28.6.14

FMI dá razão ao PCP

e ao Bloco de Esquerda

(Configuração gráfica adaptada)

26.6.14

O Costa de quem toda a gente gosta

Em 29 de Janeiro de 2013, publiquei AQUI que “nas próximas eleições, antecipadas ou não, o PS segura o Seguro na direcção do Partido Socialista e empurra o Costa para candidato a primeiro-ministro”. Chegados aqui, é caso para dizer como no cartaz...


No dia 9 de Outubro de 2013, publiquei AQUI
um texto sobre a posição estratégica de António Costa. Dizia eu: “António Costa, revela que avisou o secretário-geral do partido, na Comissão Política Nacional, que “ou havia um conjunto de condições que era possível reunir para unificar o partido” ou que se “sentia na obrigação de avançar para a liderança”. E mais recentemente, a propósito dos resultados para as autárquicas, considerou: - Ganhámos em votos, ganhámos em câmaras, mas há ainda bastante caminho a fazer.

Era o aviso ou a ameaça de António Costa sobre o lançamento da sua candidatura. Os resultados do PS nas eleições europeias recentes, por sua vez, definiram o momento de passar da ameaça à prática.


Quanto à estratégia do PS para a governação nacional Augusto Santos Silva, outra figura destacada do PS, defendia (TVI24, 2013-10-08) , “um consenso pluripartidário assente noutras bases”, isto é, com “outra liderança”. Santos Silva concretizava: uma coligação que integre o Partido Socialista, uma parte do CDS (na linha de Pires de Lima) e parte importante do PSD – aqui reunindo, nomeadamente, a linha de Rui Rio e de Cavaco Silva!

Agora chegados à re-arrumação do PS com vista às próximas eleições legislativas, Santos Silva que já foi ministro em três governos, afirma que "José Seguro vive no passado e tem dificuldade em perceber o que é o Governo e o que é ser primeiro-ministro.

Se a bizarra estratégia de Santos Silva exprime um posicionamento representativo entre os apoiantes de António Costa, adivinha-se que este vai ter que combater não só os adversários assumidos como também combater ou distanciar-se de algumas companhias comprometedoras. Sob pena da sua ascensão aos céus da popularidade arder no ar como um balão de S. João. E vir cair, pesado e triste, sobre as cabeças dos seus admiradores.

Quanto à re-arrumação do PSD, de que já se vislumbra alguma agitação, muito depende da clarificação do quadro descrito anteriormente no Partido Socialista.

21.6.14

O costume


Em português, haveria uma vírgula a seguir a "indisponíveis", já que a palavra se refere aos
serviços e não à  intervenção técnica. Depois, se são "os serviços", porque passa a ser "o serviço", no fim do texto?!

Enfim, o costume: indisponibilidade e erro.

20.6.14

Sofismas, falácias e Passos Coelho

Quando um raciocínio falso aparenta ser verdadeiro pela forma lógica como é apresentado, trata-se de um sofisma ou de uma falácia. Sofisma, se é uma mentira intencional; falácia, se é um erro involuntário.

O Primeiro-Ministro toma-nos a todos por parvos quando diz:  "Só há uma de duas opções: ou gastamos menos ou mantemos os impostos demasiado elevados. Não há alternativa”. *

Num só raciocínio, Passos Coelho vai mais longe que Protágoras, o grande sofista da História.

Em primeiro lugar, porque não há só uma das duas opções, há também as duas ao mesmo tempo: gastar menos e manter impostos!

Em segundo lugar, porque “gastar menos” faz-se de muitas maneiras, desde as mais virtuosas (p.e., reduzir a corrupção) até às mais odiosas (p.e., despedir trabalhadores). E “manter impostos” também pode fazer-se de várias maneiras, entre elas, manter impostos sobre os lucros ou manter impostos sobre o trabalho – sendo que qualquer destas opções também pode ser praticada de muitas maneiras.

E, por falar em lógica...

Nem tudo o que é verosímil, é verdadeiro, e nem tudo o que é legal, é legítimo. Um governo que trai os portugueses, com uma orientação política contrária àquela com que de apresentou a eleições, não é legítimo.

* Excerto completo do texto citado:
“Sabendo que nos próximos anos precisamos de pagar estes juros [da dívida], onde se vai buscar o dinheiro para pagar educação, a saúde, os salários, a Segurança Social e por aí fora? Só há uma de duas opções: ou gastamos menos ou mantemos os impostos demasiado elevados. Não há alternativa. As pessoas têm de dizer o que querem”

16.6.14

Vitórias que contam

Na noite deste domingo, 16 de Junho de 2014, a Colômbia confirmava na Presidência da República, Juan Manuel Santos, para um segundo mandato de quatro anos. Não foi uma eleição qualquer!


No mandato que agora termina, Juan Manuel Santos revelou-se um presidente capaz de romper com a política de autoritarismo e violência extrema do presidente que o precedeu, Álvaro Uribe, apesar de Santos ter sido nada menos que seu Ministro da Defesa. Ao iniciar, a meio do mandato, conversações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), e que ainda decorrem, deu um sinal inequívoco da diferença trazida ao regime pelo novo presidente.

Outro sinal inequívoco foi a mudança radical que operou nas relações com os países progressistas da região latino-americana e caribenha, em que se destaca de forma expressiva o seu relacionamento com o presidente da Venezuela de então, Hugo Chavez – uma aproximação que terá deixado perplexos muitos dos seus eleitores e não menos dos eleitores de Chavez.


Aqueles dois sinais, aquelas duas mudanças de estratégia política, correspondiam e correspondem a dois objectivos fundamentais para os interesses da Colômbia que só o fanatismo sanguinário de Álvaro Uribe e dos seu paramilitares podiam contrariar: a pacificação da Colômbia e a solidariedade regional com vista ao desenvolvimento. E a reeleição de Juan Manuel Santos confirma que estas estratégias correspondem à vontade maioritária do povo colombiano.


A política de confrontação no país, regista já 220.000 mortos e cinco milhões de deslocados.

15.6.14

Manjericos do PS



Andam assanhados
No Largo do Rato
Disputando a bola
O cão e o gato

Seja Santo António
Costa ou Seguro
Venha outro Governo
E nasça prematuro.

12.6.14

Cavaco Silva não é pressionável


A solução europeia


O novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, nomeado a 7 de Junho no parlamento, disse que espera assinar o Acordo de Associação com a União Europeia antes do dia 27 de Junho.

Foto original: REUTERS

10.6.14

No Dia de Camões


Ignorando “a rudeza duma austera, apagada e vil tristeza” em que a Pátria vive actualmente, o supremo magistrado da nação irá proclamar num “som alto e sublimado” “as memórias gloriosas dos seus conjurados e dos empresários distinguidos “por obras valorosas


Também invocará, no trono da hipocrisia, aqueles que, fugindo do país, “se vão da lei da Morte libertando”. E,num “estilo grandíloquo e corrente”, lembrará os que andam em descontos e impostos, esforçados,”mais do que prometia a força humana”.

E traçará mais um limite para os sacrifícios que passa muito “além da Taprobana”.

Por mim, neste blogue, contando “espalharei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e a arte”.

5.6.14

"Que se lixe" a Constituição

Em desespero de causa, o grande censurado das recentes eleições, o governo PSD/CDS, vinga-se no Tribunal Constitucional - há aqui matéria para o livro da Joana Amaral Dias!


Esmagado pela reprovação popular, e não podendo invocar a "troika", Passos Coelho dispara raivoso contra a Constituição. Que "não podemos estar num permanente sobressalto constitucional"; que "as decisões do Tribunal colocam em risco uma recuperação sustentada" - diz ele. Leia-se: o país não vai recuperar mas a culpa não é do Governo, é do Tribunal Constitucional- é da Constituição, portanto. (Nem as águas de Vidago o ajudam a digerir a contrariedade).

E, já que está com a mão na massa, o Primeiro Ministro acusa também os jornalistas e os comentadores. É a cabala - a cabala democrática. Já lá dizia Manuela Ferreira Leite, noutros tempos: «até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia» (2008-11-18). 

Faz sentido: para regressar ao nível de vida dos anos trinta, conviria voltar à Constituição de 1933. 

Na Presidência da República nem se daria pela diferença. E no Governo dava cá um jeito...

4.6.14

Portugal e os Filipes

Entre 1580 e 1640, Portugal viveu sob o domínio dos reis Felipes de Espanha, como resultado da sucessão monárquica por mecanismos familiares. Foi no que deu a morte envergonhada de D. Sebastião e o celibato do prior do Crato.

A pobreza aumenta entre os portugueses e os impostos sobre eles também – ainda estou a falar do domínio dos Felipes…!

Mais que o fantasma de D. Sebastião, talvez, a figura do Manelinho inspirou a fé do nosso povo que não podia ainda recomendar-se a Nossa Senhora de Fátima. O Manuelinho era uma espécie de Marinho e Pinto, só para dar uma ideia e “com o devido e merecido respeito” por um e pelo outro. Mas enquanto o Pinto canta de galo nas televisões, o Manuelinho agitava manifestações de rua – lá teria outra agilidade.

Não creio que Felipe VI de Espanha seja candidato ao trono português, até porque terá bastante com que se entreter, nomeadamente as revoltas da Catalunha – tal como na época dos Felipes de Portugal - , além de que o 1640 já se cumpriu em Maio, segundo Paulo Portas. Mas que o domínio estrangeiro está cá instalado, sabemos que está.

Será que alguém se dispões a confrontar a duquesa de Mântua alemã para Portugal recuperar a independência? Da outra vez foram sessenta anos à espera de Dom Sebastião! E agora? Estamos dispostos a esperar outros sessenta?

3.6.14

España y sus borrascas


Entre o rescaldo do terrorismo e a erupção do separatismo, entre umas eleições europeias em que os dois partidos "do arco do poder", o PSOE e o PP juntos, não atingem 50% dos votos expressos e em que a renúncia do rei Juan Carlos parece levantar mais clamores contra a monarquia do que amores pelo sucessor Filipe VI, a Espanha vive um período tempestuoso.

Do ponto de vista optimista, para o regime instalado, o terrorismo agoniza, o separatismo cristaliza, as eleições não são legislativas e o príncipe Felipe tem boas condições para ser eleito chefe de estado de uma eventual república.

Neste contexto, está aberto um espaço de debate e de conflitualidade cuja evolução parece depender mais de algum erro do que da assertividade das forças em confronto, mais da precipitação do que da serenidade. Flutuar e dar pequenas braçadas parece ser mais prudente do que expor-se em terreno aberto - este estará mais reservado às forças sociais. 

Pelo menos até que estas ganhem confiança num quadro político novo que se vá desenhando. Ou aparentemente novo.

2.6.14

Votos bons e votos maus

Não é democrático considerar que os votos no arco europeísta são bons, aceitáveis, democráticos, e que os votos no arco da crítica são maus, irresponsáveis, perigosos. Numa democracia formal, são os votos que dão legitimidade às políticas e não as políticas que legitimam as votações.

Quando os poderes instalados subvertem estas legitimidades, os eleitores abstêm-se. Em Portugal...
... e no conjunto da Europa:
Fonte do último gráfico: AQUI

1.6.14

Porque hoje é domingo (49)

Se é possível encontrar umas fantasias maiores que outras nas narrativas do Evangelho, e não menos nas “explicações” dos sacerdotes católicos, aquilo que as homilias propagam neste Domingo é a mais hilariante.

Trata-se dos episódios da “ressurreição” de Jesus Cristo, e da sua “subida ao Céu” quarenta dias depois!

Ascensão de Jesus. Azulejos em Lama, Barcelos, Portugal

O desenvolvimento da ciência e a massificação da cultura evoluíram o suficiente, de há dois mil anos para cá, para obrigarem a Igreja a adaptar a ideia de Céu, insistentemente usada por Jesus. Agora apresentam-na como metáfora – o costume. Mas se o céu não é o céu, então a "subida ao Céu" não é subida, e não tarda que a ressurreição seja também considerada figura de estilo.

Cientes de que os crentes não dão atenção a estes pormenores disparatados, mas apenas às exigências práticas que a Igreja lhes coloca “para sua salvação”, os profissionais da religião tiram do texto bíblico as seguintes conclusões:

1) não acreditar é pecado (por isso é que S. Tomé, o único que teve a coragem de expor a sua dúvida sobre a ressurreição, é criticado nas escrituras);

2) compete a cada pessoa, além de crer, levar os outros a crer (por isso a imposição religiosa às crianças na família e na escola, e a imposição nos meios sociais de comunicação, isto é, de formação de opinião.

A tese 1 retira às pessoas a capacidade crítica – nem sequer se atrevem a raciocinar, com medo de pecarem; a tese 2 alimenta o sistema - “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos.”


Para os profissionais da religião – católica, neste caso - não é uma questão de salvar as almas; é uma questão da salvar o Vaticano e todas as suas sucursais pelo mundo - salvar o emprego do clero. Para os senhores deste mundo, é a questão de enquadrar mentalmente o rebanho dos explorados, de submetê-los através deste exército de charlatões.

A fé pode não ser "o ópio do povo" mas uma necessidade, uma confiança fecunda na utopia, mas a religião, essa, manipulando a fé, continua a ser "o ópio do povo"