29.9.19

O medo em política


Se “a fé move montanhas”, é algo que nunca se provou. O que está provado é que o medo, esse sim, pode mover montanhas de votos. Foi assim com a queda eleitoral dos partidos de direita que integraram o governo de Passos Coelho. Que este tenha aprendido à sua custa, digamos assim, a importância do medo no processo eleitoral, pretendendo utilizá-lo na ameaça sobre “a vinda do diabo”, não surtiu o efeito pretendido porque encontrou nos cidadãos uma enorme desconfiança – o medo de serem enganados!

O medo da maioria absoluta do PS, o medo do radicalismo do BE, o medo do comunismo do PCP, o medo de perder as reposições de rendimentos, o medo!, é talvez o mecanismo  mais recorrente da estratégia política . Outra coisa é saber geri-lo.

Não há nesta constatação uma censura ao sentimento do medo, muitas vezes legítimo e até prudente, mas há que ter em conta que este sentimento é explorado no discurso político (não mais que na estratégia militar e muito menos que na estratégia religiosa) como instrumento de manipulação sobretudo em contexto eleitoral. Isto é: há que ter medo dos nossos próprios medos assim como duvidar dos exageros da fé. 


28.9.19

Ecologia e socialismo

Tem razão a CDU quando diz que “o capitalismo não é verde”. Os acontecimentos actuais na Amazónia, p.e., o demonstram. Mas isso significa o quê? Que o socialismo é verde? 

O país mais poluidor do mundo é a China... comunista. E a União Soviética não foi um exemplo mais feliz. E o que dizer da tragédia de Chernobil, na União Soviética? Foi mais verde do que o acidente nuclear de Fukushima, no Japão? Não, não é por aí.

Um socialismo utópico talvez seja verde mas disso sabemos tanto como da cor dos marcianos. E afinal o que seria um socialismo verde?  Aqueles que fazem da expressão um lema de propaganda, que respondam.


(Excerto submetido a recomposição gráfica)

22.9.19

As antenas de Rui Pinto

Ouvi dizer que os cabelos eriçados do Rui Pinto seriam antenas com que ele estava permanentemente em contacto com o exterior, recebendo e enviando informações. Mas é possível que se trate apenas de especulação. Quando o vir aqui por Gaia vou-lhe perguntar.



Mas o que eu queria mesmo saber era  por que ele está  a ser tão incriminado e as entidades que ele acusa estão a ser tão poupadas. 

Haverá aqui alguma intenção que deva ser investigada? Não acredito...
O que eu acredito é que os cabelos do rapaz são fibras capilares - e são mesmo.

16.9.19

Venezuela na mira

A vaga de informação lançada há um ano sobre o êxodo em massa de venezuelanos, que estariam a fugir “da fome e da ditadura de Nicolás Maduro”, foi uma campanha de desestabilização organizada e inserida no processo de guerra híbrida comandada pelos Estados Unidos, confirmam agora dados divulgados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

(Estes dados) vêm comprovar a falsidade da campanha. As estatísticas oficiais, relativas a 31 de Dezembro de 2018, revelam a existência de 341 800 refugiados venezuelanos, muitos dos quais já regressaram ao país ao constatarem o logro em que caíram depois de terem sido aliciados por promessas que não se cumpriram.

Excerto de um artigo publicado em O Lado Oculto

10.9.19

Interpretando o museu

Chame-se Museu Salazar ou Centro Interpretativo blá blá, não é por chamar gato ao cão que este começa a miar. O projecto não podia ser menos oportuno.

Tratando-se de "apenas e só fazer um levantamento científico e histórico de um regime político, enquanto acontecimento factual", onde cabe a designação de centro interpretativo?

Um dos argumentos que se lançam a favor da iniciativa é o valor da “imparcialidade”. Cumpre prevenir os incautos de que a justiça não é imparcial quando condena um criminoso mas sim quando o julga. Reconhecido o crime, a sociedade deixa de tolerar o infractor. E o crime hediondo que constituiu o regime do Estado Novo foi julgado e condenado em 25 de Abril de 1974. E não é reabilitável! Isto sem acrescentar que é prudente, sempre, pensar duas vezes antes de aceitar declarações de imparcialidade!

Das mesmas bandas intelectuais dos defensores do museu de Salazar – ou é só razões turísticas que pretendem criá-lo na terra do ditador? – emana o argumento de que a sua obstrução seria contrária à liberdade de expressão. Aqui fingem ignorar que o maior inimigo das liberdades é o abuso. E que esses abusos perigosos para a sociedade não podem evitar-se apenas com as leis democráticas mas carecem também de práticas democráticas, nomeadamente a oposição aos avanços ideológicos fascizantes.

Há quem alegue que “a Democracia não pode ter medo dos autoritarismos e totalitarismos que procura atacar, nem dos seus eventuais defensores”. Mas  é precisamente dos autoritarismos e totalitarismos que a Democracia deve ter medo – esse medo-útil que avisa dos perigos!


Pior que tudo, há quem finja que as correntes fascizantes não têm eco na opinião pública. Como se as Marine Le Pen da Europa ou os Bolsonaros da América do Sul fossem fenómenos insignificantes – refiro-me aos votos que os elegeram, mais do que a eles próprios.