20.6.14

Sofismas, falácias e Passos Coelho

Quando um raciocínio falso aparenta ser verdadeiro pela forma lógica como é apresentado, trata-se de um sofisma ou de uma falácia. Sofisma, se é uma mentira intencional; falácia, se é um erro involuntário.

O Primeiro-Ministro toma-nos a todos por parvos quando diz:  "Só há uma de duas opções: ou gastamos menos ou mantemos os impostos demasiado elevados. Não há alternativa”. *

Num só raciocínio, Passos Coelho vai mais longe que Protágoras, o grande sofista da História.

Em primeiro lugar, porque não há só uma das duas opções, há também as duas ao mesmo tempo: gastar menos e manter impostos!

Em segundo lugar, porque “gastar menos” faz-se de muitas maneiras, desde as mais virtuosas (p.e., reduzir a corrupção) até às mais odiosas (p.e., despedir trabalhadores). E “manter impostos” também pode fazer-se de várias maneiras, entre elas, manter impostos sobre os lucros ou manter impostos sobre o trabalho – sendo que qualquer destas opções também pode ser praticada de muitas maneiras.

E, por falar em lógica...

Nem tudo o que é verosímil, é verdadeiro, e nem tudo o que é legal, é legítimo. Um governo que trai os portugueses, com uma orientação política contrária àquela com que de apresentou a eleições, não é legítimo.

* Excerto completo do texto citado:
“Sabendo que nos próximos anos precisamos de pagar estes juros [da dívida], onde se vai buscar o dinheiro para pagar educação, a saúde, os salários, a Segurança Social e por aí fora? Só há uma de duas opções: ou gastamos menos ou mantemos os impostos demasiado elevados. Não há alternativa. As pessoas têm de dizer o que querem”

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