29.9.08

Sectários Gerais

De Mário Castrim, dizia-se por graça que era o “sectário geral” do PCP. Castrim talvez tenha deixado aquele título para Miguel Urbano Rodrigues.
Em ambos os casos, realmente, o discurso jornalístico se confunde com o que se espera ou esperava do porta-voz do partido a que pertencem. Nenhuma diferença, por mais saudável que ela fosse, nenhuma crítica, por mais necessária - antes pelo contrário.

Não partilho mas entendo esse sectarismo político que consiste em valorizar sempre o que vem de nós e combater sempre o que vem do adversário, indo ao ponto de omitir algumas verdades, é certo, sobre as responsabilidades do nosso “clube”.

Tal atitude, em Miguel Urbano, sacrifica algum prestígio intelectual – ainda lhe sobra muito! - à eficácia política; subordina o interesse pessoal, ao interesse social. Mas sente-se nos seus textos a sinceridade e a clareza que caracterizam os discursos autênticos e que alimentam o seu entusismo contagiante.

Não sinto o mesmo respeito pelo sectarismo de outros que, devido aos lugares que ocupam na Direcção do PCP, longe de se envolverem apenas a eles próprios – pelo contrário, escondendo-se na capa de orgãos colectivos – arrastam com as suas omissões e deturpações o futuro de um partido que os ultrapassa e ao qual se dedicaram muitas vidas.

E já nem falo do sectarismo que no PS é escola, é cultura de grupo. No PS o sectarismo é prática e doutrina, é o pão das suas ceias, o ar que se respira. Só quem nunca trabalhou numa empresa dependente do Estado pode ignorar isto – se é que pode, mesmo sem ter trabalhado. E com o PS, por força da sua influência na sociedade, os estragos são maiores, imediatos e mais incontroláveis.

Só que isso não devia servir de consolação a outro. Porque, quando assim é, faz mal a ambos.

Miguel U Rodrigues deu há pouco tempo ESTA entrevista à SIC, que recomendo pelo agrado com que se ouvem e vêem entrevistado e entrevistadora.

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