7.9.08

Angola quer !


Dados os interesses políticos e económicos em jogo, e as fragilidades do regime, não é difícil encontrar pretextos para a contestação legítima da Oposição angolana. Outra coisa é saber qual será a estratégia que melhor serve os angolanos, neste contexto. E se a Oposição ganha mais em capitalizar créditos de vítima enquanto não espera ganhar estas eleições, ou alimentar uma desestabilização de que o partido no Poder tirará proveito como força de “reposição da ordem”. Tanto mais que em 2009 haverá eleição para a presidência.
Depois de um primeiro acto eleitoral realizado em 1992, só agora se assiste a um segundo. Concorrem a este, dez partidos e quatro coligações.

Por todo o país, o eleitorado está distribuído em 12. 274 assembleias de voto, com o total de 37.995 mesas, assistidas por 266.000 agentes eleitorais.
Em Luanda, onde são assinaladas irregularidades burocráticas, foram criadas 2.584 assembleias de voto.

O presidente da CNE anunciou, na sexta-feira, que as 320 Assembleias de voto onde foram registadas irregularidades, iriam funcionar a partir das 07h00 de Sábado para permitir que todos os eleitores de Luanda exercessem o seu direito cívico.

Segundo afirmou, esta excepção é possível porque a Lei Eleitoral assim o permite. "O Regulamento da Lei Eleitoral permite-nos realizar o acto num segundo dia de forma excepcional", afirmou Caetano de Sousa.

Há quem se questione sobre as garantias de que as urnas de voto não serão violadas; há quem se questione sobre se não houve intenção premeditada de criar os problemas que se registaram, visto que houve todo o tempo para preparar o acto eleitoral, mas há também quem se questione sobre se as irregularidades, pelo caracter burocrático e pelo número limitado onde ocorreram, deverão pôr em causa umas eleições cuja realização, por si só, representam um passo importante na evolução democrática e sobretudo representam um estímulo à confiança dos angolanos nas possibilidades da paz e da democracia.
Uma coisa ficou demonstrada neste processo eleitoral: que o povo merece, que Angola quer !

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