Onde outros/as vêem mapas e carros de combate, eu vejo cidades e pessoas, ruínas e cadáveres. Que hei-de fazer? Escrevo sobre o que vejo. Bearing Witness / Gerardo Okarian – Genocid,ca 1960Na Ossétia do Sul assenta a poeira sobre vinte mil cadáveres e oitenta mil refugiados. Chegam da Europa e da América os abutres, mas desta vez vão ter que grasnar baixinho mesmo que se ponham em bicos dos pés para a fotografia da Imprensa ocidental, porque o orgulho russo, esse, não morreu.
Quando a poeira assenta vislumbram-se sinais reveladores do papel que representa a NATO e a União Europeia no domínio da política internacional.
Situada na fronteira com a Rússia e com a Geórgia, «a Ossétia do Sul, cuja identidade histórica tem raízes remotas, pretendeu aceder à independência em 1992, após a desintegração da URSS, e de novo em 2006, após expressivo referendo, a qual todavia não foi reconhecida pelas instituições internacionais».
Na madrugada de 8 de Agosto de 2008 a Geórgia tentou reassumir o controlo daquela república separatista controlada pela Rússia que ripostou militarmente com envio de soldados russos. Estava desencadeado o conflito.
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Do Público:
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, criticou duramente Moscovo, acusando a Rússia de destruir infra-estruturas civis georgianas.
... numa entrevista à CBS, Condoleezza Rice disse que a Rússia se está a isolar. “Está a tornar-se cada vez mais uma fora-da-lei neste conflito”, disse Rice. “Eles tinham, e provavelmente ainda têm, a intenção de estrangular a Geórgia e a sua economia”, acrescentou.
... O ministro russo dos Negócios Estrangeiros disse numa conferência de imprensa que a resposta da NATO era dúbia, acusando a Aliança de se pôr ao lado do “regime criminoso” de Tbilissi.
... O conflito começou quando a Geórgia enviou o seu exército para a província da Ossétia do Sul, na madrugada de 7 para 8 de Agosto, provocando uma contra-ofensiva da Rússia.
As potências ocidentais condenaram a Rússia pela resposta despropositada, ao passo que Moscovo se apressou a indicar que é necessário proteger os cidadãos russos (cerca de 90 por cento dos habitantes da Ossétia do Sul têm passaporte russo) e os elementos de manutenção da paz russos naquele território, prevenindo a Geórgia de levar a cabo um “genocídio”.
visao.pt :
Moscovo reagiu, afirmando que tirará «as conclusões que se impõem». A declaração da NATO «não é objectiva e reflecte uma tomada de partido», declarou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov. O governante considerou que a posição da Aliança Atlântica «faz dos agressores vítimas». Moscovo não coopera com uma NATO que «protege os criminosos», referiu o representante da Rússia na Aliança Atlântica.
odiario.info (citando um comunicado do Conselho Português para a Paz e a Cooperação 2008-08-16) :
«Recorde-se que a Ossétia, cuja identidade histórica tem raízes remotas, pretendeu aceder à independência em 1992, após a desintegração da URSS, e de novo em 2006, após expressivo referendo, a qual todavia não foi reconhecida pelas instituições internacionais. Tal propósito ganhou novo fôlego quando, à revelia da lei internacional, mas com o apoio e reconhecimento dos EUA e da UE, o Kosovo declarou unilateralmente a independência contra a soberania Sérvia em Fevereiro de 2008.
...Segundo o comunicado datado de 11 de Agosto do Comité da Paz da Geórgia, a presente situação de guerra eclodiu quando «o exército georgiano, armado e treinado por instrutores americanos e utilizando armamento também americano, submeteu a uma bárbara destruição a cidade de Tskhinvali. Os bombardeamentos mataram civis, ossétios, irmãs e irmãos nossos, crianças, mulheres, idosos. Morreram mais de dois mil habitantes de Tskhinvali e dos arredores. Morreram igualmente centenas de civis de nacionalidade georgiana, tanto na zona do conflito, como por todo o território da Geórgia.» A reacção da força de estabilização internacional, sob a jurisdição da OSCE desde 1992, constituídas por ossetas, russos e georgianos, estacionadas na Ossétia do Sul, forçaram a retirada de tropas georgianas para além dos limites desses territórios, infligindo também danos materiais e baixas civis e militares para além deles».