Em Portugal, a Direita, questionada pela sua própria base de apoio a quem chega de forma cada vez mais violenta a onda do empobrecimento, desmascarada a incompetência dos seus dirigentes, confrontada com a evidência de que a alternativa está na Esquerda, assustada com a eminência de lutas populares incontornáveis e porventura incontroláveis, pressionada pelos próprios quadros partidários não envolvidos no Governo e por um CDS receoso de perdê-lo, terá que encontrar uma estratégia para continuar no Poder, e essa estratégia não vai ser uma mudança de política.
Como de costume, “para que tudo fique na mesma” o que se vislumbra é uma remodelação do Governo, digo da composição do Governo. A preparar esta medida no inconsciente colectivo, vão fazendo o seu trabalho de comentadores, prestigiados membros da família política ameaçada.
Para que a remodelação tenha o impacto “necessário”, terão que sair Miguel Relvas, Victor Gaspar e Álvaro Santos Pereira, com razões “convenientes” para os dois primeiros e sem necessidade de explicação para o terceiro. Outra cosmética que ficará muito bem é a repartição do Ministério de Assunção Cristas por dois ou três, porventura todos do CDS para aliviar as suas insatisfações.
Quanto à oportunidade da remodelação, é fácil de prever que seja na véspera de uma grande iniciativa popular de protesto – manifestação ou greve geral.
Não admira que o PS seja publicamente convidado a integrar o “novo” executivo; o que seria de pasmar era que o Partido Socialista aceitasse afundar-se a curto prazo neste barco furado – a tanto não há-de chegar o seu “sentido de responsabilidade” que tão mal sai, também ele, deste desastre.
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