29.4.11

Alianças... há muitas!

Para contrariar a Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA), de que tanto se orgulha Hugo Chavez, um conjunto de países da mesma região acaba de iniciar um processo de formação de uma outra aliança económica, esta na esfera ideológica do "capitalismo ó muerte" – é a Alianza del Pacífico Latinoamericano que integra México, Chile, Perú y Colombia.

O mexicano Felipe Calderón parece ser o Chavez desta aliança (ambos na foto), Alan Garcia oferece as instalações em Lima para assinatura do acordo oficial (AIP), Juan Manuel Santos mostra que a nova relação da Colombia com a Venezuela é mais para afastar Chavez das FARC, e Sebastián Piñera fica sempre bem à frente das câmaras como se viu quando dividia ostensivamente os focos das televisões de todo o mundo durante a operação de resgate dos mineiros soterrados no Chile.


Na foto, em camisa, à direita da resgatada Ingrid Betancourt, o presidente da Colômbia, Santos, quando era “apenas” Ministro da Defesa no governo de Álvaro Uribe

Há quem leve a coisa mais a sério do que isto.
Recorto dois comentários significativos.

De um leitor anónimo de um jornal mexicano “on-line”:
- Veran que en unos años la Alianza del Pacifico sera un bloque prospero, casi de primer mundo, y el ALBA estara sumido en la miseria.

Do presidente adjunto do Forum Económico Mundial sobre a América Latina, que começou esta quinta-feira no Río de Janeiro (sem Dilma):
- Além de reforçar uma estratégia conjunta de diálogo político, a iniciativa servirá de projecção no mercado asiático, mais ainda considerando que México, Chile e Perú já formam parte do Foro de Cooperación Económica del Asia Pacífico (APEC).

Aqui está uma escolha para o próximo governo português, se for expulso da UE: Chavez ou Calderón?

28.4.11

Divino humor

Lembra-te homem, que és homem
- antes de seres empresário, ministro ou papa.

21.4.11

Fidel não é Fidel

Eu tinha prometido a mim próprio que não voltaria a perder tempo com os Castros, a ditadura cubana, o uso fraudulento da palavra revolução... Mas, como ninguém soube, posso desabafar uma vez mais, nesta oportunidade do VI Congresso do PCC.

E não tanto por causa de Cuba ou dos Castros.

A revolução cubana impõe aos cidadãos uma fonte única de informação, uma única opinião política, com perseguição aos discordantes, prisão política a um nível nunca antes praticado, atraso económico gritante e um partido comunista omnipresente e omnipotente.

O PCC que impõe a autoridade dos irmãos Castro sobre tudo e sobre todos, que não se distingue do Governo e que finge representar o povo, mais, que finge emergir do povo, tem um objectivo declarado mas nunca se traduz em nada de frutuoso, “a revolução”. Também tem um inimigo de estimação ora real ora fantasmagórico, "o império". Só não tem governantes competentes, dirigentes democráticos e legitimidade assente na livre escolha popular dos seus orgãos políticos, das suas instituições e dos seus dirigentes.

O VI Congresso do P. C. de Cuba funciona nos moldes fraudulentos e muito experimentados noutros partidos comunistas, o P. C. Português incluído, em que o jogo de bastidores é tudo e o resto é uma extensa e complicada máquina de ilusões.

É um labirinto intrincado e vigiado por onde circulam os “delegados” e as “propostas” saídos e saídas – dizem – de “milhares de reuniões amplamente participadas”, que na melhor das hipóteses se debruçam sobre um extenso documento pré-elaborado pela Direcção, tudo muito bem manipulado pelo aparelho partidário profissional que assegura ele próprio todos os aspectos de funcionamento.

As reuniões decorrem em núcleos estanques, de modo que não se possa formar nunca uma corrente de opinião divergente do texto base. Tais opiniões, quando surgem, morrem silenciosamente no próprio núcleo(*1). É o que entendem por "centralismo democrático"

Assim como em Cuba as decisões são “amplamente participadas” desde que não se abra a porta aos discordantes e às discordâncias, também no PCP. Além de que a escolha dos temas e a forma como se apresentam a discussão dos participantes é já uma selecção do que “convém” e uma censura do que não convém abordar. Para isso existe uma "comissão de redacção" formada por dirigentes da máxima confiança política, não por redactores. Depois, uma maioria de funcionários nos lugares de decisão e nos congressos, filtra o resto e segura o emprego – que ser funcionário é depender economicamente de quem dirige o partido.

Regimes “apoiados” por enormes manifestações de massas... sem alternativa, enchem tragicamente as páginas da História. Um simples congresso de um partido sem poder, como o caso do PCP, não merece que se lhe compare, portanto. A não ser que em tudo o mais seja igual e que declare a torto e a direito a sua vocação para o autoritarismo, como vai acontecendo aqui e ali e no Avante.

Infelizmente, e ao contrário do que afirmou tão enfaticamente Raúl Castro no seu congresso, Fidel não é Fidel. Ensina a escola filosófica em que assenta o Movimento Comunista (*2), que Fidel é Fidel mais aquilo em que ele se transforma...
Quem diz Fidel, diz a revolução!

(*1) Pelo menos 45 propostas que se fizeram nas bases do PCC não chegaram ao congresso. O tema "emigração" que é incontornável na política e na vida cubana, não mereceu qualquer referência.
(*2)Materialismo Dialectico


Pode ver AQUIuma opinião genérica sobre o Congresso do PCC.

14.4.11

Vai de roda, FMI

Se Portugal ainda é o que era... ... o FMI irá embora sem "nos" emprestar dinheiro, as eleições antecipadas de Junho deixarão tudo na mesma, e um qualquer Filipe ou Philip será proclamado rei de Portugal nas cortes de Bruxelas ou, pelo menos, administrador da nossa fazenda ao serviço duma qualquer Casa de Habsburgo (Haus von Habsburg) - família imperial (do Sacro Império Franco Germânico), com a compreensão e apoio da nobreza política e da burguesia endinheirada ex-nacional.

Até que um movimento patriótico formado por homens e mulheres que preferem morrer de pé do que viver ajoelhados, atire pela janela os agiotas e restaure a independência nacional.

Para o papel de D. João IV servirá qualquer actor; para o papel dos revoltosos é que só mesmo o povo.

NOTA: A pintura inicial é de Sousa Chantre e foi recortada em JOKERARTGALLERY.COM

11.4.11

Incolor, inodoro e insípido ?

Já não era fácil entender Vital Moreira na sua fidelidade doentia a José Sócrates quer chovesse quer fizesse sol... no Governo. Ana Gomes, cujo discurso eu distinguia no blogue colectivo Causa Nossa, sem precisar de ler quem o subscrevia, ela que disse de Jorge Sampaio que não sabia por que ele ainda estava no PS..., ela vem agora abalar a minha confiança na Humanidade com a defesa da política liberal do PS de Sócrates. O próprio Manuel Alegre não surpreenderia tanto.
Mas para que o meu coração explodisse de indignação, o incolor, inodoro e insípido Fernando Nobre coloca-se ao serviço do PSD numa descarada, oportunista, cedência ao Poder.

Ao que parece, cada grande partido, para manter a gordura, precisa do seu "Vital Moreira" de quem é mais fácil entender os fins do que os princípios que os norteiam. Mas os eleitores, quando é que aprendem que os partidos não se medem aos palmos?!

10.4.11

Um país, um partido, um homem

«Fue José Martí quien en 1882 adelantó la idea de que únicamente a través de un solo partido podía dirigirse la lucha del pueblo de Cuba por su independencia, para unificar los esfuerzos de todos los cubanos y desenmascarar las tendencias antinacionales nacidas en el seno de estos. (...) El Partido Revolucionario Cubano, es el pueblo cubano».

Isto e mais um infinito relambório, ainda assim muito parcial, selectivo, é publicado com destaque no Granma, o jornal oficial de Cuba.

Muito significativa esta invocação, no âmbito da preparação do VI Congresso do Partido Comunista Cubano que se realiza... 190 anos depois do texto recortado. Melhor que isto só a Líbia onde não há partido político algum. Ou é a mesma coisa?

8.4.11

Pela Esquerda Unida

para depor a Direita

«O Bloco tem crescido em todas as eleições nacionais. Em dez anos, passou de 2 para 16 deputadas e deputados, e de menos de 2% para cerca de 10%. Nenhum outro partido na história da democracia portuguesa obteve estes resultados sustentados. O Bloco de Esquerda é uma força nacional e é uma força social representativa». Assim afirmava a sua Comissão Política ao analisar os resultados das eleições de 27 de Setembro de 2009, para a Assembleia da República.

Por sua vez e na mesma circunstância, Jerónimo de Sousa declarava: «O resultado da CDU traduzido no aumento da sua expressão eleitoral, com um resultado de cerca de 8% no quadro do aumento do seu número de votos, constitui (...) um importante estimulo para a construção de mais e maiores avanços nas próximas eleições autárquicas». E, mais adiante: «O resultado do PSD, associado à perda da maioria absoluta pelo PS, confirma o descrédito da política da direita».

A situação política parece apontar para uma continuada perda de votos do PS que tenderão a beneficiar o PSD, mas não menos parece razoável esperar que um e outro destes partidos despejem votos para a abstenção devido à semelhança de políticas e de estilos. Isto reforça a necessidade da esquerda real atrair para si a expressão da desilusão nos partidos “do arco da governação” tradicional.

Da reunião entre o BE e o PCP recorto esta passagem da declaração do PCP que muitos gostariam, e gostariam muito, que fosse levada a sério pelos participantes e por aqueles a quem o seu projecto de convergência apela:

«A actual situação impõe uma ruptura com a política de direita, uma política alternativa patriótica e de esquerda capaz de abrir caminho ao desenvolvimento económico, ao progresso social e à afirmação soberana do interesse nacional, que exige para a sua concretização a formação dum governo patriótico e de esquerda, capaz de assegurar uma nova fase da vida do País. Um governo constituído com base nas forças e sectores políticos, democratas e personalidades independentes, que se identificam com a política patriótica e de esquerda, apoiado pelas organizações e movimentos de massas dos sectores sociais anti-monopolistas».

Se alguma coisa a Esquerda tem que aprender com a Direita é a remeter para segundo plano os preconceitos sectários em benefício dos objectivos políticos. O Bloco dá mostras de ter evoluído das suas “jogadas individualistas” de colagem oportunista a Manuel Alegre, e o PCP mostra-se receptivo a essa evolução e tem a coragem de acalmar finalmente no seu interior as correntes mais fechadas. Se isto for para continuar, ainda vai valer a pena celebrar o “25 de Abril”.

6.4.11

FMI jamais!

O primeiro-ministro e líder do PS, José Sócrates, revelou (no dia 19 de Março) que não está disponível para governar o país com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e reafirmou que Portugal não precisa de ajuda externa.

"Eu não estou disponível, da minha parte, para governar com o FMI", afirmou Sócrates, que falava na apresentação da moção de recandidatura como secretário-geral do Partido Socialista (PS), no Porto.


Sócrates disse que "a agenda do FMI e da ajuda externa levaria o país a suportar programas que põem em causa não só o nosso estado social mas também o que é a qualidade de vida de muitos portugueses".

4.4.11

Comunistas primários

Assim como acontece com os anti-comunistas, também os comunistas podem ser classificados em “primários” e... normais. O amigo R. a quem nós chamávamos carinhosamente de Staline (!), identificava-se com o comunismo primário, uma grelha simplificada e deformada de análise que comprime as diversidades em dois campos, como se a Humanidade vivesse entrincheirada e o mundo fosse um cenário de guerra. Esta visão levava-o a considerar com toda a facilidade que Gorbachov não passou de um traidor, que Mário Soares era agente da CIA e que eu sou “uma folha seca”, como diz secamente Jerónimo de Sousa.

Se o amigo R., fosse ignorante, podia vir a ser esclarecido; se fosse estúpido, podia ser perdoado, mas ele era outra coisa: um comunista primário. Como os anti-comunistas primários, não tinha por onde evoluir, escolhera aquela personagem e representava-a, com ou sem convicção, em todas as circunstâncias.

Este método infantil de análise política e social ocorre hoje com patética exuberância nas “Reflexiones” de Fidel Castro e nas “conversas em família” de Hugo Chavez, mas também num vasto espaço do movimento comunista assumido e organizado que não se fica pelo Partido Comunista Português e até abrange sectores que simplesmente, simplificadamente, se inscrevem no anti-imperialismo à maneira do século passado. Instalados em conceitos formais, barricados no medo de arriscar, repudiam as lutas populares e os seus apoiantes se não forem lideradas por homens da sua confiança política, se não seguirem atrás duma bandeira que se confunda com a sua. Sob o manto diáfano das bandeiras em que confiam, poderão revelar-se regimes corruptos, injustos, violentos, que sempre terão a confiança destes amigos incondicionais. O anti-imperialismo tudo justifica.

É assim que parece ganhar força a corrente que condena a intervenção da ONU na Líbia, que é como quem diz, que se coloca do lado da família Khadafi contra a família líbia, do lado do ditador contra o movimento de protesto democrático. Uma corrente que parece ganhar força porque os revoltosos se revelam cada vez mais frágeis no confronto com as forças armadas do regime.

É uma interpretação estranha de “libertação dos povos”, de “internacionalismo”, de socialismo. É a visão de quem nasceu para combater os dinossauros e faz disso o seu objectivo de vida mesmo que eles tenham sido extintos há 65 milhões de anos – não percebendo que os animais mudam de tamanho e de forma como tudo o que é vivo; não percebendo ou não querendo perceber os fenómenos contraditórios e conflituais que se desenvolvem no seio dos próprios países.

A intervenção estrangeira nascida para impedir um massacre na Líbia, pode descambar apesar de todas as garantias e reservas declaradas pelos países intervenientes, mas não é pelo desvio que se identifica o caminho. Mais, é na medida em que somos autores do traçado que temos autoridade para corrigir os desvios.

Num processo de desfecho incerto há uma certeza que conviria reter: a aspiração de um povo à liberdade política e cívica, à dignidade, à democracia. Importando menos ou em segundo plano, se os revoltosos são estudantes, operários, comerciantes ou religiosos. Ou antigos soldados com a bandeira da Líbia pré-Khadafi – para voltar à questão das vestes com que se apresentam as revoluções.

A questão não é saber se a Revolução Francesa ou o "25 de Abril" alcançaram plenamente os objectivos populares mas saber se estes beneficiaram com aquelas lutas.

3.4.11

"Mobilizar o país"

Num ímpeto de generosa colaboração com “o país”, esforça-se amiúde alguma gente para descobrir a forma de “mobilizar” o dito para salvar o mesmo. Esforço meritório se fosse sincero, se não escondesse deliberadamente que o país, o dito, o mesmo, não é coisa una, indivisível ou sequer solidária.

Eu sei que é mais bonito apresentar-se alguém como salvador de uma nação inteira do que da parte, da única parte que precisa ser salva – aquela que não tem lugar na barca, digo, na banca de Noé, dos Noés que pagam as campanhas eleitorais e as reformas dos dirigentes nacionais e os aconselham em reuniões mais ou menos formais.

Não é o país que precisa de ser defendido, é a parte que perde com a especulação capitalista (já que têm vergonha da palavra exploração), é a parte que paga e não bufa, os preços que a outra parte lhes impõe nos bens de consumo, é a parte que perde com os aumentos dos preços da água e da electricidade, do gás, da gasolina...

É a parte do país que não beneficia dos aumentos dos preços, dos aumentos dos lucros. É a parte que não cobra juros; paga juros. É a parte que não vê uma janela de oportunidades na crise; vê a porta do despedimento, da exclusão.

Estás a ver, Fátima, porque é tão difícil mobilizar “o país”? O país está mobilizado, só que uns empurram para um lado e outros para o outro - o conflito de interesses existe. O que não está claro é para que lado empurra o Prós e Contras... Ou está?

1.4.11

Governo-sombra está pronto

O Presidente da República tem um “governo de concentração” preparado para apresentar ao país a seguir às próximas eleições de Junho, no caso destas não definirem uma maioria absoluta da direita ou do PS coligado.

Entretanto, Cavaco Silva não exclui a possibilidade de substituir o actual governo em funções por um governo transitório de emergência, ainda antes das eleições de Junho, a fim de promover a ajuda financeira externa a muito curto prazo.


A evolução da situação económico-financeira das próximas semanas e a atitude do Governo em funções, serão determinantes para esta posição radical de Cavaco Silva.

Esta informação é tão fiável como qualquer outra neste dia 1 de Abril!...