5.8.12

Porque hoje é domingo (20)

Se eu fosse um deus, desses que transformam cinco pães em cinco mil, desses que caminham sobre as águas dos rios, desses que curam os enfermos e ressuscitam mortos, não me indignava como ele, só porque os famintos me seguiam à míngua de pão.

“Estais me procurando não porque vistes sinais (milagres), mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Com todo o respeito, isto não são coisas que se digam a uma multidão ingénua de famintos, sabendo eles e tendo comprovado que esse milagre o faz Jesus com uma perna às costas, por assim dizer.

Tu disseste: “Eu sou o pão da vida; eu sou uma água viva, e quem bebe desta água nunca mais terá sede”. Vai daí, a pobre samaritana que não estava acostumada a metáforas, hipérboles e outras figuras de estilo literário, na sua inocência te pediu humildemente: “Senhor, dá-me dessa, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água” (Jo 4,15).

Mas tu que respondeste? Deste-lhe uma descasca... do diabo, dizendo que eles te seguiam por interesse e não por amor.

Francamente! Que falta de sensibilidade social! Não devias ser tu a quem não falta pão e peixe e carne de ovelha; quem devia exprimir solidariedade,que já nem falo de amor ou compaixão, dando-lhes do que precisavam em vez de santidade? Que pecados cometeram esses filhos de Deus, que mereçam ser sacrificados mais do que já são?


Tem razão numa coisa um certo padre na sua homilia: as pessoas não querem ser cristãs, querem ter Cristo como um mago para suprir as suas necessidades. Mas alguma vez a Igreja onde o padre exerce a sua profissão, se importou com isso? Pelo contrário: vai resolvendo as suas próprias necessidades materiais a troco de... paraísos futuros. Nada que os governos mais perversos não façam também, profetizando milagres económicos.


Senhor: morrem de fome, anualmente, pelo menos 5 milhões de crianças no mundo. De fome! E tu que concebeste o Homem e a sua natureza - boca, esófago, estomago, sangue e coração - deixas que isto aconteça porque o que te interessa é a salvação das almas. Pois não teria sido muito mais razoável, nesse caso, ter criado os homens sem corpo?

Nota: A foto do meio (original) é de uma pista criada no santuário de Fátima, para cumprimento de promessas, de joelhos!

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