13.7.14

Vícios privados, prejuízos públicos

Não há bancos verdadeiramente privados quando a economia de um país depende deles. Menos ainda quando eles dependem da economia do país e da protecção do Estado. Muito menos quando coincidem as duas coisas como acontece… em toda a parte.
Um banco que tem vivido acima das suas possibilidades

A Banca e as grandes empresas a que está associada, fazem parte do tecido económico-financeiro de um país, lá onde se entrelaçam os seus objectivos com os objectivos da política nacional e internacional. A “dívida externa” que conta para a avaliação de um país, é a dívida pública (do Estado) mas também a dívida privada (das empresas). 

O mesmo acontece com a actividade económica e a vida social – os impostos e a sua incidência no investimento e no consumo, os preços e os salários e a incidência de ambos na inflação, os juros dos empréstimos e a sua incidência na construção e na indústria, etc., etc., etc.

Em suma, se a riqueza de um país é apropriada por uma elite poderosa, já a produção dessa riqueza é colectiva, de toda a sociedade.  

O que fazem os ideólogos da exploração e da desigualdade, é atribuir a riqueza produzida, não aos produtores (aqueles que produzem, os trabalhadores) mas sim aos proprietários dos meios de produção. Mesmo que esta propriedade resulte, ela própria, da canalização para aquela elite, através da banca, das mais-valias produzidas nas empresas pelos trabalhadores, e das poupanças pessoais.

É indisfarçável, enfim, o embuste daqueles que dizem que a criação de riqueza é fruto da iniciativa individual dos investidores. A criação de riqueza e toda actividade económica assenta numa base social, tem um carácter social. A necessidade do investimento capitalista existe, isso sim, como critério imposto à sociedade pelo sistema capitalista. 

Enfim, o papel do capitalismo não é produzir riqueza mas sim apropriar-se da riqueza produzida pela sociedade, para entregá-la a uma elite de privilegiados. 

1 comentário:

antónio m p disse...

Como lembra Jorge Bateira (no Ladrões de Bicicletas) foi através dos bancos nacionais e estrangeiros, poderosos actores da financeirização da sociedade portuguesa, que as empresas, famílias e Estado criaram os sucessivos défices externos e o enorme endividamento que acumulámos. Foi também pelos bancos que entrou o capital estrangeiro à procura de lucros especulativos, sobretudo no imobiliário e em grandes negócios com o Estado e empresas públicas.