Por causa da poeira que se tem levantado no domínio financeiro, e das contas aos prejuízos que estamos condenados a pagar para salvar o sistema, a RTP promove hoje uma discussão sobre o tema, no programa da Fátima Campos Ferreira.
De um lado estará o Tiroliroliro e, do outro, o Tiroliroló, sendo provável que se juntem depois à esquina a tocar a concertina e a dançar… o forrobó, se o critério de escolha dos convidados for tão coerente como aquele em que se discutiu a “Vida Difícil nas Escolas”, sem a participação de representantes sindicais dos professores. Afinal, como explicou o Director de Informação de então, «não temos que convidar toda a gente»!!!
Entretanto, no intuito de que a manipulação da discussão possa ser minorada, registo a seguir algumas notas que nos ajudem a perceber do que estarão a falar - passe a presunção!
NOTAS
A Banca tem um papel central e fundamental no funcionamento do sistema capitalista.
Apesar de todos os esforços feitos desde a crise financeira de 2008/2009 para sanear o sector bancário, dos activos tóxicos acumulados durante os anos de expansão, e apesar do reforço que se tem feito ou anunciado desde então, no âmbito da regulação financeira, diz-se que os bancos continuam a ser o grande problema que afecta o crescimento económico na zona euro.
Por outro lado, a recente crise bancária mostrou que os bancos não são capazes de suportar as suas perdas e que, em tais condições, os Estados acabam por ter que pagar os prejuízos – quem diz os Estados, diz os contribuintes.
UNIÃO BANCÁRIA
Para evitar ou limitar, no futuro, o contágio entre as crises bancárias e o aumento das dívidas públicas provocadas para os salvar, foi concebido um mecanismo de mutualização (co-responsabilização) da dívida que se designou por União Bancária. (A partir daqui, o Banco de Portugal, no nosso caso, passa a ser um mero executante das directivas da União Bancária).
SUPERVISÃO
O primeiro pilar da União Bancária é o mecanismo único de supervisão bancária, que dá ao Banco Central Europeu (BCE) a responsabilidade de monitorizar os maiores bancos da zona euro e identificar os que estão em dificuldades. Atualmente encontram-se sob supervisão 128 bancos.
A nova autoridade da UE denominada de Conselho Único de Resolução, pode decidir rapidamente o que fazer com os maiores bancos da zona euro que estejam em dificuldades.
MEDIDAS
As medidas de resolução (i.e. saneamento) aplicam-se quando já não existem condições para que determinada instituição continue a exercer a sua atividade de forma autónoma. Contemplam, essencialmente, dois tipos de medidas concretas:
1) A alienação de património da instituição que se encontre em dificuldades financeiras para uma ou mais instituições autorizadas a desenvolver as actividades em causa;
2) A constituição de um banco de transição e a transferência, parcial ou total, do património da instituição que se encontre em dificuldades financeiras, para esse banco.
Para assegurar que a factura das falências deixe de ser paga pelos contribuintes (pelos estados), estabelece-se o princípio de que as entidades chamadas a responder pela falência dos bancos são, agora, os accionistas e credores séniores, seguidos dos credores juniores e dos depositantes de valores acima de cem mil euros.
O Parlamento Europeu já tinha imposto limites aos prémios dos banqueiros e exigido requisitos de capital de boa qualidade aos bancos, para poderem lidar de melhor forma com as potenciais perdas.
FUNDO DE RESOLUÇÃO
O Fundo de Resolução é uma "pessoa colectiva de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira, que tem por objecto principal apoiar o financiamento da aplicação de medidas saneamento financeiro que sejam determinadas pelo Banco de Portugal".
O Fundo é gerido por uma comissão directiva composta por três membros, sendo o presidente um elemento do conselho de administração do Banco de Portugal, por este designado, um segundo membro é designado pelo membro do governo responsável pela área das finanças e o terceiro membro é designado por acordo entre o Banco de Portugal e o membro do governo responsável pela área das finanças.
29.2.16
27.2.16
Jesus tem muitas mães
Jesus tinha realmente dois pais, como sugere o cartaz do BE, entretanto censurado: o Pai do céu e o pai da Terra. Mas não viviam juntos…!
Já das mães não sei o que dizer, de tantas que são: Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Peneda, Nossa Senhora de Lurdes, Notre Dame de Paris, Nossa Senhora da Conceição, Senhora da Graça, Senhora da Hora, Senhora dos Aflitos…
Mas não brinquemos com as figuras sagradas. Isto é: com as nossas figuras sagradas. Maomé é outro assunto: somos todos Charlie Hebdo, n´est ce pas?!
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26.2.16
Ai que medo!
Inconformados com o seu presente e envergonhadas do seu passado, os líderes da direita política apostam em tempestades que hão-de surgir na rota do governo das esquerdas – são os novos profetas da desgraça.
Segundo eles, o orçamento de Estado sucumbirá ao tentar dobrar o cabo de Bruxelas. Segundo eles, os partidos à esquerda do PS terão sido “forçados a negar a essência de si mesmos, e perderão qualquer utilidade, a prazo” – os tais partidos que não tinham qualquer utilidade antes, por serem “apenas partidos de protesto” – segundo eles.
“Quando a tempestade chegar, e chegará, cá estaremos!” – diz o Nuno Melo (na foto).
Segundo eles, o orçamento de Estado sucumbirá ao tentar dobrar o cabo de Bruxelas. Segundo eles, os partidos à esquerda do PS terão sido “forçados a negar a essência de si mesmos, e perderão qualquer utilidade, a prazo” – os tais partidos que não tinham qualquer utilidade antes, por serem “apenas partidos de protesto” – segundo eles.
“Quando a tempestade chegar, e chegará, cá estaremos!” – diz o Nuno Melo (na foto).
25.2.16
Umberto Eco… e eu!
«A discussão desportiva (o espectáculo desportivo, o falar do espectáculo desportivo, o falar sobre os jornalistas que falam sobre o espectáculo desportivo) é o substituto mais fácil da discussão política». Além disso, «permite assumir posições, exprimir opiniões, auspiciar soluções sem se
expor» à censura grave de terceiros e a conflitos consequentes.
Disto falava Umberto Eco em 1978 (L’Expresso, 19JUN.). Só não me lembro se também falava do “ruído” que a própria discussão política traz à comunicação quando os debates sucedem em carrocel repetindo exaustivamente os mesmos argumentos.
Felismente vão ganhando espaço público novos protagonistas, por força das contradições do sistema “representativo” de participação, sistema que não tinha problemas em ser representativo enquanto os orgãos de poder eram inteiramente dominados por correntes liberais.
Em todo o caso, a liberalidade dos orgãos de “comunicação social” está suficientemente moldada, desde a sua propriedade a tudo o resto, para que os argumentos desconfortáveis de alguns políticos, sejam imediatamente diluídos na lixívia destrutiva dos comentadores… “independentes”. Mas isto já sou eu a falar. Ou não?!
Disto falava Umberto Eco em 1978 (L’Expresso, 19JUN.). Só não me lembro se também falava do “ruído” que a própria discussão política traz à comunicação quando os debates sucedem em carrocel repetindo exaustivamente os mesmos argumentos.
Felismente vão ganhando espaço público novos protagonistas, por força das contradições do sistema “representativo” de participação, sistema que não tinha problemas em ser representativo enquanto os orgãos de poder eram inteiramente dominados por correntes liberais.
Em todo o caso, a liberalidade dos orgãos de “comunicação social” está suficientemente moldada, desde a sua propriedade a tudo o resto, para que os argumentos desconfortáveis de alguns políticos, sejam imediatamente diluídos na lixívia destrutiva dos comentadores… “independentes”. Mas isto já sou eu a falar. Ou não?!
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Umberto Eco
14.2.16
Porque hoje é domingo (75)
Será que os cristãos não dão pelo disparate que é esta história das tentações de Jesus, a que se refere o cronista Lucas em cap. 4,1a13?
Transcrevo o texto do Evangelho que se invoca neste domingo, inserindo comentários pelo meio.
«Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome». Comentário: Dêmos de “graça” que Jesus sentisse fome só ao fim de quarenta dias sem comer nada!...
«Disse-lhe o diabo: “Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.” Jesus respondeu-lhe: “Está escrito: Nem só de pão vive o homem”». Comentário: Desta não se lembrou o “democrata-cristão” Paulo Portas, quando foi ministro e empobreceu os portugueses. Mas isto é um à-parte. Comentário é que a resposta se desvia do sentido da pergunta: a capacidade de Jesus transformar pedras em pães. Talvez esta falha explique o “milagre da multiplicação dos pães” narrada noutra oportunidade. Mas o melhor vem a seguir.
«Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-lhe: “Dar-te-hei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.” Jesus respondeu-lhe: “Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto”».
Mas Jesus era levado pelo diabo para onde este queria? Pior: Existe algum “lugar alto” de onde se possam ver “todos os reinos do universo” ??? Claro que não!
Esta narrativa de Lucas é uma grosseira mentira que a Igreja não desiste de repetir pelos séculos dos séculos, confiando na cegueira dos fanáticos e na estupidez ou na distracção dos seus ouvintes. Logo: além de uma mentira é um insulto.
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11.2.16
4.2.16
Banco a banco enchem o papo
BPN
Crise interna que vem de antes da crise financeira
de 2008.
Tem na génese fraudes e irregularidades. Sofreu uma queda acentuada de depósitos.
Solução: foi incorporado na Caixa Geral de Depósitos (nacionalização)
e depois vendido ao BIC angolano, por 40 milhões de euros. No entanto, os novos accionistas não desembolsaram capital para realizar a
compra!
O Estado assume os custos com a eventual cessação dos vínculos laborais dos trabalhadores.
A factura total para os contribuintes pode chegar a 5,2 mil milhões de euros.
BPP
O banco tinha feito investimentos arriscados.
Em Dezº de 2008 o Governo deixa o banco à sua sorte e cria um fundo de 450 milhões de euros para reaver (?) parte dos investimentos
perdidos por clientes.
Nesse ano de 2008, os três principais administradores - João
Rendeiro, Paulo Guichard e Fezas Vital -, receberam 6,4 milhões de euros. Só João Rendeiro (na foto), antigo presidente do conselho de administração, arrecadou 2,8
milhões. João Rendeiro acumulava dívidas fiscais relativas ao seu salário à frente do banco, num valor que ronda os três milhões de euros que viria a pagar.
Seriam todos absolvidos no julgamento de 2015.
Em Abril de 2010, verificada a inviabilidade dos esforços de recapitalização e recuperação, o
banco é dado como insolvente pelo Banco de Portugal – situação sem precedentes.
O Estado é credor de 450 milhões da massa falida mas a Comissão Europeia ordenou que Portugal recuperasse apenas o montante referente à ajuda que foi prestada em 2010 – que o BPP diz ser de 23 milhões.
BES
O BES e o GES foram máquinas de absorção de dinheiro sem actividade
Financiou muitas empresas importantes e clubes de futebol. Recusava a recapitalização pública. Medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal. Prejuízos futuros dependem do valor da venda do banco.
A factura foi paga pelos accionistas que pagaram tudo depois…
Está ainda a tentar-se vender o Novo Banco. A Comissão Europeia concedeu uma extensão do prazo limite para a venda da instituição além de Agosto de 2016. Não é revelado o novo prazo, mas essas extensões podem ser concedidas por períodos de um ano. Ainda assim, Bruxelas é explícita ao dizer que não revela o prazo, para "proteger a eficácia do processo de venda"
«Nos casos excepcionais, como o presente, em que o Estado seja chamado a prestar apoio financeiro temporário ao Fundo de Resolução, esse apoio será posteriormente reembolsado (e remunerado através do pagamento de juros) pelo Fundo» - "esclarece" o Banco de Portugal.
BANIF
BANIF
Em 2012 o Estado
injecta 1100 milhões de euros.
Exigia-se um plano de viabilização em 3 anos mas a União Europeia não avalizou nenhuma das 6 ou 8 propostas de plano apresentadas pelo banco e pelo governo.
«Na realidade, a tramoia já vem de longe e foi só por razões políticas que a questão do Banif foi escondida, nos termos de um acordo ou de uma concessão do Governador do Banco de Portugal às conveniências eleitorais de Passos Coelho», segundo Francisco Louçã.
Exigia-se um plano de viabilização em 3 anos mas a União Europeia não avalizou nenhuma das 6 ou 8 propostas de plano apresentadas pelo banco e pelo governo.
«Na realidade, a tramoia já vem de longe e foi só por razões políticas que a questão do Banif foi escondida, nos termos de um acordo ou de uma concessão do Governador do Banco de Portugal às conveniências eleitorais de Passos Coelho», segundo Francisco Louçã.
Em Dezembro de 2014,
a Comissão Europeia propôs ao anterior Governo uma solução para o Banif, que permitiria, em seu entender,resolver rapidamente o problema do banco, com os activos “tóxicos” a serem colocados num veículo especial e o negócio saudável a ser vendido de forma gradual, até ao final de 2017 - segundo o Diário Económico.
O caso Banif vai custar aos contribuintes pelo menos mais 2.200 milhões de euros. Há quem diga que a proposta de Bruxelas implicaria uma resolução mas que "poderia" ter custos inferiores.
O caso Banif vai custar aos contribuintes pelo menos mais 2.200 milhões de euros. Há quem diga que a proposta de Bruxelas implicaria uma resolução mas que "poderia" ter custos inferiores.
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