Se "os fins", que são incertos e frágeis, justificam "os meios" que são reais e sacrifíciais, então Estaline estava certo por maioria de razão já que eram mais justos e generosos "os fins" que o seu regime proclamava.
30.6.11
18.6.11
Afiam-se as facas
Enquanto os anestesistas vão fazendo o seu trabalho nas televisões e os cirurgiões afiam as facas para nos tratarem da saúde, aproveitemos para lembrar como os mesmos nos ajudaram a adoecer com as suas receitas. E em espanhol, para disfarçar.
sueldo = ordenado
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16.6.11
Quem julga os juízes?
Um mês depois de nascer o Movimento 15M, de Espanha, um grupo integrante dos seus “indignados” tentou impedir de forma violenta a entrada dos 135 deputados que compõem o parlamento da Catalunha.
«... incidentes que esta mañana han obligado al Gobierno catalán y 24 diputados a acceder en helicóptero al Parlament de Cataluña tras los ataques que han sufrido varios parlamentarios cuando trataban de acceder a la Cámara»
«... Los indignados habían pedido por carta a los diputados del Parlament que no acudieran a la sesión plenaria para tramitar los presupuestos de la Generalitat y que boicotearan los recortes. En la misiva instaban a los parlamentarios que a título individual, "si son conscientes de lo que supondrán los recortes para la mayoría de la población", no acudieran al Parlament. "Si venís y nos encontráis a la puertas, dad la vuelta o uniros a nosotros", proclamaban». EL PAÍS
Em Espanha discute-se a legitimidade das acções do Movimento 15M, independentemente das acções violentas e das motivações sociais concretas.
De notar que este protesto visava contestar um debate agendado sobre o orçamento da Catalunha que prevê uma redução em cerca de 10 por cento das despesas públicas e de prestações sociais e na área da saúde.
Há uma tendência de políticos e jornalistas para que se estabeleça uma forma de comunicação do Movimento com o Parlamento e, desde logo, se identifiquem os seus objectivos e representantes. Não percebem que os “indignados” rejeitam os deputados e os governantes como interlocutores; denunciam, pelo contrário, o sistema com que estes dominam a sociedade.
Representantes? Programas? Acordos? Subordinação ás legitimidades formais? Isso são as ferramentas "legitimadoras" da dominação. Essa é a armadilha em que não podem deixar-se prender. O seu papel não é governar, é denunciar e exigir aos governantes que governem ao serviço da nação, quando os deputados não querem ou não são capazes de assumir essa função.
Os cidadãos não precisam de ser dentistas para saberem que lhes doem os dentes, não precisam de ser economistas para saber que não ganham para viver nem precisam de ser advogados para se oporem à corrupção. Não têm que envolver-se em discussões técnicas mas avaliar a prática governativa.
Alguém terá que julgar os juízes!
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13.6.11
Santos populares
Santo António, que não era António mas Fernando, comemora-se a 13 de Junho que não é o dia em que nasceu mas aquele em que morreu – como se a sua morte devesse ser celebrada, não a vida. Ainda por cima a sua morte ocorreu em Pádua, Itália, e não em Lisboa onde nasceu num Agosto de ano incerto.
O seu mérito não foi fazer milagres, que os faz Deus, se faz, e não os santos que podem apenas interceder junto daquele, dadas as boas relações “pessoais” existentes. No que ele era bom, era a falar.
Nem Pacheco Pereira, nem Rebelo de Sousa se lhe igualam – e muito menos em sábia humildade. António, digo Fernando, teve por isso o reconhecimento dos seus pares – mais uma diferença – e um auditório internacional, ouvido que era em Portugal, na França, em Itália... Se fosse homem de perder a cabeça, teria ido a Marrocos, como outros foram, mas foi melhor assim pois já dizia Marx nas suas tiradas pró-materialistas que não há pensamento sem cabeça!
Haveria de perdê-la S. João Baptista às ordens de Salomé – que nem se lhe conhece outra mulher por quem o santo, apesar da fama, a tivesse perdido.
Curiosamente, no caso de S. João que o Porto perfilhou sem ser da terra, comemora-se o nascimento e não a morte. Enfim, nisto de ter fama o que conta é ter sorte! E daí, voltando aos sermões de Pacheco e Marcelo, pertencer à seita adequada não será indiferente.
O seu mérito não foi fazer milagres, que os faz Deus, se faz, e não os santos que podem apenas interceder junto daquele, dadas as boas relações “pessoais” existentes. No que ele era bom, era a falar.
Nem Pacheco Pereira, nem Rebelo de Sousa se lhe igualam – e muito menos em sábia humildade. António, digo Fernando, teve por isso o reconhecimento dos seus pares – mais uma diferença – e um auditório internacional, ouvido que era em Portugal, na França, em Itália... Se fosse homem de perder a cabeça, teria ido a Marrocos, como outros foram, mas foi melhor assim pois já dizia Marx nas suas tiradas pró-materialistas que não há pensamento sem cabeça!
Haveria de perdê-la S. João Baptista às ordens de Salomé – que nem se lhe conhece outra mulher por quem o santo, apesar da fama, a tivesse perdido.
Curiosamente, no caso de S. João que o Porto perfilhou sem ser da terra, comemora-se o nascimento e não a morte. Enfim, nisto de ter fama o que conta é ter sorte! E daí, voltando aos sermões de Pacheco e Marcelo, pertencer à seita adequada não será indiferente.
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8.6.11
Psicologia do eleitor
Nota prévia segundo Karl Marx:
"Ser radical é resolver os problemas desde a própria raiz"
No quadro seguinte atrevo-me a fazer uma arrumação dos eleitores por motivações psicológicas. Imagino que esta classificação ajude a compreender o que há de mais constante nas deslocações do eleitorado ao longo do tempo.
"Ser radical é resolver os problemas desde a própria raiz"
No quadro seguinte atrevo-me a fazer uma arrumação dos eleitores por motivações psicológicas. Imagino que esta classificação ajude a compreender o que há de mais constante nas deslocações do eleitorado ao longo do tempo.
(PREMIR NO GRÁFICO PARA AMPLIÁ-LO)
Sei que a realidade é mais complexa e a explicação mais complicada. Mas "para o que me pagam - como dizia outro blogueiro - a mais não me sinto obrigado".
7.6.11
Lembrando... o futuro
Invocando as lutas estudantis em Portugal durante a ditadura de Salazar, por comparação com o Maio de 68 em Paris, Eduarda Dionísio lembrava num artigo do seu blogue Pimenta Negra esta coisa insólita:
«Quarenta anos depois, ninguém dirá que vários governantes, deputados e destacados dirigentes partidários (de agora) foram os que imaginaram e fizeram estas lutas, passadas e apagadas.
E que o autor e apresentador (na televisão pública) de um programa semanal, que se diz «de História», foi o Ministro da Educação que as reprimiu em 1969».
Este fenómeno de ausência de memória, dos mais novos, e apagamento da memória, dos mais velhos, mas também de tolerância injustificável para com os verdugos da humanidade, esta cumplicidade com o crime, encontrámo-la já noutros países, e não faltou quase nada para reaparecer de forma incompreensível no Peru, este fim de semana em que as eleições presidenciais deram uma diferença mínima entre os dois candidatos da segunda volta: 51,37% para Humala, contra 48,63% para Keiko.
Keiko Fujimori, a filha do ditador Alberto Fujimori não responde pelos crimes do seu pai, ex-presidente condenado em 2009 a 25 anos de prisão por autoria intelectual de duas chacinas que mataram 25 pessoas, além de casos de corrupção. Mas a actual candidata fez questão de defendê-lo e de se identificar com ele ao ponto de Mario Vargas Llosa, que não é propriamente um esquerdista, dizer que a derrota de Keiko "foi uma derrota do fascismo”. O facto é que, na criação do seu partido, ela declarou: “Vamos a demostrar que el pueblo no está de acuerdo con el linchamiento que se está haciendo con Alberto Fujimori”.
A cortesia com que Keiko lidou com o seu opositor, o novopresidente eleito Ollanta Humala, assim que foram conhecidos os resultados, tem que ser entendida à luz das diligências para Fujimori-filha livrar o pai da Justiça.
Voltando aos resultados eleitorais em Portugal, fico igualmente apreensivo. Admito que o CDS-PP já não seja o partido que nos anos 70 albergou a extrema-direita descontente com a revolução de 1974, mas não deixa de ser preocupante a entrada para o Governo de Portugal, de um partido que herdou um passado tão suspeito. Por alguma razão Paulo Portas pedia agora que votassem nas pessoas e esquecessem o partido...
Passos Coelho e Paulo Portas em debate eleitoral na SIC
«Quarenta anos depois, ninguém dirá que vários governantes, deputados e destacados dirigentes partidários (de agora) foram os que imaginaram e fizeram estas lutas, passadas e apagadas.
E que o autor e apresentador (na televisão pública) de um programa semanal, que se diz «de História», foi o Ministro da Educação que as reprimiu em 1969».
Este fenómeno de ausência de memória, dos mais novos, e apagamento da memória, dos mais velhos, mas também de tolerância injustificável para com os verdugos da humanidade, esta cumplicidade com o crime, encontrámo-la já noutros países, e não faltou quase nada para reaparecer de forma incompreensível no Peru, este fim de semana em que as eleições presidenciais deram uma diferença mínima entre os dois candidatos da segunda volta: 51,37% para Humala, contra 48,63% para Keiko.
Keiko Fujimori, a filha do ditador Alberto Fujimori não responde pelos crimes do seu pai, ex-presidente condenado em 2009 a 25 anos de prisão por autoria intelectual de duas chacinas que mataram 25 pessoas, além de casos de corrupção. Mas a actual candidata fez questão de defendê-lo e de se identificar com ele ao ponto de Mario Vargas Llosa, que não é propriamente um esquerdista, dizer que a derrota de Keiko "foi uma derrota do fascismo”. O facto é que, na criação do seu partido, ela declarou: “Vamos a demostrar que el pueblo no está de acuerdo con el linchamiento que se está haciendo con Alberto Fujimori”.
A cortesia com que Keiko lidou com o seu opositor, o novopresidente eleito Ollanta Humala, assim que foram conhecidos os resultados, tem que ser entendida à luz das diligências para Fujimori-filha livrar o pai da Justiça.
Voltando aos resultados eleitorais em Portugal, fico igualmente apreensivo. Admito que o CDS-PP já não seja o partido que nos anos 70 albergou a extrema-direita descontente com a revolução de 1974, mas não deixa de ser preocupante a entrada para o Governo de Portugal, de um partido que herdou um passado tão suspeito. Por alguma razão Paulo Portas pedia agora que votassem nas pessoas e esquecessem o partido...
Passos Coelho e Paulo Portas em debate eleitoral na SIC
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5.6.11
Foi para isto
A Direita ganhou as eleições em Portugal. E agora é a vez de perguntar se “foi para isto” que o governo de José Sócrates prosseguiu uma política liberal de submissão aos interesses dos privilegiados e de sacrifício dos mais necessitados. Ao prosseguir tal política, o PS demitiu-se de ser alternativa ao liberalismo, conferiu autoridade à Direita.
A História me absolverá! – disse Sócrates, por palavras parecidas, na hora de abandonar o barco. Como se a derrota do PS não tivesse sido sobretudo a derrota da sua credibilidade e da sua estratégia.
“Foi para isto” que o povo português deu a vitória à Direita? – Perguntará daqui a pouco tempo o PS. Só que desta vez terá que fazer esta pergunta das bancadas da Oposição e sem qualquer autoridade moral nem eficácia. Parabéns.
A História me absolverá! – disse Sócrates, por palavras parecidas, na hora de abandonar o barco. Como se a derrota do PS não tivesse sido sobretudo a derrota da sua credibilidade e da sua estratégia.
“Foi para isto” que o povo português deu a vitória à Direita? – Perguntará daqui a pouco tempo o PS. Só que desta vez terá que fazer esta pergunta das bancadas da Oposição e sem qualquer autoridade moral nem eficácia. Parabéns.
Porque hoje é domingo... eleitoral
Junto-me ao discurso de Cavaco Silva! Não resolve nada lavar as mãos como Pilatos, quando o castigo vier.
Ao contrário do episódio bíblico, segundo o qual o povo foi chamado a escolher entre dois homens que amavam o seu povo, Jesus e Barrabás, neste domingo dia 5 de Junho do ano da graça de 2011, o povo tem dois maus candidatos destacados para escolher.
Nestas condições será melhor que condene os malfeitores e dê vida ás bancadas da Esquerda.
Ao contrário do episódio bíblico, segundo o qual o povo foi chamado a escolher entre dois homens que amavam o seu povo, Jesus e Barrabás, neste domingo dia 5 de Junho do ano da graça de 2011, o povo tem dois maus candidatos destacados para escolher.
Nestas condições será melhor que condene os malfeitores e dê vida ás bancadas da Esquerda.
4.6.11
Luto nacional
1.6.11
Os fins e os meios
A propósito do Memorando assinado pelo Governo com a "troika", discutia-se uma velha questão: se os fins justificavam os meios.
Os fins seriam, como se faz crer, "salvar o país da banca-rota". Os meios seriam, como é bom saber, a precarização do trabalho e a facilitação dos despedimentos, reduções de salários e congelamento de pensões, aumento dos impostos sobre os trabalhadores, privatizações...
Nada que preocupasse o Albino, tão cínico como o seu homónimo Forjaz Sampaio, desempregado militante cujos compromissos com a sociedade não eram nenhuns e que fazia apenas o que a ele próprio aproveitasse - no seu próprio dizer: beber e f...!
Para mim - rematou o Albino quando lhe apeteceu virar a mesa de discussão - os finos justificam as meias! *
Eu já vi o Albino a comer sardinhas numa campanha eleitoral; o que nunca vi foi o Albino a votar. E nada me faz crer que o vai fazer agora.
Confrontei-o, por isso, com esta sentença de Albert Einstein: «O Mundo não está ameaçado pelas pessoas más e sim por aquelas que permitem a maldade». E fiz-lhe notar, o que não seria necessário, que nós temos as políticas que queremos.
O Albino que no fundo é um filósofo dos antigos, pediu inspiração num gole de cerveja e enquanto limpava os lábios com as costas da mão, pôs uma cara de anjo que me fez lembrar Jerónimo de Sousa, e respondeu: - Eu só não vou votar porque não quero "merlindrar" ninguém...
Definitivamente, o Albino, já não é um homem deste tempo; deixou-se ultrapassar pelo cinismo moderno !
NOTA: Para quem não fôr do Norte, o "fino" é um copo de cerveja a que noutros lugares chamam "imperial".
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