O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem sido, no quadro da ‘troika', a instituição mais preocupada com as consequências económicas das medidas de ajustamento orçamental, mas a agenda de mudança no mercado laboral que mantém viva e quer reabrir na oitava e nona avaliações só pode significar que ainda não percebeu bem o País onde está. E o que se passou nos últimos dois anos. (Blá blá blá blá…) A intenção é bondosa, os resultados “seriam” catastróficos.
Assim escreve (29Ago)um tal António Costa, muito requisitado “comentador” económico alojado no jornal Económico.
Merecem a nossa ternura estes analistas ingénuos, angelicais, que não distinguem entre a Madre Teresa de Calcutá e a Madame Christine Lagarde.
30.8.13
24.8.13
O tempo e as cinzas
Olhei o homem que olhava a menina que olhava na câmara
que olhava assim
Foi há 25 anos, no Chiado. Um tempo que se esfumou. (Fotos originais)
que olhava assim
Foi há 25 anos, no Chiado. Um tempo que se esfumou. (Fotos originais)
20.8.13
Porto tão perto (2)
Já foi fotografada um milhão de vezes. Mais, muito mais. Mas a gente tem sempre a sensação de que há um ângulo que não foi explorado, ou uma luz, ou uma neblina… Há sempre, com certeza, alguém que por lá passa e que não passou das outras vezes. E até os barcos, cópias dos rabelos com pipas vazias ou turistas deslumbrados – justamente deslumbrados, entendamos.
A ponte D. Luis não é como a Torre Eiffel que não serve para nada – a ponte liga o Norte ao Sul de Portugal. Não estou a exagerar, que o bairrismo exacerbado de muitos portuenses chama a Gaia, Marrocos, e, aos lisboetas, mouros, logo Espinho, Aveiro, Coimbra, Entroncamento, é tudo sul!...
Mas dizia eu que a Ponte D. Luis, em rigor, Ponte Luis I, com tabuleiro em cima e tabuleiro em baixo donde salta para o Douro a “canalha” local, além de grande, magestosa e linda, abraça Porto a Gaia com férrea solidez e belo rendilhado como é a gente que ali nasce, franca e afectuosa “p’ra carago”.
De um lado, pitoresca, a ribeira portuense de longas tradições, conhecida no meu tempo de criança, pelas cheias e as inundações entretanto controladas; do outro lado, o chamado Cais de Gaia que copiou a evolução do Porto e criou bares e restaurantes que foram ganhando qualidade, e profissionalismo na arte de agradar aos visitantes. Mas cuidado: há que escolher.
Actualmente percorrem o leito do rio para montante e para jusante, os cruzeiros de pequeno e grande porte. Percorrendo as margens de ambos os lados, os automóveis parecem flutuar na estrada, gozando sem pressas a paisagem. E há os que fazem uma paragem com a cana de pesca ou a câmara fotográfica, que há sempre uma imagem imprevista que faltou capturar. É uma pena que se não possa levar o Douro para casa! (Isto sou eu a falar porque nunca levei com ele no tempo das cheias...).
(Fotos originais mas sem reserva de propriedade)
18.8.13
Incêndio numa chávena de café
Peço um café quase cheio. Ás vezes nem peço, de tal modo é habitual. Vejo o café a chegar ao balcão e a empregada das mesas a mandar encher um pouco mais. É o costume.
Tirar um café na máquina é-lhes tão frequente que se tornou um gesto automático. Daí que, quando o movimento é muito, nem reparam no “pormenor” do pedido: "quase cheio!".
Mais um centímetro de altura ou menos um, poderia ser esquisitice, extravagância, vontade de complicar, se me referisse a um jarro de água ou de vinho, a uma garrafa ou até a um copo, mas numa chávena de café “expresso” ou “simbalino” – para usar uma expressão regional - faz uma diferença “do carago” – para usar outra expressão local.
O que mais irrita é que não há qualquer justificação para que o pedido não seja correctamente atendido – o café gasto é na mesma quantidade e o preço também. Pior: voltar com a chávena à máquina para acrescentar o café que faltou, duplica o trabalho e o tempo dispendido pela trabalhadora. Além de que o resto acrescentado prejudica a qualidade do produto final.
Pessoal competente e com tempo para fazer bem feito é portanto uma receita para a qualidade do serviço e para a satisfação do cliente. É assim no café e na sapataria, no serviço de saúde, no ensino e no governo da nação. É assim na satisfação e no conforto das pessoas, na sua disposição e no contágio para a comunidade.
Mas o episódio, tantas vezes repetido, teve desta vez a minha reclamação e uma desculpa esfarrapada que era mais uma injustificada justificação. Mais irritado ainda, paguei o café e saí sem o tomar mas com um comentário: - Ofereço-lho!
O volume ou o tom ou a má impressão que a ocorrência poderia causar na clientela, levou à intervenção do gerente que admoestou a empregada de mesa que chutou para a colega que acusou o gerente da falta de pessoal, que não tardou a dispensar os seus serviços… Já nem vou projectar o que se terá passado em casa da rapariga quando fez constar o despedimento nas barbas do marido e dos dois filhos.
Para bom entendedor: quando o terreno e o clima são propícios, a mais pequena chama ateia um enorme incêndio pelo que o melhor será “limpar a mata” – e nem sai mais caro do que tê-la queimada.
(Fotos inéditas e originais)
Tirar um café na máquina é-lhes tão frequente que se tornou um gesto automático. Daí que, quando o movimento é muito, nem reparam no “pormenor” do pedido: "quase cheio!".
Mais um centímetro de altura ou menos um, poderia ser esquisitice, extravagância, vontade de complicar, se me referisse a um jarro de água ou de vinho, a uma garrafa ou até a um copo, mas numa chávena de café “expresso” ou “simbalino” – para usar uma expressão regional - faz uma diferença “do carago” – para usar outra expressão local.
O que mais irrita é que não há qualquer justificação para que o pedido não seja correctamente atendido – o café gasto é na mesma quantidade e o preço também. Pior: voltar com a chávena à máquina para acrescentar o café que faltou, duplica o trabalho e o tempo dispendido pela trabalhadora. Além de que o resto acrescentado prejudica a qualidade do produto final.
Pessoal competente e com tempo para fazer bem feito é portanto uma receita para a qualidade do serviço e para a satisfação do cliente. É assim no café e na sapataria, no serviço de saúde, no ensino e no governo da nação. É assim na satisfação e no conforto das pessoas, na sua disposição e no contágio para a comunidade.
Mas o episódio, tantas vezes repetido, teve desta vez a minha reclamação e uma desculpa esfarrapada que era mais uma injustificada justificação. Mais irritado ainda, paguei o café e saí sem o tomar mas com um comentário: - Ofereço-lho!
O volume ou o tom ou a má impressão que a ocorrência poderia causar na clientela, levou à intervenção do gerente que admoestou a empregada de mesa que chutou para a colega que acusou o gerente da falta de pessoal, que não tardou a dispensar os seus serviços… Já nem vou projectar o que se terá passado em casa da rapariga quando fez constar o despedimento nas barbas do marido e dos dois filhos.
Para bom entendedor: quando o terreno e o clima são propícios, a mais pequena chama ateia um enorme incêndio pelo que o melhor será “limpar a mata” – e nem sai mais caro do que tê-la queimada.
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14.8.13
Coisas sérias sobre autarquias
Quando falamos hoje em “autarquia”, em Portugal, caimos numa
simplificação de linguagem que transporta alguns equívocos. O primeiro é a
suposição de que “autarquia” tem sempre caracter regional pelo que nos
dispensamos de dizer “autarquia local”; o segundo é a suposição de que as
autarquias foram sempre autónomas – com capacidade e legitimidade próprias.
Esta independência relativa de que gozam em relação ao poder central, para a gestão política local, nos termos previstos na legislação nacional, é um elemento fundamental do regime democrático. Os 308 municípios e mais de 4000 freguesias em todo o território nacional, destinam-se à satisfação das necessidades das comunidades locais, nomeadamente em matéria de desenvolvimento sócio-económico, do ordenamento do território, do abastecimento público, do saneamento básico, saúde, educação, cultura, ambiente e desporto.
E agora, para desenfastiar desta conversa enfadonha, uma recordação de 2009
Noutros países há instituições autónomas de caracter
financeiro, por exemplo. E mesmo no nosso país acontecia no Estado Novo que as
grandes organizações corporativas de caracter nacional, como sindicatos,
grémios, casas do povo, eram também consideradas autarquias. Por outro lado,
não tinham autonomia: eram executoras das decisões do poder central em todas as
matérias.
Instituídas em coerência com a divisão administrativa do
território, as nossas autarquias locais referem-se a freguesias, municípios e
regiões administrativas (popularizadas como regiões autónomas); democratizadas
com a revolução do 25 de Abril, ganharam a autonomia que lhes é natural - literalmente,
o termo (auto-arquia) significa poder autónomo.
Esta independência relativa de que gozam em relação ao poder central, para a gestão política local, nos termos previstos na legislação nacional, é um elemento fundamental do regime democrático. Os 308 municípios e mais de 4000 freguesias em todo o território nacional, destinam-se à satisfação das necessidades das comunidades locais, nomeadamente em matéria de desenvolvimento sócio-económico, do ordenamento do território, do abastecimento público, do saneamento básico, saúde, educação, cultura, ambiente e desporto.
E agora, para desenfastiar desta conversa enfadonha, uma recordação de 2009
13.8.13
Ser ou não ser o que parece
Eu descia a Rua de Passos Manuel e, do outro lado, descia um homem com a cara chapada do José Milhazes, jornalista correspondente na Rússia. Corpo robusto, barba farta, andar negligente, um saco ao ombro que se adivinhava pesado, tinha tudo o que eu podia adivinhar pela fisionomia e pela forma de falar - que era o que eu dele conhecia.
Não fazia sentido, no entanto, que uma personalidade que eu sempre imaginava na casa do carago - como se diz naquelas ruas... - ou, quando muito, entre a baixa de Lisboa e a redacção da SIC, fosse aquele vulto. Porém, no dia seguinte eu lia que o homem esteve a fazer uma conferência no Ateneu Comercial do Porto que fica exactamente na Rua Passos Manuel.
Uns tempos mais tarde, enquanto eu abocanhava uma fatia de pizza no Centro Comercial de Santa Catarina que, por acaso, cruza com Passos Manuel - a rua, não a santa -, quem vejo de nariz no ar a escolher o que comer? A Ellen DeGeneres! Se não era ela era uma irmã. Ou um irmão. Mas desta vez é que a coisa não fazia mesmo sentido nenhum.
A famosa apresentadora da televisão norte-americana, com talk-show próprio, e apresentadora duma cerimónia dos Óscares, pelo menos, ela que também foi actriz, tinha mais que fazer ou mesmo onde passar férias do que no Porto, por mais que a cidade a merecesse. Esta, ainda por cima, eu conhecia de corpo inteiro e a mexer, a andar, a dançar. Mas uma amiga a quem alertei para o evento, desiludiu-me, por assim dizer, depois de olhar a personagem de soslaio: - É lá a Ellen; é parecida; o que é que ela vinha para aqui fazer? E eu achei que a minha amiga tinha razão até ler na imprensa que a fulana esteve mesmo no norte de Portugal - era assim que dizia o jornal.
Não tardou uma semana ou talvez duas ou três que eu voltasse a ser surpreendido com outra das minha visões. Eu estava sentado num daqueles cafés-bares que abriram ultimamente na Rua José Falcão, talvez o Café Vitória, e estavam comigo uns jovens brasileiros a quem eu oferecera a mesa por não terem outra disponível. Aceitaram e disseram que ainda havia de chegar um outro, se eu não me importava... - Estejam à vontade - respondi. - Desde que caiba!
O que eu não esperava era que surgisse na porta em arco, difusamente iluminado por uma tocha decorativa e umas velas espalhadas pelas mesas, um vulto de homem alto, de fartas barbas que se misturavam com não menos farta cabeleira atada atrás do pescoço, o corpo envolvido numa espécie de túnica e calçando umas sandálias de couro.
Os seus olhos muito claros faiscavam e eu soube naquele momento que era o próprio Jesus Cristo que chegava. E porque não? Acaso havia algum dia de ser menos indicado do que outro para Deus voltar à Terra? E seria o Café Vitória menos adequado do que aquele, onde esteve nas bodas de Caná e onde fez aquele número de transformar a água em vinho?
Desta vez não iria deixar-me enganar pela falta de confiança em mim próprio: se era igual a Jesus, era Jesus. Cumprimentou cada um dos meus companheiros que lhe contaram como eu fui generoso ao partilhar a mesa que ocupava. E eu já reconhecia em cada um deles os apóstolos São Pedro, São Lucas e São João. Cumprimentei-o quase de joelhos, levantei-me e dei-lhe o meu lugar. Depois, aturdido, retirei-me em silêncio.
Das duas, uma: ou aquele era mesmo Jesus Cristo ou os circunstantes ficaram convencidos que eu estava bêbado.
Não fazia sentido, no entanto, que uma personalidade que eu sempre imaginava na casa do carago - como se diz naquelas ruas... - ou, quando muito, entre a baixa de Lisboa e a redacção da SIC, fosse aquele vulto. Porém, no dia seguinte eu lia que o homem esteve a fazer uma conferência no Ateneu Comercial do Porto que fica exactamente na Rua Passos Manuel.
Uns tempos mais tarde, enquanto eu abocanhava uma fatia de pizza no Centro Comercial de Santa Catarina que, por acaso, cruza com Passos Manuel - a rua, não a santa -, quem vejo de nariz no ar a escolher o que comer? A Ellen DeGeneres! Se não era ela era uma irmã. Ou um irmão. Mas desta vez é que a coisa não fazia mesmo sentido nenhum.
A famosa apresentadora da televisão norte-americana, com talk-show próprio, e apresentadora duma cerimónia dos Óscares, pelo menos, ela que também foi actriz, tinha mais que fazer ou mesmo onde passar férias do que no Porto, por mais que a cidade a merecesse. Esta, ainda por cima, eu conhecia de corpo inteiro e a mexer, a andar, a dançar. Mas uma amiga a quem alertei para o evento, desiludiu-me, por assim dizer, depois de olhar a personagem de soslaio: - É lá a Ellen; é parecida; o que é que ela vinha para aqui fazer? E eu achei que a minha amiga tinha razão até ler na imprensa que a fulana esteve mesmo no norte de Portugal - era assim que dizia o jornal.
Não tardou uma semana ou talvez duas ou três que eu voltasse a ser surpreendido com outra das minha visões. Eu estava sentado num daqueles cafés-bares que abriram ultimamente na Rua José Falcão, talvez o Café Vitória, e estavam comigo uns jovens brasileiros a quem eu oferecera a mesa por não terem outra disponível. Aceitaram e disseram que ainda havia de chegar um outro, se eu não me importava... - Estejam à vontade - respondi. - Desde que caiba!
O que eu não esperava era que surgisse na porta em arco, difusamente iluminado por uma tocha decorativa e umas velas espalhadas pelas mesas, um vulto de homem alto, de fartas barbas que se misturavam com não menos farta cabeleira atada atrás do pescoço, o corpo envolvido numa espécie de túnica e calçando umas sandálias de couro.
Os seus olhos muito claros faiscavam e eu soube naquele momento que era o próprio Jesus Cristo que chegava. E porque não? Acaso havia algum dia de ser menos indicado do que outro para Deus voltar à Terra? E seria o Café Vitória menos adequado do que aquele, onde esteve nas bodas de Caná e onde fez aquele número de transformar a água em vinho?
Desta vez não iria deixar-me enganar pela falta de confiança em mim próprio: se era igual a Jesus, era Jesus. Cumprimentou cada um dos meus companheiros que lhe contaram como eu fui generoso ao partilhar a mesa que ocupava. E eu já reconhecia em cada um deles os apóstolos São Pedro, São Lucas e São João. Cumprimentei-o quase de joelhos, levantei-me e dei-lhe o meu lugar. Depois, aturdido, retirei-me em silêncio.
Das duas, uma: ou aquele era mesmo Jesus Cristo ou os circunstantes ficaram convencidos que eu estava bêbado.
11.8.13
Porque hoje é domingo (43)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus militantes:
«Vendei o que possuís e dai-o em esmola».
(Lucas 12, 32-48)
Dois mil anos mais tarde, os corruptos invocam a “palavra de Deus” para serem perdoados e nunca julgados. É mais fácil os camelos, como nós, pagarmos impostos insuportáveis do que um desses governantes experimentados em finanças pagarem os seus vícios. Pelo contrário, estes são chamados ao reino da Terra – pelo menos desta.
Não sei se "Pepe" Mujica gozará da mesma competência para lidar com a Economia, visto que não estudou na Lusófona nem geriu o BPN. De resto, não possui cartão de crédito nem mesmo conta bancária. Mas não gozando, enfim, das mesmas crenças que levam muitos agiotas ás igrejas, José Mujica não precisa de acreditar em Deus para ser modesto e justo.
O seu amor à Humanidade, a sua fé no Homem, são-lhe tão naturais como crescerem flores e galinhas na terra que ele trata com as suas mãos, e muito mais naturais do que ser Presidente da República do Uruguai, ele que foi guerrilheiro contra a ditadura militar, fundador do MLN (Movimiento de Liberación Nacional), e por isso sofreu 14 anos de prisão em diversas unidades militares. Cada justo tem o seu calvário.
Mujica considera que "o indivíduo não é livre quando trabalha, porque está submetido à lei da necessidade". Com efeito, a riqueza que mais aprecia é a liberdade de fazer o que se gostar; a estratégia é o desprendimento. Mujica recebe 12.500 dólares mensais por seu trabalho à frente do país, mas doa 90% de seu salário para ONGs e pessoas carentes. Seu carro é um “fusca”, um velho Folkswagen.
«Vendei o que possuís e dai-o em esmola».
(Lucas 12, 32-48)
Dois mil anos mais tarde, os corruptos invocam a “palavra de Deus” para serem perdoados e nunca julgados. É mais fácil os camelos, como nós, pagarmos impostos insuportáveis do que um desses governantes experimentados em finanças pagarem os seus vícios. Pelo contrário, estes são chamados ao reino da Terra – pelo menos desta.
Não sei se "Pepe" Mujica gozará da mesma competência para lidar com a Economia, visto que não estudou na Lusófona nem geriu o BPN. De resto, não possui cartão de crédito nem mesmo conta bancária. Mas não gozando, enfim, das mesmas crenças que levam muitos agiotas ás igrejas, José Mujica não precisa de acreditar em Deus para ser modesto e justo.
O seu amor à Humanidade, a sua fé no Homem, são-lhe tão naturais como crescerem flores e galinhas na terra que ele trata com as suas mãos, e muito mais naturais do que ser Presidente da República do Uruguai, ele que foi guerrilheiro contra a ditadura militar, fundador do MLN (Movimiento de Liberación Nacional), e por isso sofreu 14 anos de prisão em diversas unidades militares. Cada justo tem o seu calvário.
Mujica considera que "o indivíduo não é livre quando trabalha, porque está submetido à lei da necessidade". Com efeito, a riqueza que mais aprecia é a liberdade de fazer o que se gostar; a estratégia é o desprendimento. Mujica recebe 12.500 dólares mensais por seu trabalho à frente do país, mas doa 90% de seu salário para ONGs e pessoas carentes. Seu carro é um “fusca”, um velho Folkswagen.
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9.8.13
De luto pelo Urbano
Primeiro, emudeci. A morte de um irmão nunca é esperada. Depois saí de casa, deste meu "Exílio Perturbado", e tudo me era estranho: parecia que o Urbano não tinha morrido naquela “Noite Roxa”, de tal modo era a indiferença dos "vivos propriamente mortos” em relação aos "mortos propriamente vivos" – como diria Brecht.
O seu Povo vai enchendo as praias deste “Oceano Oblíquo” e enquanto eu acuso a alienação geral, o Urbano, sempre com um sorriso de que não se dá conta, aponta o olhar para as ondas das mulheres que se dão à praia. Com admiração, espanto e respeito, que o sagrado, em nós, é a beleza, seja dos corpos, seja dos sentimentos.
Não me estendo mais, apesar do incentivo que me dava para fazer prosa – da minha poesia era honestamente reservado… Não faltará quem fale da sua generosidade, da sua coragem e da sua imensa cultura e produção literárias e projecção mundial. Sobretudo, neste país de empreendedores provincianos, não faltará quem se interrogue: Urbano quê?
Urbano Tavares Rodrigues, meu irmão de sangue se o sangue é aquilo que nos faz viver.
O seu Povo vai enchendo as praias deste “Oceano Oblíquo” e enquanto eu acuso a alienação geral, o Urbano, sempre com um sorriso de que não se dá conta, aponta o olhar para as ondas das mulheres que se dão à praia. Com admiração, espanto e respeito, que o sagrado, em nós, é a beleza, seja dos corpos, seja dos sentimentos.
Não me estendo mais, apesar do incentivo que me dava para fazer prosa – da minha poesia era honestamente reservado… Não faltará quem fale da sua generosidade, da sua coragem e da sua imensa cultura e produção literárias e projecção mundial. Sobretudo, neste país de empreendedores provincianos, não faltará quem se interrogue: Urbano quê?
Urbano Tavares Rodrigues, meu irmão de sangue se o sangue é aquilo que nos faz viver.
7.8.13
Originalidades
Entretanto, há quem diga: Este metrobús de Macri es una fantochada, hace el mismo recorrido que la Línea C de subte, pero más lento y quitando carriles de la 9 de julio. Lo mismo lo podría haber hecho agregando vagones en la C, y con mejores resultados reales. Pero eso no sirve para hacer circo en los medios. (Fabricio Fornero)
Lembram-se dos autocarros de dois pisos que circularam, pelo menos no Porto, até 1991? E dos "troleicarros" que circulavam no Porto e Coimbra? Acabaram? Acabaram e não fazem falta.
Há coisas assim: enquanto não são retiradas do espaço público, só servem para atrapalhar.
6.8.13
5.8.13
4.8.13
Porque hoje é domingo (42)
S. Lucas é porventura o repórter de Jesus Cristo mais citado pela Igreja nas homilias dos domingos. Desta vez conta ele (Lc 12, 13-21) que alguém, no meio de uma multidão, pediu a Jesus para intervir num conflito relacionado com uma herança.
Não seria politicamente correcto que o filho de Deus virasse as costas à multidão, dizendo “deixem-me em paz que a minha vida não é esta, eu tenho mais em que pensar”… Mas não querendo desiludir os crentes, enveredou por lendas e metáforas, contando que “um homem rico gastou sua vida acumulando bens, e com isto não construiu aqui na terra, a sua morada no Céu!”.
Entre os comentadores houve quem achasse que aquilo era a lenda da cigarra e da formiga contada ao contrário, por assim dizer, mas também houve quem visse naquelas palavras um apêlo à modéstia e à austeridade. Entre estes que tomaram o partido do empobrecimento, houve até quem puxasse da notícia de S. Lucas para sublinhar a seguinte citação do Senhor: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
Se Jesus Cristo fosse interrogado na sinagoga, pelos deputados, decerto esclareceria que as suas palavras eram uma crítica aos fariseus e não ao povo humilde que o seguia - como se deduz de outras notícias - mas sendo os fariseus que dominavam o parlamento, a questão nunca foi expressamente esclarecida e cada escriba faz das palavras de Deus o que mais convém à sua condição.
O Papa Francisco parece estar, ele próprio, envolvido nesta questão, com a sua apologia da simplicidade. Veremos pela prática o que isso quer dizer no plano da disputa entre os senhores da Terra e os seus súbditos.
Não seria politicamente correcto que o filho de Deus virasse as costas à multidão, dizendo “deixem-me em paz que a minha vida não é esta, eu tenho mais em que pensar”… Mas não querendo desiludir os crentes, enveredou por lendas e metáforas, contando que “um homem rico gastou sua vida acumulando bens, e com isto não construiu aqui na terra, a sua morada no Céu!”.
Entre os comentadores houve quem achasse que aquilo era a lenda da cigarra e da formiga contada ao contrário, por assim dizer, mas também houve quem visse naquelas palavras um apêlo à modéstia e à austeridade. Entre estes que tomaram o partido do empobrecimento, houve até quem puxasse da notícia de S. Lucas para sublinhar a seguinte citação do Senhor: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
Se Jesus Cristo fosse interrogado na sinagoga, pelos deputados, decerto esclareceria que as suas palavras eram uma crítica aos fariseus e não ao povo humilde que o seguia - como se deduz de outras notícias - mas sendo os fariseus que dominavam o parlamento, a questão nunca foi expressamente esclarecida e cada escriba faz das palavras de Deus o que mais convém à sua condição.
O Papa Francisco parece estar, ele próprio, envolvido nesta questão, com a sua apologia da simplicidade. Veremos pela prática o que isso quer dizer no plano da disputa entre os senhores da Terra e os seus súbditos.
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1.8.13
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