Para espanto de muitos – se fossem muitos os que frequentam este sítio! – digo que os milagres não me causam desconfiança. Pelo menos, alguns.
O que me causa desconfiança ou incredulidade é a autoridade dos sacerdotes para interpretá-los. Afinal os apóstolos nunca explicaram os milagres; limitaram-se a achá-los transcendentes, e isso não repugna à minha inteligência, consciente de que há limites humanos para o conhecimento – o meu, o deles e o dos actuais profissionais da religião.
Portanto admito que Marcos tenha visto um cego a ver – passe o trocadilho – como consta do capítulo 10, versículos 46 a 52 dos Evangelhos, e que hoje será comentado nos púlpitos das igrejas católicas.
Mas o que eu queria assinalar é que Jesus não ficou indiferente aos apelos do cego, em nome dos superiores interesses da alma! «Jesus parou e disse: 'Chamai-o'». E curou-o do problema físico como havia feito e continuaria a fazer com outros doentes.
Mais: o milagre das bodas de Caná, a ter acontecido como consta em João-2, nem sequer foi realizado por razões humanitárias – não se tratava de matar a sede de gente carenciada, mas sim de superar a falta de… vinho, numa grande festa.
Isto é: o exemplo de Jesus mostra que Deus não é indiferente às necessidades e até aos prazeres físicos das pessoas!
Calem-se de vez, portanto, os hipócritas que apelam ao sacrifício e à austeridade como valores em si.
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