26.1.15

A Grécia falou e disse

Os mentores da ordem estabelecida deviam agradecer
a partidos da "esquerda radical" como o SYRIZA , absorverem os descontentamentos mais exaltados, evitando assim que se tornem descontrolados, violentos, terroristas ou como queiram chamar-lhes.


A esperança que geram estas correntes a que alguns chamam “extremistas”, é o que evita incêndios e apedrejamentos, sabotagens e atentados – extremismos verdadeiros.

É neste sentido da esperança que Alexis Tsipras proclamou, no seu “discurso de vitória” o primado da dignidade sobre a humilhação, a recusa da submissão sem perda de responsabilidade, o respeito recíproco, a urgência de “tratar as feridas da catástrofe”, a atenção à voz do eleitorado contra “a voz da “troika” e da austeridade”…

São questões de princípio, é certo, mas é a falta destes princípios que tem arruinado as economias europeias, que tem empobrecido as populações. Comparadas com o discurso recente de Obama, estas simples questões de princípio são um tratado político.

“O caminho faz-se caminhando”, como dizia António Machado. Mas ao fazê-lo, o caminhante não está perdido se souber ler as estrelas. Por isso, se não é sensato desenhar um roteiro teórico, também não é prudente caminhar de olhos fechados e mente vazia, ao deus-dará (porque “deus não dá”)!

A gente acredita – mostrou que acredita – na capacidade do SYRIZA para ver e interpretar as dificuldades e as possibilidades. E, sobretudo, a coragem de as assumir. Em nome do povo grego mas também “da Europa que está contra a austeridade”, como ele disse.

Neste sentido, já valeu a pena que a Grécia falasse.


Nota: A imagem inicial é uma foto-montagem

1 comentário:

antónio m p disse...

ADENDA
The message from Sunday’s elections in Greece was unambiguous: The Greeks cannot and will not continue to abide by the austerity regime that has brought their economy to its knees. It was a message the Germans and other Europeans who continue to insist that Greece pay off its mountainous debt, no matter what the damage, must hear. Persisting on their dogmatic course is not only wrong for Greece but dangerous for the entire European Union.
(New Tork Times online 2015JAN27)