Falando do tempo em que Jesus falava sem intermediários, o intermediário Mateus conta de ouvir contar (Mateus 5,17-37), que o Mestre terá dito aos seus discípulos coisas como estas que a Igreja Católica invoca neste domingo sem qualquer preocupação com o rigor histórico das citações.
(5,21-22) «Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno».
Quem se lembra do comportamento de Jesus na “expulsão dos vendilhões do templo” fica preocupado com a sorte do Mestre. Para já não falar dos “mimos” com que insultou não poucas vezes os seus apóstolos e outra gente que o seguia, por não terem fé!
Como nenhum desses episódios merece grande credibilidade, fica a intenção da Igreja na gestão dos bons costumes ou até dos chamados direitos humanos.
Já a ameaça com o fogo do inferno me parece mais grave pelos efeitos traumatizantes que provoca nos crentes. E quem de vós não tem razões de queixa nesta matéria, que me atire a primeira pedra – passe a metáfora!!!
Outra passagem do texto invocado, refere esta sentença de Jesus: (25-26) «Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo».
Aqui Jesus esquece que não veio “para mudar a Lei mas sim para cumpri-la”, segundo rezam as escrituras, mas isso que importa se as suas contradições são bem intencionadas? – isto já eu aprendi nos discursos políticos nossos contemporâneos!
Mas nem tudo é aceitável à luz das boas intenções, nas apreciações legislativas de Jesus – digo eu. Cito apenas e sem comentar, a seguinte passagem do texto de hoje que a Igreja teria dificuldade em justificar se os fiéis tivessem a coragem de questioná-la:
(32) «Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério».
Só para que não restem dúvidas sobre o tipo de ameaças com que Jesus e/ou a Igreja nos vem traumatizando desde a infância, deliciem-se com estes exemplos que fazem parte do mesmo capítulo do Evangelho de Mateus (5,29-30):
«Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno.
E assim vive o crente permanentemente ameaçado pelo sentimento de culpa mais inconsistente, pelo traumatismo mais doloroso, pela ameaça mais perturbadora, de inferno em inferno.
Rejubiem, meus irmãos – digo eu – porque no Inferno, pelo menos pode-se fumar à vontade!
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