“Ele até põe os surdos a ouvir e os mudos a falar" – disseram aqueles que assistiram ao milagre de Jesus (Marcos 7, 31-37). Em rigor, Jesus não pôs os surdos a ouvir e os mudos a falar; apenas terá posto um surdo a ouvir e um mudo a falar – o que não é pouco, reconheço, embora muito menos do que fazem os médicos.
Desta vez vou perfilhar a homilia da Igreja Católica tal como ela interpreta as palavras de Jesus. Sim, também acho importante denunciar a incapacidade mental para ouvir, essa surdez voluntária que nos inibe de compreender o pensamento dos outros, os sinais da Natureza e até outros, quem sabe.
Não levarão a mal que foque a minha homilia no domínio político, seja para criticar a surdez intelectual, seja para silenciar aquilo que se ouve, nomeadamente nos orgãos de informação (vulgo: Comunicação Social). E, tal como Jesus – passe a presunção! – aproveite um pretexto da actualidade.
O pretexto do dia é a notícia do The New York Times
segundo a qual «A Administração norte-americana reuniu secretamente com militares rebeldes da Venezuela no sentido de discutir planos de um golpe de Estado contra o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Sim, a Venezuela atravessa uma grave crise social, política e económica, que já levou à fuga de mais de dois milhões de venezuelanos para o estrangeiro, desde 2015. Sim, o regime e nomeadamente o presidente tem uma enorme responsabilidade nesta situação. Mas fica mal ao jornalismo audiovisual português emudecer sobre o assunto, ele que assim faz de nós surdos e mudos sobre a complexa realidade venezuelana.
1 comentário:
«Em reunião ocorrida em agosto de 2017, o presidente norte-americano, Donald Trump, teria pressionado funcionários do governo dos Estados Unidos a planejar uma invasão militar na Venezuela. A informação foi divulgada (em 04 de Julho) pela agência de notícias Associated Press (AP).»
https://www.brasildefato.com.br/2018/07/05/trump-pressionou-oficiais-dos-eua-para-planejar-invasao-a-venezuela-diz-agencia/
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