A ideia de que o desenvolvimento económico é o objectivo
final das sociedades, ganhou uma força avassaladora com a crise financeira
desencadeada a partir de 2008.
Esta ideia é um sub-produto cultural que germina no esterco
da especulação e da corrupção, para justificar teoricamente os crimes
económicos e sociais do capitalismo. É a forma de encurralar a crítica e a
revolta, nos muros de uma construção ideológica segundo a qual a saída para a
crise é a recusa do bem-estar social, em benefício do bem-estar empresarial –
lucrar à custa do empobrecimento geral. É a desforra do lucro contra o
progresso social dos povos no século XX.
Nas universidades e nas livrarias, nos jornais e nos discursos, os temas económicos absorvem o pensamento dos cidadãos para os convencer que a Economia é o fim, o
objectivo, e não um instrumento para satisfazer as necessidades dos povos. Já
não se trata de criar felicidade mas sim de criar riqueza, já não é o orçamento
para servir o homem, é o homem para servir o orçamento – é o reino da
imoralidade.
Acontece porém que a criação de riqueza só compensa os
“empreendedores” e os investidores, na
medida em que encontrem consumidores. Mais acontece que o desenvolvimento
económico se confronta com a concorrência de outros actores que fazem o mesmo
jogo.
Ora o empobrecimento, e sobretudo o empobrecimento global, joga contra o consumo de que vive o “empreendedor”, e a concorrência global joga contra a oportunidade do investidor – são muitos os corredores mas só haverá um reduzido grupo de vencedores, o grupo do costume que no contexto actual tem sede na Alemanha, nos EUA ou na China, a nível internacional, e tem nomes sobejamente conhecidos a nível nacional... (*)
Entretanto, quem tem poder para gerar falências e desemprego generalizadas e derrubar o sistema, enfim, também tem poder para reerguê-lo, isto é, para refundá-lo; neste processo de destruição controlada que arrasa as camadas mais desfavorecidas mas favorece os privilegiados, são poupados os alicerces para facilitar a construção do novo edifício a partir das ruínas.
Assiste-se então, com alívio e assombro das populações, a um “milagre económico”, ao florescimento de um mundo “novo” cuja arquitectura copia, na verdade, o paradigma social dos princípios do século XX, isto é, uma sociedade pobre e sem direitos ao serviço de uma elite rica e sem obrigações.
*
"A fortuna dos 870 multimilionários portugueses aumentou 10 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros), apesar da crise económica que assola o país". (Ver mais no Público de 7NOV2013)
Ora o empobrecimento, e sobretudo o empobrecimento global, joga contra o consumo de que vive o “empreendedor”, e a concorrência global joga contra a oportunidade do investidor – são muitos os corredores mas só haverá um reduzido grupo de vencedores, o grupo do costume que no contexto actual tem sede na Alemanha, nos EUA ou na China, a nível internacional, e tem nomes sobejamente conhecidos a nível nacional... (*)
Entretanto, quem tem poder para gerar falências e desemprego generalizadas e derrubar o sistema, enfim, também tem poder para reerguê-lo, isto é, para refundá-lo; neste processo de destruição controlada que arrasa as camadas mais desfavorecidas mas favorece os privilegiados, são poupados os alicerces para facilitar a construção do novo edifício a partir das ruínas.
Assiste-se então, com alívio e assombro das populações, a um “milagre económico”, ao florescimento de um mundo “novo” cuja arquitectura copia, na verdade, o paradigma social dos princípios do século XX, isto é, uma sociedade pobre e sem direitos ao serviço de uma elite rica e sem obrigações.
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1 comentário:
Vale muito a pena ver a entrevista de Paes Mamede em
http://video.pt.msn.com/watch/video/politica-mesmo-15-jan-14/295h2gtze?from=
onde aborda também este tema na perspectica do economista, cerca dos 40 min.s
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