O processo democratizador progressista que viveu nos últimos anos a América Latina, lá onde confluiram regimes populares por via eleitoral, tornou-se insuportável para os sócios da NATO residentes nos Estados Unidos da América e na União Europeia.
O entendimento dos países da região sobre o direito à própria soberania, sobre o direito autónomo dos povos a decidirem dos seus próprios destinos, era demasiado democrático para os seus interesses.
O crescimento de uma corrente progressista particularmente dinamizada por Hugo Chavez, da Venezuela, e em que participavam Rafael Correa, do Equador, Evo Morales, da Bolívia, Pepe Mujica, do Uruguai, Cristina Kirchner, da Venezuela Raul Castro, de Cuba, ou Lula da Silva, do Brasil, era demasiado assustador para as ambições hegemónicas das potencias ocidentais dominantes e seus aliados submissos.
É por isso, além de mais, que a coligação imperial manda Obama dar o beijo de Judas a Raul Castro, alimenta a desestabilização política e económica na Venezuela, envenena o ambiente na Argentina, e conspira contra Dilma. Não distingue entre regimes democráticos e regimes autoritários mas sim entre regimes submissos, os bons, e regimes soberanos, os maus.
É neste contexto que ocorre a crise na Venezuela de Nicolás Maduro. Uma crise que nasce da guerra económica – armazenamento e desvio clandestino de produtos para desabastecimento do mercado –, sabotagens, contestação violenta (guarimbas), acusações caluniosas e desqualificação dos governantes.
Na Venezuela como no Brasil, o que menos lhes importa é quem ganha as eleições e quais os benefícios sociais distribuídos pela população; o que interessa é que o regime seja servil às conveniências estratégicas, económicas e ideológicas das potências coloniais do novo mundo – este! Nem que seja preciso reeditar um Pinochet, criados os pretextos e recuperadas que vão sendo as condições para isso.
Entretanto, a terra continua a girar, fazendo andar os dias e os anos que estão cada vez menos de feição para aventuras imperialistas. Assim o sol ilumine os povos.
30.4.16
América Latina ameaçada
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24.4.16
Abril em Portugal... e nas Finanças
“Para que Abril se cumpra” falta libertar os contribuintes da perseguição selectiva e do autoritarismo das Finanças, extremamente exigentes e repressivas para os mais frágeis, tolerantes e ineficientes para os grandes criminosos fiscais – seja pela legislação aplicável ou pela aplicação da legislação.
Neste mês de Abril das declarações de IRS, gostava de saber quantos contribuintes preencheram as suas próprias declarações sem ter que recorrer a advogados, contabilistas ou amigos especialmente dotados para lidar com os labirintos da informática, estes agravados ainda mais pelas “actualizações” sistemáticas dos programas ou aplicações de acesso às declarações electrónicas.
E ai de quem não descobrir os caminhos deste labirinto ou não vencer os muitos alçapões que lhes são colocados no percurso. As Finanças, intolerantes e autoritárias, com poder para acusar, julgar, condenar e executar as suas próprias sentenças, cairão em cima dos seus bens, desde a máquina fotográfica até ao apartamento, e levarão tudo o que lhes apetecer.
Há qualquer coisa de fascista nisto, que falta abordar nos meios de informação e no parlamento… para que Abril se cumpra.
O périplo que uma ministra do governo PS anda a fazer pelo país, para recolher queixas e sugestões destinadas à simplificação dos processos administrativos não me convence. Será que as repartições de finanças espalhadas pelo país não são capazes de reportar para o Ministério as dificuldades e as queixas dos contribuintes? Não tem o próprio portal das Finanças “balcões electrónicos” destinados a recolher críticas e reclamações? Não sabe qualquer cidadão, por experiência própria ou por comentários nas redes sociais, o que se passa?
Se é para detectar os problemas, é caso para perguntar onde esteve a ministra até agora. Mais iniciativa e menos propaganda seria mais útil… e democrático.
Todo o respeito e homenagem aos ex-presos políticos inseridos na foto-montagem.
Neste mês de Abril das declarações de IRS, gostava de saber quantos contribuintes preencheram as suas próprias declarações sem ter que recorrer a advogados, contabilistas ou amigos especialmente dotados para lidar com os labirintos da informática, estes agravados ainda mais pelas “actualizações” sistemáticas dos programas ou aplicações de acesso às declarações electrónicas.
E ai de quem não descobrir os caminhos deste labirinto ou não vencer os muitos alçapões que lhes são colocados no percurso. As Finanças, intolerantes e autoritárias, com poder para acusar, julgar, condenar e executar as suas próprias sentenças, cairão em cima dos seus bens, desde a máquina fotográfica até ao apartamento, e levarão tudo o que lhes apetecer.
Há qualquer coisa de fascista nisto, que falta abordar nos meios de informação e no parlamento… para que Abril se cumpra.
O périplo que uma ministra do governo PS anda a fazer pelo país, para recolher queixas e sugestões destinadas à simplificação dos processos administrativos não me convence. Será que as repartições de finanças espalhadas pelo país não são capazes de reportar para o Ministério as dificuldades e as queixas dos contribuintes? Não tem o próprio portal das Finanças “balcões electrónicos” destinados a recolher críticas e reclamações? Não sabe qualquer cidadão, por experiência própria ou por comentários nas redes sociais, o que se passa?
Se é para detectar os problemas, é caso para perguntar onde esteve a ministra até agora. Mais iniciativa e menos propaganda seria mais útil… e democrático.
Todo o respeito e homenagem aos ex-presos políticos inseridos na foto-montagem.
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22.4.16
Brasil no dia seguinte
Se a propaganda da Direita não encontrasse eco na desilusão e revolta de importantes camadas da sociedade brasileira, não teria força nem coragem para levar a cabo o golpe antidemocrático e reaccionário que está em curso.
Já não falo da lama dos processos judiciais como “o mensalão” ou o “lava jato” que salpicaram ou sepultaram dirigentes do PT e dirigentes sindicais, além de membros dos partidos que apoiavam os governos de Lula e de Dilma.
Falo daquilo que é determinante na avaliação popular das políticas e dos políticos, como o emprego e a qualidade dos serviços prestados à população, seja no domínio da saúde ou dos transportes, da habitação ou da segurança.
A população não analisa gráficos económicos, analisa as favelas e o saneamento, as filas de espera e a violência nas ruas. E não compara a situação geral do país com a situação do passado, mas compara o que tem, com aquilo que precisa e em que acreditou.
Por mais milhões de empregos que tenham sido criados, sobram sempre críticas quanto à qualidade e garantias de estabilidade, além de serem sempre menos que os necessários e esperados. Se foram levados à prática programas sociais tão importantes como o Bolsa Família e Fome Zero , as exigências da população, confrontada com a dimensão da corrupção e das carências de um país com duzentos milhões de habitantes, oferecem sempre pretextos à oposição política.
Aqui chegados, a questão é saber se a nova resposta virá de uma direita reaccionária golpista e truculenta, de uma extrema-esquerda populista ou do governo de Dilma Rousseff, mais limpo e mais comprometido com as camadas carenciadas da população.
Já não falo da lama dos processos judiciais como “o mensalão” ou o “lava jato” que salpicaram ou sepultaram dirigentes do PT e dirigentes sindicais, além de membros dos partidos que apoiavam os governos de Lula e de Dilma.
Falo daquilo que é determinante na avaliação popular das políticas e dos políticos, como o emprego e a qualidade dos serviços prestados à população, seja no domínio da saúde ou dos transportes, da habitação ou da segurança.
A população não analisa gráficos económicos, analisa as favelas e o saneamento, as filas de espera e a violência nas ruas. E não compara a situação geral do país com a situação do passado, mas compara o que tem, com aquilo que precisa e em que acreditou.
Por mais milhões de empregos que tenham sido criados, sobram sempre críticas quanto à qualidade e garantias de estabilidade, além de serem sempre menos que os necessários e esperados. Se foram levados à prática programas sociais tão importantes como o Bolsa Família e Fome Zero , as exigências da população, confrontada com a dimensão da corrupção e das carências de um país com duzentos milhões de habitantes, oferecem sempre pretextos à oposição política.
Aqui chegados, a questão é saber se a nova resposta virá de uma direita reaccionária golpista e truculenta, de uma extrema-esquerda populista ou do governo de Dilma Rousseff, mais limpo e mais comprometido com as camadas carenciadas da população.
20.4.16
Talvez Dilma
Os deputados desordeiros da direita golpista no Brasil vieram confirmar a tese marxista de que a classe trabalhadora, os desfavorecidos sociais, não podem chegar ao Poder pela via pacífica porque sempre encontrarão a reacção violenta da Direita.
O governo de Lula significou um recuo estratégico da Direita, numa conjuntura em que convinha à própria classe dominante uma distensão relativa, para que “a corda” não quebrasse, para evitar, enfim, a justiça popular. Uma estratégia que encontrou cumplicidades, porventura estratégicas também, do outro lado do conflito. Era a guerra fria interna do Brasil.
A estratégia de Lula para ocupar o Poder, incluiu cedências tais como a entrega de ministérios inteiros às forças conservadoras, a nomeação de um banqueiro neoliberal para o Ministério das Finanças, a nomeação de uma latifundiária para o Ministério da Agricultura, o congelamento da Reforma Agrária…
As negociações com parlamentares corruptos, em troca de apoio político só resultam, porém, enquanto e na medida em que elas favoreçam as políticas e as práticas corruptas desses deputados.
Garantidas que estão as contradições entre estes e os interesses das populações, tais cumplicidades entre forças progressistas e forças conservadoras ou reaccionárias acabam numa ofensiva destas para depor o poder que as constrange. Nestas circunstâncias, a crise de poder que se instaura, encontra as supostas forças progressistas sem credibilidade para mobilizar o Povo a seu favor. Estão criadas as condições para o golpe.
Os discursos de Dilma Roussef, por mais justos e assertivos que sejam, ainda vão a tempo de evitá-lo? E bastarão? Resistirá o PT a tão grande desgaste de confiança? E se assim não for, haverá alguém ou alguma organização com força moral e capacidade política para recuperar o ímpeto popular de que beneficiou inicialmente Lula da Silva?
Se a contestação social não for equivalente à contestação política, Dilma Rousseff poderá mesmo ser a alternativa a Dilma Rousseff! Com uma nova estratégia, mais arrojada, mais radical e não menos. E sem a sombra de Lula, talvez. Talvez.
O governo de Lula significou um recuo estratégico da Direita, numa conjuntura em que convinha à própria classe dominante uma distensão relativa, para que “a corda” não quebrasse, para evitar, enfim, a justiça popular. Uma estratégia que encontrou cumplicidades, porventura estratégicas também, do outro lado do conflito. Era a guerra fria interna do Brasil.
A estratégia de Lula para ocupar o Poder, incluiu cedências tais como a entrega de ministérios inteiros às forças conservadoras, a nomeação de um banqueiro neoliberal para o Ministério das Finanças, a nomeação de uma latifundiária para o Ministério da Agricultura, o congelamento da Reforma Agrária…
As negociações com parlamentares corruptos, em troca de apoio político só resultam, porém, enquanto e na medida em que elas favoreçam as políticas e as práticas corruptas desses deputados.
Garantidas que estão as contradições entre estes e os interesses das populações, tais cumplicidades entre forças progressistas e forças conservadoras ou reaccionárias acabam numa ofensiva destas para depor o poder que as constrange. Nestas circunstâncias, a crise de poder que se instaura, encontra as supostas forças progressistas sem credibilidade para mobilizar o Povo a seu favor. Estão criadas as condições para o golpe.
Os discursos de Dilma Roussef, por mais justos e assertivos que sejam, ainda vão a tempo de evitá-lo? E bastarão? Resistirá o PT a tão grande desgaste de confiança? E se assim não for, haverá alguém ou alguma organização com força moral e capacidade política para recuperar o ímpeto popular de que beneficiou inicialmente Lula da Silva?
Se a contestação social não for equivalente à contestação política, Dilma Rousseff poderá mesmo ser a alternativa a Dilma Rousseff! Com uma nova estratégia, mais arrojada, mais radical e não menos. E sem a sombra de Lula, talvez. Talvez.
19.4.16
Nem Ordem nem Progresso
O que se passou ontem, 17 de Abril, no Congresso do Brasil, foi de uma falta de dignidade que ultrapassa tudo o que é expectável.
Dilma Roussef não está incriminada em nada; é a destituição de uma presidente, sem qualquer base jurídica nem constitucional para tal. É de arrepiar!
Nada disto vai resolver a situação brasileira, nem sequer a questão económica. Vai apenas deixar os brasileiros completamente divididos; a Economia vai paralizar, não sei como o governo vai funcionar e, olhando para o passado, as coisas estão maduras para um golpe militar.
Excertos do feliz comentário de Miguel Sousa Tavares na SIC/Jornal da Noite de 2016-04-18.
8.4.16
Também peço desculpa
António Costa, o Primeiro-Ministro, veio a terreiro pedir desculpa por palavras… que não disse. Podemos esperar que o Augusto M. Seabra e o Vasco “Pulido” Valente – olha quem! - venham pedir desculpas públicas pelas palavras que disseram?
Em nome da liberdade de expressão que lhes é tão cara ou proveitosa, antecipo o meu pedido de desculpas aos três contendores, Só Ares, Mau Gusto e Pu Lido, para os mandar ao raio que os parta.
Em nome da liberdade de expressão que lhes é tão cara ou proveitosa, antecipo o meu pedido de desculpas aos três contendores, Só Ares, Mau Gusto e Pu Lido, para os mandar ao raio que os parta.
4.4.16
3.4.16
Declaração de voto
O Partido Comunista Português tem uma história riquíssima de luta contra o fascismo português e o colonialismo, nomeadamente em solidariedade com o Movimento Popular de Libertação de Angola.
Esses laços históricos não podem deixar de ter ainda agora um peso muito importante na relação institucional entre o PCP e o MPLA, o que me parece ser um elemento fundamental na posição que tomou na Assembleia da República, contra a condenação do governo angolano.
O Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista os Verdes, porque não têm história, não têm esse constrangimento.
Por outro lado, as posições individuais dos deputados e até as posições dos partidos políticos, têm um caracter e uma importância diferente das posições do Estado. Ora o que teve de grave a iniciativa do BE, foi colocar na esfera do estado português a responsabilidade de condenar o estado angolano.
Outro aspecto reprovável da iniciativa do Bloco, é a provocação que faz, com isto, ao PCP com quem tem neste momento uma parceria de responsabilidades no apoio ao governo português do Partido Socialista.
Faltou à direcção do Bloco de Esquerda o sentido de responsabilidade e de oportunidade que, por maioria de razão, se podia esperar do Partido Socialista que tem um historial em Angola de luta contra o MPLA, ao lado da UNITA.
Entretanto, uma tomada de posição não governemental contra o regime autoritário e cleptocrático vigente em Angola, seria bem-vinda e aí estaria eu e certamente muitos comunistas.
Esses laços históricos não podem deixar de ter ainda agora um peso muito importante na relação institucional entre o PCP e o MPLA, o que me parece ser um elemento fundamental na posição que tomou na Assembleia da República, contra a condenação do governo angolano.
O Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista os Verdes, porque não têm história, não têm esse constrangimento.
Por outro lado, as posições individuais dos deputados e até as posições dos partidos políticos, têm um caracter e uma importância diferente das posições do Estado. Ora o que teve de grave a iniciativa do BE, foi colocar na esfera do estado português a responsabilidade de condenar o estado angolano.
Outro aspecto reprovável da iniciativa do Bloco, é a provocação que faz, com isto, ao PCP com quem tem neste momento uma parceria de responsabilidades no apoio ao governo português do Partido Socialista.
Faltou à direcção do Bloco de Esquerda o sentido de responsabilidade e de oportunidade que, por maioria de razão, se podia esperar do Partido Socialista que tem um historial em Angola de luta contra o MPLA, ao lado da UNITA.
Entretanto, uma tomada de posição não governemental contra o regime autoritário e cleptocrático vigente em Angola, seria bem-vinda e aí estaria eu e certamente muitos comunistas.
2.4.16
Passos Rangel ou vice versa
Passos Coelho não disse o que disse por ser o dia das mentiras. Mas talvez porque sabe que ninguém acredita no que ele diz, de tal modo as políticas que levou à prática desmentiram tudo o que prometeu para ser Governo.
Passos Coelho sabe que o seu discurso político tem valor facial, apenas. E sabe que nós sabemos isso. Logo, confia em que os seus cúmplices confiem, eles próprios, no pensamento dele e não no seu discurso nebuloso.
Quando disse que a maioria que sustenta este governo, é consistente, ele não disse que é boa! Foi como dizer que Álvaro Cunhal era coerente… - falso elogio usado pelos adversários politicamente-correctos. E daí?
O discurso desta sexta-feira é, nesta parte, uma charla para ser decifrada no domingo. Pelo menos no seu valor facial. Será que vamos ao menos saber o que “quis dizer” Passos Coelho quando afirmou que “sobrarão muitas razões para que o PSD possa ambicionar ganhar eleições no futuro”, mesmo que as coisas corram bem ao actual Governo?
Pelo sim, pelo não, para saber o que pensa realmente Passos Coelho, o melhor é ouvir o que diz Paulo Rangel.
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