23.12.19

Balanço de 2019

No domínio da Informação não só deturpar ou mentir é desinformação ou a contra-informação, também "esquecer", ignorar, censurar.

É sabido que a Humanidade sofre geralmente de amnésia histórica. Mas é muito estranho que jornalistas, analistas e comentadores, convidados nesta altura a nomear figuras e acontecimentos relevantes do ano, não se recordem de nada que tenha ocorrido há mais de dois ou três meses...

A greve dos motoristas de matérias perigosas, em Portugal, o recrudescimento dos distúrbios em França com os Coletes Amarelos e em Espanha com os movimentos independentistas, o Brexit no Reino Unido, os incêndios na Amazónia, o golpe de estado na Bolívia e a tentativa fracassada de invasão da Venezuela, foram acontecimentos históricos importantes no ano de 2019.

A tomada de posse de Jair Bolsonaro, no Brasil, e de Boris Johnson no Reino Unido, a proposta de destituição de Donald Trump, a eleição de Zelensky na Ucrânia e o regresso ao poder de Cristina Kirchner, na Argentina, devido à eleição de Alberto Fernández para a presidência, apresentam nomes com uma importância muito significativa que se destacaram em 2019 pela importância para o futuro dos seus países e da ordem mundial. E como ignorar, abandonar, Assange e Rui Pinto?

16.12.19

E depois do adeus?

Decidido o “Brexit”, para o bem e para o mal, Boris Johnson não resolveu um problema, iniciou-o. E não é um problema, são vários, desde as questões regionais, nomeadamente com a Irlanda e a Escócia(1), as relações económicas internacionais, a questão da dívida pública e a reconversão económica interna.

Há quem considere que o presidente conservador ganhou autoridade para "fazer o que quiser" a partir deste apoio, nomeadamente para fazer acordos com a União Europeia muito diferentes do que deixava antever durante a sua campanha eleitoral, mas a população irá reclamar o prémio dos seus votos.

Aqueles que votaram em Boris Johnson não vão esperar uma dezena de anos, o tempo que o processo de saída poderá demorar, para exigir resultados concretos no âmbito do emprego e do nível de vida. Nem mesmo os cinco anos da legislatura. E destes resultados é que vai depender a sobrevivência política do vencedor destas eleições, por um lado, e o julgamento definitivo da estratégia de retirada da União Europeia.

Maus resultados práticos neste difícil contexto podem mesmo trazer a recuperação do Partido Trabalhista britânico que, apesar duma estrondosa derrota circunstancial (2), não desapareceu como muitos fazem crer, mas ainda conta com 203 dos 650 lugares do parlamento.


(1) Nicole Sturgeon, ministra principal da Escócia e líder do SNP, anunciou já a sua intenção de apresentar nesta semana os planos para a celebração de um novo referendo de independência.

(2) Nós tivemos de acomodar os nossos membros que apoiaram a permanência, mas muitos de nós representamos regiões que votaram para sair. Foi esse o dilema que enfrentámos", afirmou à BBC um dirigente do Partido Trabalhista.

15.12.19

Do preconceito contra os idosos

O preconceito contra as pessoas idosas, ("idaísmo" da palavra inglesa "age", idade), está muito vulgarizado por todo o mundo como se fosse uma coisa natural. Enquanto a luta contra o racismo e o sexismo já ganhou alcance mundial, o mesmo não acontece com esse tipo de comportamento deplorável em relação aos idosos.

Facilmente recruta adeptos e militantes porque há sempre "os outros" com necessidade de arranjar falsos culpados pelo desemprego, pela falta de produtividade, pela dívida pública...

Entre os aderentes há muitos ingénuos que propagam campanhas subtis em forma de estatísticas, etc. Mas o resultado cheira a campos de extermínio sem sede própria, por assim dizer.

Fica o alerta!

8.12.19

Eleições paradoxais no PSD


As eleições directas de Janeiro que irão escolher o futuro presidente do PSD podem ter uma importância que transcende muito a organização interna do partido. 

Se a presidência for entregue a Rio, haverá pesca de eleitores do centro e, assim, paradoxalmente, o PS é prejudicado. 

Se a presidência for entregue a Montenegro, o PSD irá pescar nas águas do CDS e até do Chega, pelo que, nesta medida e também paradoxalmente, haverá menos radicalismo no domínio da direita.

Agora sim, venha o diabo e escolha!

(Foto-montagem original mas livre)

1.12.19

Hermanos y independentes

O El País de 29 de Novembro dava conta de que o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) iria apresentar uma “queixa formal” ao PS português por ter apoiado uma moção, na Assembleia Municipal de Lisboa, contra a “repressão” na Catalunha.

Dir-se-ia que se reacendem os conflitos entre os dois países, com o regresso dos Filipes ao trono de Espanha. Estará isto associado à celebração da nossa independência ocorrida em 1 de Dezembro de  1640?

Aqui está um bom assunto para os comentadores se/nos entreterem, ao que acrescentariam uma reflexão, porventura mais oportuna, sobre a independência em relação à "União" Europeia - arrogantemente chamada Europa.