20.7.14

Porque hoje é domingo (50)

Nunca vi tanta liberdade ou tanta fantasia na interpretação de um texto bíblico, como a que hoje ouvi durante a homilia duma missa radiodifundida.

Na “parábola do semeador” que a Igreja invoca neste dia, Jesus Cristo usa o trigo e o joio como metáforas para o Bem e o Mal, afirmando que o joio deve ser exterminado: “Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, juntai-o no meu celeiro”. (Mateus 13:30)

O celebrante, porém, mais papista que o Papa e mais divino que o Deus, interpreta que devemos aceitar as diferenças, no nosso convívio com os outros, que devemos tratar bem o joio por razões de tolerância.

Bem pode o filho de Deus explicar mais adiante e já em reunião mais íntima com os apóstolos:
“Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. (Mateus 13:41-43)

Tá bem, tá. Sabendo que o povo não compreenderia tamanha crueldade do bom Deus que a todos perdoa, desde as putas aos banqueiros, o sacerdote mete-se à frente de Cristo e proclama mensagem politicamente correcta. É a Igreja que já não consegue esconder os paradoxos do Deus que inventou e, por isso, serve-se da “Virgem Maria” e do Papa para eclipsar a sua retórica absurda.

Ela sabe que a fé, filha do desespero, supera tudo. E que Jesus também disse na mesma oportunidade:

"Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis,e, vendo, vereis, mas não percebereis". (Mateus 13:13-14).

E assim, de disparate em disparate, se vai fazendo o ruído necessário para fingir que se diz alguma coisa. O que resulta sempre porque, em última análise, ninguém leva estas coisas a sério.


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