Muito se tem dito sobre o risco de o Brasil não estar preparado a tempo para a fase final do Campeonato do Mundo de Futebol que está previsto decorrer em doze cidades, no próximo Verão. A confirmar-se este vaticínio, seria um desastre para o prestígio do país e uma tragédia para o seu governo.
Face às manifestações contra o evento, em nome de investir na eliminação da pobreza os custos associados à realização do campeonato, há que distinguir as reacções violentas com objectivos políticos, de outras, pacíficas e genuinamente sociais.
Por outro lado, há duas questões que não podem deixar de colocar-se:
1ª) Esses custos são ou não compensados em promoção de emprego e retorno económico?
2ª) Como reagiriam os cidadãos brasileiros se o Governo tivesse recusado a realização do evento no Brasil, fosse em nome do que fosse?
Relevam destes acontecimentos dois fenómenos: o grau de consciência cívica e de capacidade criativa dos cidadãos envolvidos na contestação pacífica, por um lado, e o carácter democrático exemplar da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
“Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não se manifestam” – disse Dilma, há um ano, no contexto daquelas manifestações.
Há quanto tempo não temos nós um chefe de governo a dizer “É a cidadania, e não o poder económico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar”? Há quanto tempo não temos nós um presidente assim – dos portugueses que consentem e dos portugueses que protestam?
ADENDA
Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação.
Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que apresentei para que todos os royalties (proveitos para o Estado) do petróleo, sejam gastos exclusivamente com a Educação.
(Dilma Rousseff, 2013-Jun-21)
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