O povo grego compreendeu o que muitos analistas políticos não entenderam e o que detractores fingiram que não entendiam: que a rendição é um gesto de dignidade e de humanidade, quando a alternativa é o suicídio.
Na U.E., bastaria que um ou dois países se juntassem à Grécia, como era seu dever histórico, e o flagelo económico e social podia ter sido evitado, a razão e o interesse dos povos poderia ter vencido.
A renegociação da dívida, a partir de Outubro, vai evidenciar melhor a estratégia de Alexis Tsipras e as suas vantagens – será tempo de negociações num contexto de autoridade reforçada do Syrisa. Enquanto isso, o “programa de ajustamento” da troika colocará outros países na eminência de mudar de posição de forma mais ou menos discreta.
Já tarda em reconhecer que a crise da Grécia é a crise de Portugal e que as duas, entre outras, são a crise da Europa - uma “toika” de crises: da dívida, da economia e da política.
Escarnecendo dos fantasmas apontados pelos governos neo-liberais da Europa, o povo grego elegeu corajosamente o Syrisa, em Janeiro, para defender os seus interesses. Compreendendo as circunstâncias em que o governo negociou com os credores, cerca de um mês depois, o povo grego mostrou o seu desprezo pela demagogia “esquerdista” – no sentido leninista do termo – e confirmou a sua confiança em Alexis de Tsipras, nas eleições do passado domingo, 20 de Setembro. É caso para falar da "superioridade moral... dos gregos".
Os nossos políticos e analistas de direita continuarão a dizer mal do Syrisa, ora porque é tolerante ora porque é arrogante - é a luta ideológica. Alguns políticos de esquerda coincidirão nessas críticas - é a luta de concorrência. Outros fazem a História - que não acaba aqui!
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