Diz-se socialista. Leu uma frase de Lenine “quando era miúdo”. Sobre a necessidade das pessoas se empenharem no trabalho e sobre a falta que fazem os gestores. Terá sido tudo o que leu de Lenine, e mal, a avaliar pelo seus critérios. Vender, vender, vender tudo e todos não é um slogan de Lenine, é o socialismo de Almerindo Marques.
Claro que há “critérios de avaliação de mérito” nas empresas. É mesmo para isso que estão lá os afilhados do PS e do PSD nos lugares de topo – para avaliar o mérito dos seus subordinados. O mérito partidário, antes de mais.
Juntam-se umas centenas de trabalhadores de cada vez e vendem-se à Segurança Social – é a receita. Desemprego sim, mas ”sem nenhuma quebra de tranquilidade social interna”. Diz ele, porque aos trabalhadores não lhe é perguntado. Depois de tratados como lixo é-lhes perguntado então se querem continuar assim ou se preferem ir para o desemprego...
Há frases de empresários e de quem lhes empresta a voz, que já enjoam. Por exemplo: «Uma das minhas opções de vida é servir» - e lá se vão servindo. Outra é «sempre me preocupou muito mais quem ganha pouco do que quem ganha muito». Outra do mesmo calibre é «O que se devia evitar era a saída de Portugal, de quadros. Quando se fala do que ganham os gestores, devia-se ver a responsabilidade, os efeitos fiscais, o número de horas que um quadro dedica ao trabalho». E um gajo tem que ouvir estas coisas sem vomitar.
«Eu sou socialista. Tal como eu o concebo, o socialismo é o melhor para a Humanidade» - é o manifesto de Almerindo Marques. Por outras palavras, o socialismo é o que um homem quiser. E Almerindo Marques quer muito dinheiro e muitos aplausos para ele, muitos despedimentos e contenção salarial para os outros. Quem assim concebe o socialismo, não é parvo e vai muito bem com este governo...
«Liberdade e mercado para produzir riqueza, ética e solidariedade para distribuir». Em matéria de produção de riqueza, ele sabe do que fala; quanto a solidariedade para distribuir – há que esperar. Ao menos os Castros que leram e ainda lêem Lenine, viram a coisa ao contrário: solidariedade para já, liberdades para depois.
Donde se prova que, socialismos, há muitos.