Em Lisboa, a Avenida de Roma não fica nada atrás da Avenida da República e o bairro de Telheiras (na foto) não é menos simpático do que Alfama ou o Bairro Alto – são espaços, arquitecturas, atmosferas e até culturas diferentes. Mas cada um deles vale por si mesmo sem substituir nenhum dos outros.
A criação e desenvolvimento dos bairros periféricos, é a melhor solução contra o congestionamento do trânsito, contra a especulação imobiliária e contra a asfixia geral dos centros históricos. Pólos dispersos de atracção de moradores através de infraestruturas satisfatórias, resolvem mais problemas nas grandes cidades do que estratégias de circulação que sempre se traduzem em constrangimentos, e mais do que parques de estacionamento em espaço exíguo e com grandes custos de implementação e de utilização.
Com acessos e transportes adequados – e pouco há que gastar, porventua, para isto – viver no centro da cidade é uma vantagem duvidosa. Hospitais, escolas, mercados e empresas fora do centro satisfazem melhor do que o congestionamento insolúvel a que se assiste geralmente no desenvolvimento concentracionário da cidade.
O Porto merece um Douro fascinante como tem, e um centro vivo, é certo, como merece e necessita da recuperação do parque edificado e dagradado, mas também precisa de pólos habitacionais dispersos pelas zonas periféricas, dotados de serviços e comércio, de lazer e transportes que os tornem atractivos especialmente para os habitantes locais, compensando assim o congestionamento da cidade.
Conheço pessoas que vivem em bairros periféricos de metrópoles ou até em subúrbios, que perderam o hábito de frequentar o centro ou mesmo a cidade, uma vez que encontram tudo o que precisam, perto de casa.
Londres, um velho caso de estudo
Este conceito é antigo e é bom que tenha sido defendido por um ou mais autarcas do Porto na campanha eleitoral; assim haja capacidade para implementá-lo na estratégia de um “Porto Forte” ou de um “Porto de Futuro”, de uma candidatura “Por Todos” ou de outra que reivindica “Mudar o Porto”…
Já a proclamação para “Virar o Porto ao Contrário” é um mero exibicionismo verbal de quem não troca uma frase “bombástica” por um gesto simplesmente útil, ou, segundo Lenine, a expressão de um “radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista”.
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