No imaginário dos cidadãos, Obama vale mais por aquilo que representa do que por aquilo que é.
Ele representa um desejo de ruptura com um modelo de sociedade que exalta o sucesso dos ricos e poderosos e que despreza os desafortunados; que sobrepõe os interesses egoístas e os métodos cruéis de uma super-potência, aos direitos legítimos de outros povos preservarem a sua soberania, escolherem as suas políticas, prosseguirem o seu desenvolvimento. Isto é, Obama representa a ruptura com um modelo que oferece os ombros aos privilegiados e o peso das botas aos expoliados do sistema.
Falo por metáforas, em parte, mas não seria mais benevolente falar com os factos. Falo de desejos, é certo, mas é esse desejo colectivo que pode criar os símbolos, a direcção e a força que opera as mudanças.
Obama é, ele próprio, uma criação do imaginário negro e do imaginário popular, das camadas mais livres, evoluídas e generosas. Obama transcende Obama.
Sabemos que além de Obama, há... o outro. E isso remete para a questão de saber se o eleitorado que elegeu Bush por duas vezes ( ! ) muda de cabeça com tanta facilidade quanto a História exige. Dizem as notícias que «A um mês das eleições, marcadas para 4 de Novembro, as sondagens revelam que o eleitorado confia mais em Obama que (no outro) para erguer a economia norte-americana».
Outra questão é saber – passe a ironia – se a vitória, nesta conjuntura económica, não será um presente envenenado para o partido vencedor. O que se pode esperar, no caso do Partido Democrata vencer, é que o veneno não seja mortal.
Ele há até quem diga que alguns venenos curam.
2 comentários:
Com todas as trambiquices que possam sair destas eleições, continuo a achar que Obama será sempre a melhor aposta, e pelo menos é capaz de acabar um bocado o reinado do alucinado e maquiavélico Bush...vamos ver...
abraço
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: Nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais."
...O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons."
Porque me ocorreu neste momento Martin Luther King?
Ele morreu porque... e quem o matou? Será que Obama tem o caminho livre para chegar, agora ou mais tarde aonde quer e aos seus ideais?
Um abraço ;)
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