1.4.18

Porque hoje é domingo (94)

Que perigo representava Jesus para as autoridades da época, que as levou a persegui-lo até à morte? Afinal, profetas como ele que se diziam ser o Messias anunciado no Antigo Testamento, havia e houvera muitos. E ele nem sequer ambicionava tomar o poder – o poder político, entenda-se. Ou sim?

Cabe lembrar que já naquela altura a Palestina lutava contra um ocupante – não Israel, como agora, mas o Império Romano. E que Jesus nasceu na pátria ocupada.

Jesus, com mais legitimidade do que Trump, dirigia-se para Jerusalém, no dia que hoje se celebra, sendo então proclamado Rei. Não é de estranhar que isto tivesse um significado político se nos lembrarmos que o rei David, de quem Jesus era descendente, a seu tempo conquistou Jerusalém! – a fazer fé no que diz a Bíblia.

Se existe uma cidade que possa designar-se capital da violência religiosa, talvez seja Jerusalém. Donald Trump, esse profeta apocalíptico tal como Jesus e João Baptista, proclamou por estes dias, ele próprio, que Jerusalém é capital de Israel.

Esforça-se a Igreja em interpretar que no caso de Jesus se tratava de um reinado meramente espiritual – o reino de Deus. Um Jesus político destinado a resgatar a independência dos judeus, como sugere a inscrição que será afixada sobre a sua cruz “JNRJ” (Jesus Nazareno Rei dos Judeus), entraria em contradição com a sua afirmação “a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Isto para já não falar do descontentamento que causaria aos republicanos (futuros) a ideia de que o Filho de Deus era monárquico...

Fosse por razões políticas ou religiosas ou ambas, andavam os sacerdotes e os escribas atarefados em perseguir Jesus. Foi então que Judas Iscariotes, traindo aquele que seguia até aí como apóstolo, se prestou a indicar aos perseguidores quem eles procuravam. Nada que o perseguido não tivesse previsto e anunciado: "Em verdade vos digo: Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me".

Portanto, o que ficou sempre a intrigar alguns entre os quais me incluo, é se esta morte, que veio a ocorrer, se deveu a razões religiosas ou políticas, como já referi. Mas certamente que Donald Trump nos virá esclarecer no seu twitter.

(Este post foi refeito às 23h00 de 1 de Abril de 2018)

Sem comentários: