Uma das consequências menos invocada mas cada vez mais relevante da implosão da União Soviética em 1991, foi certamente a implosão do acordo em vigor desde a Conferência de Yalta, na Crimeia.
Nessa Conferência, Roosevelt, pelos Estados Unidos da América, Churchill, pela Grã-Bretanha, e Estaline, pela URSS, decidiram o destino da Europa, nomeadamente quanto à sua estabilidade futura e quanto à repartição das zonas de influência entre o Leste e o Oeste. Era Fevereiro de 1945.
Desde então vigorou uma relação de conflito não assumido entre o “Leste” e o “Ocidente” que ficou conhecido por “guerra fria” e que deixaria de fazer sentido, aparentemente, a partir dos acontecimentos de 1991 no “Leste”. Mas o que aconteceu foi que, por detrás das motivações ideológicas se desvelaram as razões económicas.
Face ao desiquilíbrio de forças instalado, face ao domínio unipolar dos Estados Unidos da América, adeus tratados! Daqui em diante a política internacional dos EUA é orientada para a conquista de influência nas regiões que antes escapavam ao seu domínio. Um único problema se lhe colocava – se coloca – que é o sentimento nacionalista e o interesse próprio dos povos e das nações.
A Europa está-lhe no papo mas não é tanto assim na América Latina e no Médio-Oriente - para resumir. Isto explica a dimensão dos grandes focos de destabilização em curso, nomeadamente na Ucrânia mas também na Síria ou na Venezuela, para mencionar os mais recentes.
É “a nudez crua da verdade sob o manto diáfano” dos Direitos Humanos e da Democracia. E da Comunicação Social “livre”.
No domínio da Informação formatada pelo "Ocidente", é sintomático que se transcrevam na íntegra as opiniões do jogador de xadrez Kasparov, por exemplo, sobre os acontecimentos na Crimeia, enquanto as declarações de Putin - presidente da Rússia! - sobre o mesmo assunto são silenciadas ou reduzidas a meia dúzia de palavras inócuas retiradas do discurso. E não é o mesmo com Nicolás Maduro, na Venezuela? E não é assim em todas as situações em que o imperialismo norte-americano se confronta com dirigentes insubmissos de outros países?
Entre os nossos jornalistas e "analistas" mais visíveis, mais exibidos, é manifestamente dominante a submissão a esta matriz. Mas a única coisa que deve espantar é o meu espanto, reconheço. pois não são eles próprios que proclamam (expressamente)que andam "há quarenta anos a fazer opinião"?
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