18.1.15

Porque hoje é domingo (66)


Por volta das quatro da tarde, os dois irmãos recrutados para seguir o Rabi, acompanharam-no até casa e receberam as suas instruções. Nomeadamente, um deles mudou de nome deixando de ser Simão para ser Cefas – o que, hoje em dia, levantaria fortes suspeitas à polícia.

Este episódio do Evangelho é invocado neste domingo pela Igreja, para apresentar o tema da adesão ao cristianismo. Cito um texto de um sacerdote qualificado:

O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n’Ele o Messias libertador com uma proposta de vida verdadeira e eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-l’O no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.

O nosso texto (Evangelho Jo 1,35-42) sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações. (…) Simplesmente “seguiram Jesus”, sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem “seguros de vida”, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus.


E eu pergunto o que falta aqui para explicar como a religião recruta e orienta os seus fiéis na base da obediência irracional, dogmática, acrítica e alucinada*, que tão bem serve os projectos pessoais dos seus líderes e os poderes que lhes estejam associados. É o fundamentalismo religioso. 

* Expressão de F.Gil em Análise

1 comentário:

antónio m p disse...

O fundamentalismo religioso é uma "posição de existência" radical, já que converte o acto de fé (...) numa posição de Verdade apodítica* de absoluta e irrefragável certeza.
Miguel Real em O Futuro da Religião

(* irrefutável, evidente)