem encarar-se como oportunidades»! E o senhor Peña Nieto tem pinta de quem sabe aproveitá-las... Se lhe deixarem.

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