As mãos sujas da Igreja
O Papa pediu perdão pelos casos de abuso sexual de crianças e adolescentes cometidos por padres e pediu “à Nossa Senhora” que ajude o clero na reparação de “tanta violência”.
Muito teria a Igreja que pedir perdão pela violência com que trata a Humanidade desde sempre, a quem acusa de estar contaminada desde o nascimento pelo que chama “pecado original”.
A Igreja tem vergonha do corpo humano. Para os cristãos, e não só, Deus criou as almas e o demónio criou os corpos que importa sacrificar até ao desespero para salvação do espírito. A Igreja humilha constantemente os seres humanos que considera pecadores por natureza – o seu deus lá saberá o que fez...
Em nome do combate à heresia, a Igreja Católica, quando pôde, promoveu falsos julgamentos, queimou “bruxas” e livros proibidos, torturou e matou. Não, a hierarquia católica não encobriu apenas entre 1975 e 2004 as denúncias para evitar o escândalo. Ela promove a violência desde sempre, antes do mais, na consciência dos crentes. É o papel das religiões em geral.
Para reparar os males futuros, a Igreja, que tem na sua história um cortejo interminável de vítimas, teria que deitar o fogo aos paramentos, libertar as suas bibliotecas secretas, devolver aos crentes a riqueza extorquida, libertar o seu imenso património, fechar as caixas das esmolas e as portas do Vaticano. Só assim poderia “lavar as mãos” - para usar a metáfora central da homilia de hoje (Mc 7,1-8.14-15.21-23).
Os poderes mais reaccionários deste mundo, porém, nunca lho perdoariam, de tal modo precisam do seu trabalho na repressão física ou psicológica dos povos. Para já não falar nas conveniências dos seus “bondosos” profissionais, a começar pelo próprio Papa.
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