27.4.17

O preço do voto em Macron

Andaram a espalhar o terror sobre a candidatura de Mélenchon à presidência da França, na primeira volta, e dizem que ele é igual a Le Pen. Mas reclamam dele o sentido de “responsabilidade democrática” de que precisam para fazer vingar o candidato conservador na segunda volta.

Em Portugal já vimos como foi em circunstâncias comparáveis: o PS de Mário Soares coligou-se com o CDS (1976) enquanto, noutra oportunidade, o "irresponsável" PCP recomendou o voto em Mário Soares (1986).

Entretanto fica a pergunta: como votariam os pregadores do “bom-senso” se fosse Mélenchon a disputar a segunda volta em vez de Macron?

16.4.17

Para Zita com ira

Sempre me ficou, e para sempre, a dúvida sobre se alguns programas e formas de os realizar, que vejo actualmente na televisão, não são inspirados ou copiados de projectos ou ideias que sugeri sem sucesso enquanto trabalhei para a RTP.

Reconheço, no entanto, que é um fenómeno frequente e histórico ocorrer a mesma ideia, por mais imprevisível que pareça, a diferentes pessoas em alturas e lugares diferentes. A investigação científica é talvez o domínio mais relevante deste fenómeno.

Mas ao assistir ao programa Governo Sombra especial de Páscoa, em que o tema é “Os sete pecados capitais" em política, não posso deixar de ver coincidência a mais com um comentário de Fevereiro de 2015 (!) publicado em Mito e Realidade a propósito de Zita Seabra, a convidada especial do programa de hoje:

Anónimo disse...
A má-fé move Zita Seabra.
A estupidez move(u) a irmã Lúcia.
A luxúria move Catherine "Portas" Deneuve.
A vaidade move Santana Lopes.
A ganância move José Sócrates.
A gula move Alberto João Jardim.
A inveja move-os a todos.
E todos nós sentimos ira ao observá-los, mas temos preguiça de os travar.
2005Fev17

Já de Zita Seabra não vale a pena dizer mais do que ela disse no programa com algum interesse e seriedade: nada! São estes maus exemplos de dissidências que alimentam a soberba do "partido com paredes de vidro", retirando força a quem sai pelas melhores razões.

NOTA: A imagem acima é uma composição deste blogue.

13.4.17

10.4.17

Terroristas bons

Há terroristas bons e terroristas maus, segundo os governos ocidentais – e quem diz os governos diz os seus porta-vozes na política e nos orgãos de informação. Os primeiros são chamados “moderados” e recebem apoio financeiro e militar da Europa e dos Estados Unidos da América para combater o presidente sírio.

No dia 4 de Abril de 2017, o exército governamental sírio atacou uma base de “terroristas bons” e daí resultaram 58 ou mais de uma centena de mortos, conforme a fonte, tendo-se apurado que muitas das vítimas acusavam efeitos de armas químicas "proibidas".

Os EUA, sem investigarem a procedência de tais armas e sem aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, reagiram com o lançamento de 59 mísseis Tomahawk contra a base aérea de Shayrat (província de Homs) da qual terão partido os ataques sírios.

O Exército sírio nega a autoria de qualquer ataque com armas químicas, garantindo que nunca o fez nem o fará, e a Rússia admite que os produtos químicos letais não fossem lançados pelo exército sírio mas que estivessem armazenados num depósito oculto, dos terroristas, e por isso tenham sido atingidos.

“Os rebeldes” – como também são designados pelo ocidente os "terroristas bons"– negam as acusações e os ocidentais tomam estes por fontes credíveis.


Nunca se saberá a verdade, muito provavelmente. Esta é a grande vantagem dos verdadeiros autores do uso das armas químicas. E a opinião pública fará o “seu” juízo com base na opinião publicada. Talvez por isso estejamos a assistir a tanta unanimidade nos orgãos ocidentais de informação onde, de resto, só é ouvida uma parte dos actores políticos deste conflito. O próprio Donald Trump surge nestes meios travestido de homem justo.

Entretanto, em Boston, Massachusetts, americanos dizem que querem diplomacia para resolver a questão síria, e não mísseis. Para os envolvidos nas manifestações que ocorrem em pelo menos 35 cidades dos EUA, a motivação humanitária de Trump não passa de uma desculpa, muito parecida com a utilizada por George W. Bush em 2003 (invasão do Iraque), para atacar a Síria com o objetivo de derrubar o actual regime, matando ainda mais civis durante o processo.


A História ensina que provavelmente nunca saberemos a verdade, como disse, mas também ensina o que tem acontecido noutros episódios, isto é, qual a estratégia político-militar predominante nos EUA:

1) Provocar os países incómodos (de preferência através de rebeldes, verdadeiros ou falsos, desses países);
2) Acusá-los de iniciar hostilidades (com base na reacção às provocações);
3) “Retaliar” brutalmente (com a legitimidade da opinião favorável publicada);
4) Alimentar o descontentamento interno desses países hostis até à substituição do Poder por dirigentes pró-ocidentais.

A propósito: Venezuela, te cuida!

8.4.17

Trump é bruxo?

Quem não se lembra da galhofa universal que Donald Trump provocou em Fevereiro quando se referiu a um ataque terrorista na Suécia? O homem estava drogado como sugeriu então o ex-primeiro ministro sueco, ou apenas profetizou o que veio acontecer agora?



O caso faz-nos pensar que Donald Trump tem dotes adivinhatórios, sobretudo se lhe juntarmos a informação de origem desconhecida segundo a qual a Síria terá usado armas químicas proibidas, num ataque realizado na terça-feira e que terá causado a morte a dezenas de pessoas.

Também há quem diga que as alusões exageradas ao terrorismo e as acusações sem prova acerca do uso de armas químicas são pretextos para as políticas anti-imigração e anti-Assad. Mas vá lá a gente adivinhar, a gente que não é bruxa...

Para quem não aprecia textos sarcásticos sobre matérias tão sensíveis, recomendo a abordagem de Bernie Sanders, AQUI, sobre o assunto. Entre outras questões, o ex-candidato à Casa Branca pergunta qual é o contributo desta intervenção de Trump para a resolução diplomática do conflito, pergunta que ecoa em manifestações que ocorrem em pelo menos 35 cidades dos EUA.

5.4.17

Eleições no Equador

O seu opositor nesta eleições foi Guillermo Lasso. «Un informe de la Superintendencia de Bancos de Panamá, al que tuvo acceso el portal argentino "Página 12", reveló que Guillermo Lasso está asociado a 49 empresas offshore en paraísos fiscales y acumuló entre 1999 y 2000 una riqueza de 30 millones de dólares».