A Síria confronta o terrorismo, ao contrário do resto do mundo – afirmava Zou’bi na 8ª sessão da Assembleia geral das Rádios-Televisões islâmicas.
Por outras palavras: se os estados da NATO estão apostados em destruir a Síria, para quê combater de facto o “Estado Islâmico”?!
Quando os meios de informação “ocidentais” falam da Síria, a deontologia profissional esconde-se, envergonhada, e o jornalista debita ao chefe, ao patrão, ao ideólogo, uns pontos de serviço sujo. O mesmo se falássemos da Ucrânia ou da Venezuela, por exemplo, como já tratei em artigo anterior.
Confiança na fonte? Se o texto agrada ideologicamente, é de confiança! Por exemplo: «82 mortos nos ataques do regime, a oposição denuncia “um massacre”».
Alguém perguntava: «Qual oposição? A OSDH? E quando há raides das forças da coligação contra Daesh, estes meios falam de vítimas colaterais».
Que importa se os bombardeamentos permitem às forças armadas sírias avançar numa zona que tinha sido capturada pelos grupos armados que nós sabemos? Que importa se essa acção abre caminho para o regresso das populações daquelas zonas?
Os meios de informação dominantes da Europa estarão contra o governo sírio mesmo que este possa, com apoio euro-americano, acabar com o flagelo da região, que agora se estende para a própria Europa, seja através da pressão migratória ou seja até pelo terrorismo. Um discurso de condolências e um funeral majestoso tranquilizam os mentores políticos da nossa santa-aliança.
E é aqui que se coloca a questão fundamental que os aliados da NATO tardam em reconhecer e proceder: confrontar a origem desta gravíssima situação.
Até lá, vamos assistindo ao desespero e à chacina diária das populações em fuga, e à disseminação da "ideologia" e do terrorismo entre nós. Para já, vamo-nos habituando a ver morrer. Será que algum dia nos teremos que habituar a morrer, como na Síria?
RECORTES
O grupo 'jihadista' Estado Islâmico executou no período de um mês perto de 100 pessoas, um terço dos quais civis, nas zonas que estão sob o seu controlo na Síria, indicou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). (2015/Ago)
O auto-proclamado estado islâmico divulgou um novo vídeo de uma execução em massa na cidade história de Palmira. As imagens mostram dezenas de soldados sírios a serem executados no principal anfiteatro da cidade, com muita gente a assistir. O vídeo mostra também a destruição de dezenas de monumentos que são Património da Humanidade. (RTP 4 de Julho de 2015)
Já não é só esconder as figuras progressistas e os seus discursos, é subverter os seus argumentos e promover as figuras e os discursos dos ditadores e genocidas. É assim com as notícias sobre a Ucrânia ou sobre a Venezuela, para falar de dois regimes opostos.
«Ao longo das últimas horas, pelo menos sete soldados ucranianos foram mortos e 13 ficaram feridos em confrontos com os separatistas pró-russos, no leste da Ucrânia». É assim que a Euronews lançava ontem a notícia.
Sobre um confronto entre forças armadas ucranianas e activistas pró-russos, fala-se do número de vítimas das primeiras mas omite-se facciosamente o número de vítimas dos segundos! De resto, valoriza-se sempre a pessoa e as palavras de Poroshenko, como se este não tivesse chegado ao poder na sequência de um golpe de estado que depôs o anterior presidente eleito.
A Euronews é um paradigma. De algum modo se poderia dizer que é a Telesur ao contrário. Mas não se equiparam duas “centrais de informação” facciosas, quando a primeira obedece a padrões neo-liberais e a segunda protege valores socialistas, quando a primeira promove os lucros dos privilegiados, e a segunda promove a justiça social e os interesses populares.
A Euronews e as suas discípulas nacionais substituem descaradamente a legitimidade eleitoral de um país, pela "legitimidade" editorial das suas direcções ideológicas.
A Venezuela é outro caso paradigmático. Pouco importa se Hugo Chavez, antes, e Nicolás Maduro, actualmente, foram eleitos por maiorias expressivas em eleições incontestavelmente democráticas.
Para combater os dirigentes progressistas, a contra-informação ao serviço da Direita, dá notícia da falta de produtos à venda nas lojas venezuelanas, omitindo que isso se deve ao boicote económico promovido pela ultra-direita do país e concretizada por traficantes desses produtos com destino à Colômbia.
Com efeito, os contrabandistas desviam esses produtos para o país vizinho onde os vendem muito mais caro, beneficiando dos baixos preços que o governo da Venezuela pratica a favor da população. Beneficiam os contrabandistas, a Oposição venezuelana… e a má-língua euro-liberal.
De tudo isto, o que vemos na informação europeia é que «falta quase tudo na Venezuela»! Uma espécie de slogan que já se lê há vários anos, nomeadamente na nossa imprensa.
O que não vemos é a notícia de que «Los comerciantes de Cúcuta, al noreste de Colombia, afirmaron este martes que el 80 por ciento de los alimentos y productos que venden llegan desde Venezuela a través del contrabando»
O que não vemos, também, é a notícia de que «Los presidentes de Venezuela y Colombia, Nicolás Maduro y Juan Manuel Santos, respectivamente, llamaron a consultas a los embajadores de sus países en el marco del cierre de la frontera y el estado de excepción para acabar con el paramilitarismo y el contrabando de extracción».
Em vez disto, a Informação dominante na Europa apregoa: "Agrava-se a crise entre a Colômbia e a Venezuela".
Em contrapartida, Álvaro Uribe, promotor de raptos e massacres enquanto presidente anterior da Colômbia, é agora mostrado e feito ouvir nas televisões de Portugal, no prosseguimento da sua veia conspirativa contra a Venezuela.
E se falássemos da Síria? Teríamos de perguntar quem e quando se ouviu o presidente Assad expor os seus argumentos, lá onde crescem contra si os mesmos movimentos terroristas que atacam na Europa e na América. Disto falaremos num próximo artigo.
Acabo de ver na TVI, uma reportagem sobre as filas de espera no Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT). A reportagem centrou-se em Lisboa mas teria retratado situação idêntica se fosse no Porto.
A propósito, bem se pode dizer que mais depressa se chega de Lisboa ao Porto do que se chega da porta do IMTT ao balcão de atendimento.
Se você precisa duma segunda via da carta de condução, por exemplo, pode dirigir-se à Loja do Cidadão, mas sabe o que encontra? Uma funcionária que se limita a encaminhá-lo para o maldito IMTT. Se pusessem um cartaz com esta informação no balcão, você poupava tempo e o Estado poupava recursos.
Começa aqui o procedimento sádico. Se chegar depois das 10 horas e meia, já não vai a tempo… de tirar uma senha para ser atendido. A reportagem da TVI não refere este duplo martírio: um para tirar a senha, outro para ser atendido conforme a ordem numérica.
Com a senha na mão, prepare-se para passar o resto do dia à espera de ser chamado. A razão que a reportagem também não reporta, é que o balcão onde se trata da renovação da carta, tem quatro cadeiras vazias e uma apenas preenchida por uma funcionária!
Pois, mais duas funcionárias apenas e não haveria filas de espera em desespero, dias de trabalho perdidos por dezenas de pessoas cada dia, sejam particulares, taxistas, motoristas... Mas também não havia o prazer sádico de quem gere aqueles serviços, o sentimento de poder que advém de submeter os outros aos ritos sacrificiais que atestam a sua autoridade. E depois, "há que emagrecer o Estado"... a bem da Nação.
Ouvi dizer que as escolas de condução prestam este serviço sem incómodo para os utilizadores, mas não posso confirmar. Mais, não é credível que haja um entendimento financeiro entre as escolas e o IMTT ou alguém lá colocado. Isso não posso acreditar…
As duas imagens anteriores são de uma reportagem da RTP em Janeiro de 2014! O que segue é um recorte de uma página do Google a partir da pesquisa “IMTT”.
Enquanto a Europa encalhada começa a naufragar no mar das suas
contradições, a Direita canta, dança e lança foguetes, para fingir que este Titanic não se afunda. Entretanto, os mais afortunados vão carregando os botes salva-fortunas com destino a outro continente.
O que aconteceu no Titanic propriamente dito, foi que 62%
dos passageiros da 1ª classe conseguiram salvar-se, contra apenas 25% da 3ª classe porque não havia botes salva-vidas disponíveis no seu deck!
Afigura-se que a questão da Grécia é apenas o começo,
uma pequena parte de um problema real que a Europa produziu com as suas políticas de arrefecimento económico e congelamento político. Debaixo do iceberg grego, adivinha-se um monstro económico-financeiro que
ameaça reduzir a destroços a União Europeia, rombo a rombo, país a país.
Se a União Europeia não mudar de rumo por sua iniciativa, a explosão de forças sociais desesperadas e o eventual aproveitamento da situação por movimentos realmente extremistas, não poucos deles já hoje identificados, farão a mudança de rota à sua maneira.
Não será por falta de alertas que os nossos capitães Smith(*)
nos levarão ao fundo com o seu navio, mas pode ser por excesso de festa.
(*) O capitão Edward John Smith era o comandante do Titanic e com ele se afundou em 15 de Abril de 1912.
A imagem inicial foi copiada de orpheedelamer.blogspot.com
A corte conspira. Multiplicam-se os cartazes com apelos à intervenção militar. Dilma não está envolvida nos escândalos que tanto enervam a Oposição e a imprensa brasileira mas, dizem, "se não foi ela, foi gente do seu partido".
Por esta lógica, onde já estariam Passos Coelho e Cavaco Silva? E o novo rei de Espanha, Filipe VI? E o Papa Francisco?... De resto, nas manifestações que a campanha mediática do Brasil (e Portugal!) desenvolvem contra Dilma, não se vê nem se ouve a população que saíu da miséria e do analfabetismo por obra do PT - são mais banhistas e gente bem trajada e bem-falante.
Finalmente, de que é acusada, a presidente eleita do Brasil??? De ser de esquerda, confessem! Atrás das tropas de choque, já começam a mostrar-se os generais dos insurrectos.
"Venho como cidadão indignado com a corrupção, com a mentira, com a incompetência desse governo, que vem fazendo tão mal aos brasileiros", disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (na foto, à esqª), derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado. Como alguém comentava, o PSDB de Aécio já está a jogar para as eleições de 2018.
Nota final: No mesmo dia 16 em que decorriam manifestações contra o governo de Dilma, decorria uma manifestação a favor do Governo e do PT, promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos e pela CUT (Central Única dos Trabalhadores). Dela não há notícia em Portugal.
Dêmos de barato quantos disparates se dirão neste domingo, por esse mundo fora, nos púlpitos das igrejas católicas, a propósito e a despropósito da “Assunção de Nossa Senhora”.
Trata-se da “subida ao céu” da mãe de Jesus, supostamente reportada por Lucas.
Este evangelista de quem consta que era um médico sírio e que terá convivido eventualmente com os apóstolos, nunca se terá encontrado realmente com Jesus ou a mãe dele – fala de ouvir dizer e acrescenta certamente alguns pontos aos que antes dele terão sido acrescentados.
De resto, em Lc.1,39-56, não se fala senão da visita de Maria a casa da prima Isabel e do seu regresso a casa, de boa saúde: “Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa” – lê-se no versículo 56.
Mas quem é que quer saber do que diz Lucas, realmente, se o padre da paróquia fala tão bem?!
A versão oficial em vigor, acerca da morte de Maria, vem de 1950 e consta de uma declaração dogmática de Pio II, segundo a qual “Maria, tendo completado o curso de sua vida terrena, foi assumida, corpo e alma, na glória celeste”. Mas nem daqui nem doutro lado qualquer se pode concluir que o corpo de Maria tenha subido ao céu, seja qual for o céu e o próprio meio de transporte.
Valha-nos Deus. Assunção por Assunção e Cristo por Cristo, porque não invocar Assunção Cristas, actualmente a aplaudir o seu deus no Pontal? Mal por mal…
A Direita gosta de Passos Coelho. A Direita gosta do Governo PSD/CDS. A Direita gosta das receitas liberais. A Direita gosta daqueles que nos emprestam dinheiro. Está tudo bem assim e não podia estar melhor. Este é o rumo certo que está a dar resultados.
No entanto, a mesma Direita critica a torto e a direito, a propósito ou a despropósito, que Alexis Tsipras tenha cedido em algumas das políticas receitadas pelas instituições financeiras, não por opção livre - no caso grego! - mas por força da chantagem daquelas instituições, não por adesão entusiástica, como Passos Coelho, mas porque o Primeiro-Ministro grego, esse sim, está-se "nas tintas para as eleições" (no sentido em que o português o afirmou).
“Pergunta a minha curiosidade”: para a Direita, afinal, as “medidas de austeridade” receitadas pelos credores, são boas ou são más???
Cada português caminha em média 440 km por ano e bebe 26 litros de vinho, segundo estudos da Universidade Técnica de Lisboa e da Associação Médica de Coimbra, respectivamente.
Isso significa que o português, em média, gasta 5,9 litros aos 100km, ou seja, não é tão gastador como se apregoa!
Se há matéria em que as estatísticas se têm revelado particularmente problemáticas é o emprego/desemprego.
Se, por um lado está tudo melhor, por outro lado está tudo pior. Ele há o lado das previsões e o lado das verificações, o lado dos contratos duradouros e o lado dos temporários, o lado “do país”… e o lado dos cidadãos.
Leio de David Dinis, citando números do INE, que a descida do desemprego acontece em todas as regiões do país, com redução do trabalho a tempo parcial e do sub-emprego, e que há mais portugueses, com Ensino Superior, com emprego, também mais empregados em todas as faixas etárias (com uma excepção). Tudo isto com a população activa a subir, ligeiramente, no último trimestre. Mas há outros dados a reter, para não nos enganarmos: o segundo trimestre é, pelo menos desde 2011, o melhor do ano, tendendo a ser corrigido depois. (…)
E do que leio no El Pais (Espanha), para não ir mais longe, percebo que estes dados positivos não são um fenómeno português. São o efeito de uma oportunidade conjuntural, nomeadamente a redução da factura energética devida à descida do preço do petróleo, a depreciação do euro em relação ao dólar, a receita sazonal do turismo acentuada pela instabilidade nos países do Mediterrâneo, a emigração…
Depois leio algures que "entre o 2º trimestre de 2011 e o 2º trimestre de 2015, Portugal perdeu 194 mil postos de trabalho...
Conclusão a reter: 5,9 litros de vinho aos 100, não está mal.
Para quem não estiver ainda suficientemente baralhado, recomendo informação mais completa no Observador.