22.4.16

Brasil no dia seguinte

Se a propaganda da Direita não encontrasse eco na desilusão e revolta de importantes camadas da sociedade brasileira, não teria força nem coragem para levar a cabo o golpe antidemocrático e reaccionário que está em curso.

Já não falo da lama dos processos judiciais como “o mensalão” ou o “lava jato” que salpicaram ou sepultaram dirigentes do PT e dirigentes sindicais, além de membros dos partidos que apoiavam os governos de Lula e de Dilma.

Falo daquilo que é determinante na avaliação popular das políticas e dos políticos, como o emprego e a qualidade dos serviços prestados à população, seja no domínio da saúde ou dos transportes, da habitação ou da segurança.

A população não analisa gráficos económicos, analisa as favelas e o saneamento, as filas de espera e a violência nas ruas. E não compara a situação geral do país com a situação do passado, mas compara o que tem, com aquilo que precisa e em que acreditou.

Por mais milhões de empregos que tenham sido criados, sobram sempre críticas quanto à qualidade e garantias de estabilidade, além de serem sempre menos que os necessários e esperados. Se foram levados à prática programas sociais tão importantes como o Bolsa Família e Fome Zero , as exigências da população, confrontada com a dimensão da corrupção e das carências de um país com duzentos milhões de habitantes, oferecem sempre pretextos à oposição política.

Aqui chegados, a questão é saber se a nova resposta virá de uma direita reaccionária golpista e truculenta, de uma extrema-esquerda populista ou do governo de Dilma Rousseff, mais limpo e mais comprometido com as camadas carenciadas da população.

1 comentário:

antónio m p disse...

Com qualquer presidente que resulte do processo golpista em curso, o Congresso brasileiro seguirá o mesmo! E quem assistiu à recente sessão do parlamento, percebe como irá funcionar...
Segundo levantamento da ONG Transparência Brasil, 53% dos deputados e 55% dos senadores são citados em processos na Justiça ou em Tribunais de Contas.