«... Todos estamos de acordo em que há dois problemas fundamentais, sem cuja solução não poderá haver paz social, sejam quais forem as aparências. O primeiro é que os frutos do trabalho comum devem ser divididos com equidade e justiça social entre os membros da comunidade, quer no ponto de vista dos indivíduos quer no dos sectores sociais».
(...)
«O segundo é que, seja qual for o conforto ou riqueza que se atribuam a um indivíduo ou a uma classe, nunca eles estarão satisfeitos enquanto não experimentarem que são colaboradores efectivos, que têm a sua justa quota-parte na condução da vida colectiva, isto é, que são sujeito e não objecto da vida económica, social e política».
(...)
«Nestes termos e pedindo me releve a recta intenção em tudo quanto possa ter magoado V. Exa e reiterando a expressão da minha muita consideração pessoal, fico aguardando ordens de V. Exa e subscrevo-me
De V. Exa
Venerando e muito obrigado
a) António, Bispo do Porto
13 de Julho de 1958
(Fim de citação)
Sendo eu António e do Porto, não sou o autor deste texto como acima ficou esclarecido - extraí-o da carta histórica que deu origem ao exílio de António Ferreira Gomes (na foto).
Tampouco pretendo fazer comparações de personagens ou de contexto senão naquilo que este excerto denuncia: a vocação dos dirigentes políticos para abusarem do poder que supostamente pertence ao povo.
Até para que os mais distraídos compreendam o sentido de uma greve geral.
4 comentários:
Boa malha
Obrigado pela visita! Os dois parágrafos da Carta resumem a concepção de justiça do Bispo do Porto! Excelente! :)
Bom. Muito bom o seu blogue. Parabéns pelos textos, pelas críticas. Bem precisamos de algumas cabeças pensantes que contrariem a maré.
Obrigada também por ter passado pelo meu blogue. Não sei se lhe merecia a visita (ou se mereço alguma). Foi bom um ar do Porto (da minha terra) no meu cantinho virtual de além-mar.
Respeitosamente. Abraços de “ali longe”
Alguém dizia que "o longe é aqui". Mas deixou a cada um o cuidado de definir o "aqui". É sempre assim; nunca alguém nos resolve os problemas até ao fim. Fica sempre alguma coisa para nós próprios resolvermos (ou não.
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