27.4.08

Políticas alternativas

Medeiros Ferreira diz: «se fosse um democrata norte-americano saberia muito bem em quem votar para não perder as presidenciais contra o republicano McCain... Por isso acho imensa graça aos apelos feitos à desistência de Hillary. O que vale é que a senhora é muito combativa...»

É um raciocínio inteligente e bem intencionado de quem se põe do lado dos “democratas”. Defende uma estratégia ganhadora, talvez.

Mas a minha dúvida é se vale a pena votar em Sócrates para travar o passo a um candidato do PSD. Ou se não será menos inútil votar finalmente contra ambos! Não sei se me faço entender...

26.4.08

25 Abril em Itália

1945 - Uma insurreição geral pelo movimento de resistência italiano termina a ocupação alemã de Itália.
2008 – Manifestação em Itália celebra o fim da ocupação.


Para o “Partito Rifondazione Comunista”, «nonostante quelli che vogliono abolire il 25 aprile,oggi è festa. E’ la gran festa d’aprile: la fine del mostro in camicia nera e bruna» ...

«Oggi sappiamo che il percorso compiuto dal 1945 in poi (e ancor prima, con l’opposizione al regime fascista), non rappresenta un cammino rettilineo verso sempre maggiori conquiste sociali e nuovi diritti, ma un itinerario contrastato e irto di difficoltà, come del resto dimostrano molti momenti di questo sessantennio repubblicano».

Para o leader do PD, Walter Veltroni, «il 25 aprile è una giornata di festa per tutti gli italiani, nella quale si ricorda il Paese che ha vissuto l'orrore della dittatura quando c'era l'oppressione reale della libertà».

Silvio Berlusconi, ha invece invitato a superare le divisioni e a considerare il 25 aprile la festa della pacificazione nazionale.

23.4.08

25 de Abril deles


A esta montagem gráfica (pessimista) junto apenas a recomendação de um blogue que floresce no silêncio dos herois sem ambições nem notoriedade, um dos milhões que não tiveram outro exílio que não fosse sonhar, nem invocam outra prisão que não fosse a sua vida toda! : http://cacimbo.blogspot.com/

A bota de Itália


As eleições em Itália, que deram a vitória à coligação dirigida por Berlusconi em Abril de 2008, deixaram praticamente o mundo estupefacto. A esquerda política mundial, pelo menos. E esta, antes de mais, lançou sobre “a esquerda” italiana a acusação de irresponsabilidade por não ter evitado a catástrofe, por não se ter juntado numa frente de oposição à direita e áquela direita em especial.

Como se as diferenças e os conflitos não fossem uma realidade afecta às próprias contingências eleitorais. Como se as questões eleitorais, elas mesmas, não fossem causa mas apenas efeito das próprias divergências.

Se não “houve” unidade é porque não “havia” unidade. A unidade ideológica e estratégica forjada na resistência antifascista e no projecto de um mundo novo, socialista e comunista, enfim, o que se mantinha dessa unidade começou a quebrar-se desde o lançamento do projecto eurocomunista surgido na década de 70 em Itália com Berlinguer, em França com Geroge Marchais, em Espanha com Santiago Carrillo.


No caso italiano, o facto de Berlinguer fazer uma coligação com a Democracia Cristã, de Aldo Moro, para fazer face à grave crise económica que assolava o país e à perigosa instabilidade política em que algumas forças estavam a preparar um golpe de Estado na Itália, esse "Compromisso Histórico", acentuou a polémica.

Forças de extrema-esquerda, nomeadamente, opõem-se com grande violência ao PCI. As Brigadas Vermelhas assassinam Aldo Moro. A "política de alianças" joga um papel crucial nas divisões das forças que se reclamam de esquerda e comunistas.

Por outro lado, o eurocomunismo era ele próprio efeito de outra realidade anterior, uma reacção defensiva em relação ao desprestígio do modelo socialista tradicional ou clássico.

Neste contexto, uns viram no eurocomunismo a resposta desejada à modernização do projecto comunista, a adaptação aos novos tempos, a salvação de um projecto em vias de extinção; outros viram uma atitude oportunista ou cobarde, o abandono e destruição do património de ideias e de lutas que caracterizaram sempre o Partido Comunista - a seu ver, os dirigentes comunistas capitulavam perante as dificuldades da luta que lhes era exigida pela História e pela matriz marxista-leninista em que se fundavam.

Em 1989, já sem Berlinguer que entretanto faleceu, o PCI é extinto. E em 1991 é criado um novo partido em sua substituição: o PDS (Partido Democrático de Esquerda) que posteriormente mudou novamente o nome, para DS (Democráticos de Esquerda).

Muitos dos que militavam anteriormente no PCI, porém, não aderiram ao novo partido. Criaram outros partidos. É o caso do Partito della Rifondazione Comunista (PRC, Partido da Refundação Comunista) e o Partito dei Comunisti Italiani (PdCI, Partido dos Comunistas Italianos). Estes dois, juntamente com Democratici di Sinistra (DS) e os Verdes viriam a integrar a Esquerda Arco-Íris que se propunha integrar o governo de Prodi a partir destas eleições. A coligação Arco-Íris (Sinistra Arcobaleno) veio a obter resultados insignificantes.

Se o PRC (Refundação Comunista) representava na sua origem, em 1991, a ala de esquerda dos dissidentes da DS, a sua adesão ao Arco-Íris suscitou descontentamentos da sua própria esquerda que se constituiu em novo partido em 2008, o Partido da Alternativa Comunista (Pd’AC) – mais um !

DS, PdCI e PRC, constituindo a esquerda Arco-Íris; PdAC, afirmando-se intransigente contra cedências; Sinistra Crítica e PCL formadas também à esquerda de Arco-Íris e ainda o PD de que fazem parte ex-pc’s de Veltroni juntamente com católicos de Prodi – aqui está a imensa esquerda... derrotada nas eleições de 2008!

Em suma: aqui está um imenso trabalho a realizar para que alguma desta esquerda fragmentada se reencontre num projecto e numa voz que sejam credíveis e mobilizadoras. Certos de que esse edifício partidário não nascerá de costas para o processo eleitoral como não pode vingar de costas para as classes que é suposto representar.


Como irá a esquerda italiana descalçar esta bota, só ela saberá.
Para já, os comunistas que integraram o Arco-Íris lembram que «I Comunisti sono fuori dal Parlamento, ma non dalla società» e os comunistas do PdAC apontam a imperiosa necessidade de... «construir um novo partido comunista ligado às lutas». . .

20.4.08

Menezes não brinca

"Eu penso que [Pacheco Pereira ] tinha chances de ganhar a junta da Marmeleira"

Filipe Menezes em entrevista à sic-notícias.

Ora, se pensam que ele estava a brincar, fiquem sabendo que a
Marmeleira é uma freguesia do concelho de Mortágua, distrito de Viseu. Tem 16,52 km² de área e pouco mais de 500 habitantes.


José Pacheco Pereira é um amigo da freguesia que menciona o seu nome entre as dezenas de pessoas a quem a biblioteca local se deve. Zita Seabra é outro desses nomes.

Ou julgam que Menezes brinca em serviço? Só se for em serviço...

14.4.08

A visão de Margarida


Para compensar o justo pessimismo que se reflecte no artigo anterior, transcrevo com a devida vénia, um recorte de um artigo de Margarida Carvalho, publicado na revista Visão sobre o documentário «Sicko», de Michael Moore.


... «O que pode haver de mais irónico do que ver os heróis do 11 de Setembro, rejeitados pelo sistema das seguradoras americano, a serem tratados gratuitamente pelos cubanos? E isto pode chamar-se provocação, mas não deixa de ter uma simbologia poderosa.

Muitos dos voluntários que se ofereceram para ir salvar pessoas no meio dos escombros do World Trade Center, desenvolveram graves problemas respiratórios. Michael Moore logo agarrou a extraordinária oportunidade mediática. Embarcou estes heróis enjeitados numa pequena frota e faz-se ao mar em direcção a Cuba, onde os problemas sociais e de liberdade são os sabidos, mas o serviço de saúde (universal e gratuito) está ao nível dos países desenvolvidos – aliás, para além de charutos, turismo e música, Cuba é um exportador de saúde.

Agora, Moore enfrenta um processo judicial por ter quebrado o embargo – nenhum cidadão americano pode viajar até Cuba sem autorização oficial».

Vale a pena LER TUDO!

6.4.08

A superioridade moral dos comentadores

Nas águas mornas do comentarismo televisivo ou nas águas quentes do irracionalismo comicial, pululam peixes graúdos e miúdos, e outra bicharada que tem a boca larga e uma fome grande. Não serão águas limpas mas são perfumadas, não serão águas claras mas são iluminadas, não serão águas puras mas são certificadas.

Ali medram, ali comem, ali matam qualquer bichinho magro e impertinente. Vivem de águas paradas, digo paralizantes, do conformismo mais ou menos mascarado.

Um dia cai a máscara e são... o que são!

Falta-lhes a coragem, o arrojo verdadeiro de que dão prova os rios. Basta-lhes a coragem de ficarem margens. Pacíficas, frondosas e sedentas margens, ao rio devem tudo o que as faz viver, mas para que não pareça, blasfemam contra ele, arremessam-lhe pedras. Não blasfemam, discursam; não arremessam, apenas depositam...

Sob o manto diáfano da independência, a nudez crua da subserviência. Da catedral do mágico poder às igrejas do rico capital, estende-se, laranja cor-de-rosa ou amarela, a passadeira que já viu passar os mais suados sapatos de verniz.

4.4.08

Luther King não morre

Em 1955 uma mulher negra tinha-se recusado a ceder o seu lugar sentado no autocarro a um passageiro branco, pelo que fora presa por violar a lei da segregação racial !!!

Os activistas negros formaram em Montgomery uma associação com o objectivo de boicotar o trânsito e escolheram Luther King para seu líder. O boicote durou 381 dias e em 1956, o Supremo Tribunal declarou inconstitucional a lei de segregação nos meios de transporte.


Entre 1960 e 1965, a influência de King atingiu o auge.

Em 1960 foi preso e o caso assumiu proporções nacionais.

I HAVE A DREAM

... Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais...


SEMENTES

Martin Luther King Jr. foi assassinado com um tiro na cabeça, no dia 4 de Abril de 1968.Mas o seu exemplo é imortal .