Quando procurava na ‘Net uma imagem para ilustrar este post e escrevi a palavra abutre, a última coisa que esperava encontrar era o que acabou por surgir: uma entrevista de Octávio Teixeira * em que ele compara os especuladores financeiros a abutres, tal como o título do meu post sugeria.
Sendo assim, mas sobrertudo pelo interesse da sua análise, aqui fica um excerto:
A finança internacional, os grandes bancos especuladores que há pouco tempo receberam dos estados cheques em branco para os salvar da “banca rôta”, voltam a ameaçar a estabilidade financeira e económica... O que eles visam é aumentar as taxas de juro dos empréstimos para aumentarem os seus lucros.
Mas para eles os custos do dinheiro não aumentaram, antes baixaram porque os bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu, os refinanciam a baixo custo.
Citando um artigo do El Pais, também disse: «O que está ferido não é este ou aquele país; é o euro!».
* O. Teixeira, economista e ex-deputado do PCP,
em entrevista para a Antena 1, em 22 de Abril
Quanto ao meu post, é apenas uma recolha de notícias do dia 27 de Abril, aquele em que a notícia da notação financeira de Portugal fez estremecer... os orgãos de informação nacionais. Era o ano da “desgraça” de 2010, quando...
AGÊNCIA DE RATING 16h33
A agência de notação financeira Standard & Poor's cortou o “rating” de longo prazo da dívida portuguesa, em dois níveis.
Esta decisão surge numa altura em que os mercados financeiros estão a penalizar Portugal, essencialmente devido às hesitações dos parceiros europeus quanto à finalização do apoio financeiro à Grécia.
(Na opinião de Bruno Costa, operador da sala de mercados da correctora GoBulling, os investidores estão a reagir "fugindo" do risco, devido ao mau desempenho português no mercado da dívida).
GOVERNO 18h14
Horas depois de o comunicado ter sido enviado, (o ministro) Teixeira dos Santos pronunciou-se sobre esta questão (dizendo) ser provável que os mercados continuem a sofrer a “turbulência” dos últimos dias devido ao ataque dos mercados internacionais e à revisão em baixa do ‘rating’ de Portugal pela Standard & Poor’s.
«Teixeira dos Santos diz que vai fazer tudo o que for necessário para assegurar a eliminação do défice»
PATRÕES 19h45
Os empresários afirmam-se disponíveis para combater a redução do défice, mas advertem que os sacrifícios têm de ser repartidos por todos.
António Saraiva lembrou o alerta da CIP, que considerou tímidas as medidas propostas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), mas assegurou que os empresários estão disponíveis «para ajudar».
Mas, acrescentou, os empresários exigem que “os sacrifícios sejam repartidos de igual modo”, porque “todos beneficiaremos com as medidas de alteração que têm de ser tomadas”.
Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), repetiu o apelo da concertação por parte de todos os agentes, desde políticos a empresários, frisando que “é preciso apertar o cinto”.
Entretanto, contactada pela TSF, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) fez saber que aguarda com muita expectativa os resultados das diligências que certamente o Governo e o PSD irão desencadear face a uma situação tão delicada como esta.
PSD 19h13
O presidente do PSD, Passos Coelho, declara que «As diferenças entre o PSD e o Governo, não nos impedem de fazer a defesa do país, que está sob ataque especulativo » e adiantou que o PSD está disposto a analisar com o Governo a antecipação de medidas do Plano de Estabilidade e Crescimento, o PEC, altura em que não deixará de apresentar sugestões próprias. É conhecido o seu plano “B” que passa sobretudo por uma maior redução da despesa pública.
De seguida, o presidente do PSD pediu uma reunião de urgência com o Primeiro-Ministro para o dia seguinte. (A reunião foi combinada logo no dia 27).
CDS
Assunção Cristas, do CDS-PP, disse que o partido está solidário com o Governo e deu-lhe «alguma razão» quando diz que «não estamos numa situação análoga à da Grécia e que isto é um ataque ao euro».
No entanto, a democrata-cristã frisou que o que conta para os mercados é a «determinação, credibilidade e confiança nas contas públicas e na atitude no futuro» que Portugal demonstrar.
«Nós dissemos na altura do Orçamento do Estado que o orçamento era curto na compressão da despesa e apresentámos várias propostas no sentido de cortar mais na despesa.” Deu como exemplos de sectores em que se pode cortar, o consumo intermédio da administração pública e o Rendimento Social de Inserção.
“Dissemos também que o Orçamento não dava sinais muito claros no que diz respeito ao endividamento e propusemos a paragem das grandes obras públicas, como o TGV e o aeroporto. Precisamente para dar um sinal aos mercados de que tínhamos percebido a gravidade da situação e que íamos actuar em conformidade”,
ESQUERDA
Pelo Bloco de Esquerda, José Gusmão afirmou que «a situação é grave», mas ressalvou que os pareceres das agências de “rating” não têm «nenhuma credibilidade».
Para o bloquista, as agências de “rating” são um instrumento de «ataque especulativo que está a ser conduzido contra o euro». Por isso, continuou, esta situação «exige da União Europeia a concertação de uma política económica anti-crise a a constituição de uma agência de “rating” pública à escala europeia».
«Pensamos que a reacção relativamente a estas notações que são atribuídas deve ser a de reafirmar a soberania do nosso país e a de exigir uma outra política» ao Governo que não a de «definhamento da economia nacional», defendeu, por seu lado, o comunista Vasco Cardoso.
PRIMEIRAS ANÁLISES
ALEXANDRA FIGUEIRA - JN/SAPO
Juros a subir, mais desemprego e menos ajudas do Estado. Será este o panorama previsível para o futuro próximo de Portugal, ainda que o país evite entrar num sistema de "dívida explosiva". Podem estar em causa novas medidas de "aperto de cinto".
(…) Teixeira dos Santos não especificou de que medidas falava, mas Abel Fernandes, da Faculdade de Economia do Porto, admite que passem por mais cortes: em apoios sociais, como o subsídio de desemprego ou o rendimento social de inserção; em obras públicas, como o comboio de alta velocidade ou estradas; na própria máquina pública. Admite até que parte dos vencimentos dos funcionários do Estado seja paga em títulos de dívida, como aconteceu nos anos 80 e que seria, diz, "uma medida mais inteligente do que o corte de salários" decidido por exemplo pela Irlanda e, agora, pela Grécia.
Miguel Beleza, que já ocupou a pastas das Finanças, ainda espera que as medidas do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) sejam suficientes para convencer os mercados de que Portugal é um país de confiança. "Mas não excluo a possibilidade de serem precisas mais", disse.
Vários pontos do PEC têm ainda que ser aprovados pela Assembleia da República, um assunto que será discutido (em 28/4) entre os líderes dos dois principais partidos, José Sócrates e Passos Coelho. Em todo o caso, novos cortes no Estado deverão prejudicar a economia, levando a mais desemprego, diz Abel Fernandes.
Já o cenário de juros mais altos não está em dúvida, será apenas uma questão de tempo. Miguel Beleza não arrisca: "Dentro de um período de tempo, não muito largo, os bancos terão que pagar esta taxa de juro [a agora suportada pelo Estado], que depois farão repercutir no crédito concedido" a famílias e empresas. Ontem, a mesma agência baixou a nota dada à dívida de cinco bancos e da REN.
Para quem tem empréstimos, o efeito das subidas dos juros será sentido à medida que vai subindo a Euribor que, recorde-se, é uma taxa europeia e não exclusiva de Portugal (o Banco Central Europeu já admitiu subir as suas taxas directoras este ano). Ainda assim, é de esperar que a Banca continue a aumentar as comissões, como forma de subir receitas.
Já para quem vai fazer novos contratos, é de esperar que os bancos sejam cada vez mais exigentes nas condições impostas, emprestem menos dinheiro (em comparação com o valor da casa, por exemplo) e cobrem "spreads" mais altos.
A atenção dada pelos mercados às contas de Portugal poderá ser exagerada, regressando a valores "normais" depois de algum tempo, espera Miguel Beleza.
(Para) Abel Fernandes, o crescimento da economia portuguesa será menor do que a subida dos juros a pagar, o que questiona a capacidade do país de, a prazo, cumprir os seus compromissos. "Estamos numa trajectória de dívida explosiva", disse.
Resumo por minha conta:
O processo capitalista de expropriação dos trabalhadores através de salários baixos, aumento de impostos e de juros, não pára de inventar artifícios. A natureza internacional deste processo é evidente. A culpa não é dos abutres que, segundo se sabe, só atacam porque têm fome.
("Itálicos" e realçados da iniciativa deste blogue)
29.4.10
27.4.10
Percursos das revoluções
No dia 25 de Abril decorreram, eleições municipais em Cuba!
Para perceber um pouco melhor que coisa é essa, recomendo ESTE artigo de Yoani Sanchez sobre a sua experiência pessoal neste processo, com mais de 3.200 comentários. Livres!
(Na certeza de que esta minha recomendação será vista por Albano Nunes, dirigente do PCP, e alguns fervorosos dirigidos, como uma atitude “de contornos fascizantes”).
25 de ABRIL
Sem pretender estabelecer uma relação com o referido acima, gostaria também de destacar das minhas consultas blogueiras de hoje, ESTE artigo de José Milhazes que além de referências pessoais interessantes, extrai uma conclusão bastante pertinente sobre os resultados do 25 de Abril e outras revoluções com propósitos democratizadores:
«A ressaca não surge porque se conclui que esses acontecimentos não valeram a pena, mas porque, quando a festa termina, os líricos são substituídos por cínicos. Na linguagem destes últimos, chamam-se “pragmáticos”».
Salvaguardado no título que as revoluções são diversas e os percursos também, resta-me discordar da palavra "líricos" no citado texto de JM. Porque "valeram a pena", como reconhece o próprio autor. Trata-se, é certo, de uma compreensível expressão irónica, além de que dá jeito para o efeito fonético. Porque líricos, em rigôr, mais se poderia dizer de quantos ficam à espera da "mudança de mentalidades" para que a sociedade mude.
Para perceber um pouco melhor que coisa é essa, recomendo ESTE artigo de Yoani Sanchez sobre a sua experiência pessoal neste processo, com mais de 3.200 comentários. Livres!
(Na certeza de que esta minha recomendação será vista por Albano Nunes, dirigente do PCP, e alguns fervorosos dirigidos, como uma atitude “de contornos fascizantes”).
25 de ABRIL
Sem pretender estabelecer uma relação com o referido acima, gostaria também de destacar das minhas consultas blogueiras de hoje, ESTE artigo de José Milhazes que além de referências pessoais interessantes, extrai uma conclusão bastante pertinente sobre os resultados do 25 de Abril e outras revoluções com propósitos democratizadores:
«A ressaca não surge porque se conclui que esses acontecimentos não valeram a pena, mas porque, quando a festa termina, os líricos são substituídos por cínicos. Na linguagem destes últimos, chamam-se “pragmáticos”».
Salvaguardado no título que as revoluções são diversas e os percursos também, resta-me discordar da palavra "líricos" no citado texto de JM. Porque "valeram a pena", como reconhece o próprio autor. Trata-se, é certo, de uma compreensível expressão irónica, além de que dá jeito para o efeito fonético. Porque líricos, em rigôr, mais se poderia dizer de quantos ficam à espera da "mudança de mentalidades" para que a sociedade mude.
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24.4.10
Imagine um país ...
onde as eleições são raras e falsas
onde os partidos políticos são proibidos
onde os sindicatos são controlados pelo governo
onde se vai preso por dizer mal dos governantes,
mesmo em privado
onde é proibido discutir política
na rua, no café, em toda a parte
onde são proibidas e reprimidas
tentativas de greve ou de manifestação
onde é proibida a palavra liberdade,
a palavra operariado, a palavra revolução,
a palavra socialismo... - a palavra !
onde cada notícia, cada artigo de jornal,
está sujeito à aprovação prévia
de agentes do governo
onde os livros incómodos
são retirados das livrarias
onde se torturam pessoas por suposta pertença a organizações
de oposição ao regime, necessariamente clandestinas,
– eu disse: torturam!
onde os povos coloniais são escravizados
onde os que defendem a independência das colónias
são considerados terroristas – eu disse: terroristas !
onde o governo manda nas sentenças dos tribunais
onde as organizações nacionais de jovens são inspiradas e fardadas no modelo fascista de Mussolini
("Mocidade Portuguesa")
onde existem organizações políticas brutais, milícias pró-nazis, para perseguir opositores e realizar acções secretas a favor do regime, sob as ordens do governo ("Legião Portuguesa")
onde o silêncio ou a cumplicidade é o preço da sobrevivência
Onde... onde... onde...
É só para dizer que esse país existe - na memória e no mêdo;
é Portugal antes de 25 de Abril de 1974
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22.4.10
"A banca é do povo"
Para que não pareça demasiado obsoleto ou anti-ocidental, porventura radical e muito certamente pessimista o meu artigo anterior que aludia aos limites da paciência popular para aturar os desmandos imorais, digo obscenos do capitalismo...
... junto agora um artigo do catalão Vicenç Navarro *, de 17 de Abril de 2010, e que reza assim:
«Una noticia que seguro Ud. no habrá leído en los mayores medios de información del país es la del movimiento que está ocurriendo en EEUU (centro de la crisis financiera), que goza de gran apoyo popular, que propone la creación de bancas públicas, tanto a nivel estatal como federal. En parte, ello se debe al enorme descrédito que la banca privada tiene en aquel país. Según las últimas encuestas (inquéritos de opinião), los bancos están entre las instituciones menos valoradas en la sociedad estadounidense. A pesar de las enormes cantidades de fondos públicos que los bancos han recibido, todavía hoy es difícil para las pequeñas y medianas empresas, así como para la mayoría de la ciudadanía, conseguir crédito bancario. En lugar de utilizar los fondos públicos para cumplir esta función social (el ofrecimiento de crédito), los grandes bancos han utilizado tales fondos para continuar con sus comportamientos especulativos (que causaron la crisis financiera) y para incrementar todavía más los salarios y bonos de sus directivos. Como consecuencia, la hostilidad de la población hacia los bancos se ha acentuado todavía más.Pero la otra razón de que haya un número creciente de representantes políticos que, presionados por la opinión popular, estén proponiendo crear una banca pública es la experiencia positiva de la banca pública en aquellos estados que tienen bancos estatales públicos.
(...)
Y otro dato importante, que tampoco habrá leído en los mayores medios de información y persuasión españoles es que se empiezan a escuchar voces en EEUU que están pidiendo también que se establezca un banco público, voces que están encontrando una gran receptividad en la calle, e incluso en algunos sectores del Congreso (que no han sido captados todavía por los lobbies de la Banca). Entre estas voces está la del Premio Nobel de Economía, Joseph Stiglitz, que en un artículo reciente en la revista The Nation indicaba que los 700.000 millones de dólares que se gastaron para ayudar a la banca, debieran haberse utilizado en establecer una banca pública, evitando así que EEUU tuviera el enorme problema de crédito que tiene hoy».
(Fim de citação. O artigo completo encontra-se AQUI ).
Claro que não há aqui um sinal de rutura com o capitalismo - não só pela desproporção do significado como até por falta de uma alternativa moderna - mas daqui a tomar-se este sinal por desprezível, só mesmo para quem não compreendeu os efeitos perversos da política de Gorbachev destinada a aperfeiçoar... o socialismo.
* Vicenç Navarro ha sido Catedrático de Economía Aplicada en la Universidad de Barcelona. Actualmente es Catedrático de Ciencias Políticas y Sociales, Universidad Pompeu Fabra (Barcelona, España). Es también profesor de Políticas Públicas en The Johns Hopkins University (Baltimore, EEUU) donde ha impartido docencia durante 35 años. Dirige el Programa en Políticas Públicas y Sociales patrocinado conjuntamente por la Universidad Pompeu Fabra y The Johns Hopkins University. Dirige también el Observatorio Social de España
A capa da Vida Mundial de 1975 foi copiada de Restos de Colecção
... junto agora um artigo do catalão Vicenç Navarro *, de 17 de Abril de 2010, e que reza assim:
«Una noticia que seguro Ud. no habrá leído en los mayores medios de información del país es la del movimiento que está ocurriendo en EEUU (centro de la crisis financiera), que goza de gran apoyo popular, que propone la creación de bancas públicas, tanto a nivel estatal como federal. En parte, ello se debe al enorme descrédito que la banca privada tiene en aquel país. Según las últimas encuestas (inquéritos de opinião), los bancos están entre las instituciones menos valoradas en la sociedad estadounidense. A pesar de las enormes cantidades de fondos públicos que los bancos han recibido, todavía hoy es difícil para las pequeñas y medianas empresas, así como para la mayoría de la ciudadanía, conseguir crédito bancario. En lugar de utilizar los fondos públicos para cumplir esta función social (el ofrecimiento de crédito), los grandes bancos han utilizado tales fondos para continuar con sus comportamientos especulativos (que causaron la crisis financiera) y para incrementar todavía más los salarios y bonos de sus directivos. Como consecuencia, la hostilidad de la población hacia los bancos se ha acentuado todavía más.Pero la otra razón de que haya un número creciente de representantes políticos que, presionados por la opinión popular, estén proponiendo crear una banca pública es la experiencia positiva de la banca pública en aquellos estados que tienen bancos estatales públicos.
(...)
Y otro dato importante, que tampoco habrá leído en los mayores medios de información y persuasión españoles es que se empiezan a escuchar voces en EEUU que están pidiendo también que se establezca un banco público, voces que están encontrando una gran receptividad en la calle, e incluso en algunos sectores del Congreso (que no han sido captados todavía por los lobbies de la Banca). Entre estas voces está la del Premio Nobel de Economía, Joseph Stiglitz, que en un artículo reciente en la revista The Nation indicaba que los 700.000 millones de dólares que se gastaron para ayudar a la banca, debieran haberse utilizado en establecer una banca pública, evitando así que EEUU tuviera el enorme problema de crédito que tiene hoy».
(Fim de citação. O artigo completo encontra-se AQUI ).
Claro que não há aqui um sinal de rutura com o capitalismo - não só pela desproporção do significado como até por falta de uma alternativa moderna - mas daqui a tomar-se este sinal por desprezível, só mesmo para quem não compreendeu os efeitos perversos da política de Gorbachev destinada a aperfeiçoar... o socialismo.
* Vicenç Navarro ha sido Catedrático de Economía Aplicada en la Universidad de Barcelona. Actualmente es Catedrático de Ciencias Políticas y Sociales, Universidad Pompeu Fabra (Barcelona, España). Es también profesor de Políticas Públicas en The Johns Hopkins University (Baltimore, EEUU) donde ha impartido docencia durante 35 años. Dirige el Programa en Políticas Públicas y Sociales patrocinado conjuntamente por la Universidad Pompeu Fabra y The Johns Hopkins University. Dirige también el Observatorio Social de España
A capa da Vida Mundial de 1975 foi copiada de Restos de Colecção
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20.4.10
Economia é soberania
Uma pergunta do PSD sobre as remunerações atribuídas ao Presidente do Conselho de Administração da EDP, levou o primeiro-ministro a afirmar-se contrário a “uma escalada gananciosa dos ordenados dos gestores” *
Era tudo o que faltava para se reunir uma unanimidade política acerca do assunto. No entanto, essa esmagadora unanimidade não teve a menor influência na matéria. O que diz muito sobre quem manda, se a democracia política, se a oligarquia económica.
Não é todos os dias que Karl Marx recebe uma demonstração tão clara da sua tese sobre a importância determinante do poder económico e, corolário disto, o imperativo político e democrático das nacionalização dos grandes meios estratégicos de produção.
Por outras palavras...
O enriquecimento ilícito e o enriquecimento escandaloso não são o mesmo fenómeno no plano da Justiça (institucional), mas já o são no plano da justiça (popular). Não são o mesmo fenómeno na moral dos ricos mas já são o mesmo fenómeno na moral dos pobres. Não são o mesmo fenómeno na ideologia capitalista e liberal, mas já são o mesmo fenómeno na ideologia socialista, desde a mais utópica à mais científica. Isto porque só há uma riqueza, tal como há só uma Terra – o que é plural são os cofres, as quintas, e os respectivos proprietários.
O lucro, a apropriação da riqueza social – porque é produzida pela sociedade – é não só um direito como até o motor do desenvolvimento económico, na perspectiva do sistema capitalista; mas já é um crime e um entrave ao desenvolvimento social, na perspectiva do sistema socialista.
Para que um gestor M. possa auferir rendimentos absurdos, são necessárias 3 condições: que os trabalhadores da empresa ganhem ordenados vulgares, que os consumidores paguem caro os produtos que a empresa vende e que o gestor partilhe dos lucros como os capitalistas e não dos salários como os trabalhadores que criam as mais-valias.
Por outro lado, para que os rendimentos escandalosos do senhor M. pareçam lícitos e necessários, é preciso manter, defender e proclamar o dogma capitalista, e diabolizar qualquer discurso ou medidas que o possam comprometer ou desconfortar. O anti-comunismo, por exemplo, joga aqui um papel histórico fundamental e recorrente. Mas afirmar simplesmente que os críticos são radicais e invejosos também funciona bem...
Pese embora a favor do argumentário capitalista, o rumo despótico dos países que se reclamam do comunismo, e a cumplicidade com eles por parte dos partidos comunistas em países capitalistas, nada disso desmente a análise marxista do caracter injusto e cruel da economia capitalista e o imperativo de um “novo modelo social” e económico, que apenas se cumpre com a reapropriação social da riqueza e do poder nacional. Isto que hoje parece anacrónico a muitos espíritos domesticados pelo discurso dominante, impor-se-à como inovador e imperativo se e no dia em que o agravamento das condições sociais – depois da crise financeira e da crise económica – atingir níveis insuportáveis para a população.
Tão inesperado como o 25 de Abril de 1974 ou como a implosão do bloco soviético, alguém acabará por abrir essa fenda vulcânica por onde as forças sociais anseiam explodir a sua indignação. Até lá, vai prevalecendo uma certa reserva de esperança, uma certa anestesia política que dá sinais de enorme fragilidade, aliás, quando ouvimos todos os partidos indignados, mas todos, tão indignados como impotentes para corrigir o que é incorrigível no seu quadro ideológico: os crimes socio-económicos do capitalismo.
* José Sócrates em RTP.PT em 16 de Abril
Era tudo o que faltava para se reunir uma unanimidade política acerca do assunto. No entanto, essa esmagadora unanimidade não teve a menor influência na matéria. O que diz muito sobre quem manda, se a democracia política, se a oligarquia económica.
Não é todos os dias que Karl Marx recebe uma demonstração tão clara da sua tese sobre a importância determinante do poder económico e, corolário disto, o imperativo político e democrático das nacionalização dos grandes meios estratégicos de produção.
Por outras palavras...
O enriquecimento ilícito e o enriquecimento escandaloso não são o mesmo fenómeno no plano da Justiça (institucional), mas já o são no plano da justiça (popular). Não são o mesmo fenómeno na moral dos ricos mas já são o mesmo fenómeno na moral dos pobres. Não são o mesmo fenómeno na ideologia capitalista e liberal, mas já são o mesmo fenómeno na ideologia socialista, desde a mais utópica à mais científica. Isto porque só há uma riqueza, tal como há só uma Terra – o que é plural são os cofres, as quintas, e os respectivos proprietários.
O lucro, a apropriação da riqueza social – porque é produzida pela sociedade – é não só um direito como até o motor do desenvolvimento económico, na perspectiva do sistema capitalista; mas já é um crime e um entrave ao desenvolvimento social, na perspectiva do sistema socialista.
Para que um gestor M. possa auferir rendimentos absurdos, são necessárias 3 condições: que os trabalhadores da empresa ganhem ordenados vulgares, que os consumidores paguem caro os produtos que a empresa vende e que o gestor partilhe dos lucros como os capitalistas e não dos salários como os trabalhadores que criam as mais-valias.
Por outro lado, para que os rendimentos escandalosos do senhor M. pareçam lícitos e necessários, é preciso manter, defender e proclamar o dogma capitalista, e diabolizar qualquer discurso ou medidas que o possam comprometer ou desconfortar. O anti-comunismo, por exemplo, joga aqui um papel histórico fundamental e recorrente. Mas afirmar simplesmente que os críticos são radicais e invejosos também funciona bem...
Pese embora a favor do argumentário capitalista, o rumo despótico dos países que se reclamam do comunismo, e a cumplicidade com eles por parte dos partidos comunistas em países capitalistas, nada disso desmente a análise marxista do caracter injusto e cruel da economia capitalista e o imperativo de um “novo modelo social” e económico, que apenas se cumpre com a reapropriação social da riqueza e do poder nacional. Isto que hoje parece anacrónico a muitos espíritos domesticados pelo discurso dominante, impor-se-à como inovador e imperativo se e no dia em que o agravamento das condições sociais – depois da crise financeira e da crise económica – atingir níveis insuportáveis para a população.
Tão inesperado como o 25 de Abril de 1974 ou como a implosão do bloco soviético, alguém acabará por abrir essa fenda vulcânica por onde as forças sociais anseiam explodir a sua indignação. Até lá, vai prevalecendo uma certa reserva de esperança, uma certa anestesia política que dá sinais de enorme fragilidade, aliás, quando ouvimos todos os partidos indignados, mas todos, tão indignados como impotentes para corrigir o que é incorrigível no seu quadro ideológico: os crimes socio-económicos do capitalismo.
* José Sócrates em RTP.PT em 16 de Abril
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13.4.10
Salomão e as presidenciais
A ESQUERDA CORTADA ÀS FATIAS
Vieram ter com ele duas mulheres. Cada uma delas dizia-se mãe da mesma criança e pediam a Salomão que fizesse justiça entregando o recém-nascido à mãe verdadeira.
Salomão mandou que se cortasse o bebé ao meio e se desse metade a cada uma.
Conta a lenda bíblica que o soberano disse isto sem a intenção de que se cumprisse tal monstruosidade, mas sim para avaliar os verdadeiros sentimentos das mulheres – aquela que aceitasse a morte da criança não seria decerto a verdadeira mãe. E assim aconteceu e foi feita justiça.
Dando de barato que isto tenha acontecido e que a intenção de Salomão fosse mesmo a de apurar quem verdadeiramente amava a criança, há pelo menos uma coisa de que estou certo: que Salomão não é do nosso tempo, do nosso país e da nossa esquerda política. Quando os nossos candidatos à esquerda sacrificam os interesses do povo, ao seu orgulho, eles não amam senão o seu umbigo, não são de esquerda e não representam ninguém.
Mais conta a história que todo o povo, ouvindo o julgamento pronunciado pelo rei, encheu-se de respeito por ele...
Vieram ter com ele duas mulheres. Cada uma delas dizia-se mãe da mesma criança e pediam a Salomão que fizesse justiça entregando o recém-nascido à mãe verdadeira.
Salomão mandou que se cortasse o bebé ao meio e se desse metade a cada uma.
Conta a lenda bíblica que o soberano disse isto sem a intenção de que se cumprisse tal monstruosidade, mas sim para avaliar os verdadeiros sentimentos das mulheres – aquela que aceitasse a morte da criança não seria decerto a verdadeira mãe. E assim aconteceu e foi feita justiça.
Dando de barato que isto tenha acontecido e que a intenção de Salomão fosse mesmo a de apurar quem verdadeiramente amava a criança, há pelo menos uma coisa de que estou certo: que Salomão não é do nosso tempo, do nosso país e da nossa esquerda política. Quando os nossos candidatos à esquerda sacrificam os interesses do povo, ao seu orgulho, eles não amam senão o seu umbigo, não são de esquerda e não representam ninguém.
Mais conta a história que todo o povo, ouvindo o julgamento pronunciado pelo rei, encheu-se de respeito por ele...
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11.4.10
Antes e depois... de Spínola
O país adoptou um orçamento "de rigor", com aumento dos impostos, diminuição das ajudas governamentais, supressão do 13.º mês de salário e cortes nas reformas. Uma política que os eleitores condenaram nas eleições deste domingo, ao votar na direita.
Ainda não é cá; é na Hungria.
Por cá... é só esperar pelas "outras" políticas da direita que espera a sua vez. Passos Coelho já vai prevenindo: «Precisamos de ser mais exigentes relativamente a todos os que recebem subsídios, rendimentos sociais de inserção e outros complementos». Ao mesmo tempo e para os mesmos efeitos, promove a subversão da Constituição. Entretanto, gestores de grandes empresas, cúmplices desta políticas, roubam escandalosamente o produto do trabalho dos portugueses, em forma de remunerações auto-atribuidas, "prémios" e "bónus".
A quantos perguntavam como é que a minha geração e a anterior suportaram tantos anos a repressão do velho Estado Novo, eu respondo com a incapacidade que a geração actual tem para mudar a situação escandalosa a que chegámos, apesar da democracia política de que goza.
A quantos perguntarem o que tem isto a ver com a citação de Spínola no título, eu respondo: o fundador do ELP, organização clandestina para derrubar o regime criado em Abril de 74, acaba de ser homenageado com o nome numa avenida de Lisboa. É mais um escândalo!
Bem vistas as coisas, tudo isto acaba por "encaixar" na lógica capitalista como no cubo húngaro de Rubik.
Ainda não é cá; é na Hungria.
Por cá... é só esperar pelas "outras" políticas da direita que espera a sua vez. Passos Coelho já vai prevenindo: «Precisamos de ser mais exigentes relativamente a todos os que recebem subsídios, rendimentos sociais de inserção e outros complementos». Ao mesmo tempo e para os mesmos efeitos, promove a subversão da Constituição. Entretanto, gestores de grandes empresas, cúmplices desta políticas, roubam escandalosamente o produto do trabalho dos portugueses, em forma de remunerações auto-atribuidas, "prémios" e "bónus".
A quantos perguntavam como é que a minha geração e a anterior suportaram tantos anos a repressão do velho Estado Novo, eu respondo com a incapacidade que a geração actual tem para mudar a situação escandalosa a que chegámos, apesar da democracia política de que goza.
A quantos perguntarem o que tem isto a ver com a citação de Spínola no título, eu respondo: o fundador do ELP, organização clandestina para derrubar o regime criado em Abril de 74, acaba de ser homenageado com o nome numa avenida de Lisboa. É mais um escândalo!
Bem vistas as coisas, tudo isto acaba por "encaixar" na lógica capitalista como no cubo húngaro de Rubik.
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9.4.10
Censura... democrática !
ou: liberdade... revolucionária
À consideração daqueles que virão dentro de poucos dias proclamar as conquistas de Abril (de 1974), invocando justamente o papel do PCP na denúncia e no combate contra o regime de Salazar e Caetano, mas que promovem o regime cubano como democrático e progressista, recomendo a leitura deste pequeno testemunho actualíssimo, para que façam comparações.
«Justamente ayer, la víspera de presentarse en Chile una compilación de mis textos con el título Cuba Libre, me llegó una información de la Aduana General de la República (de Cuba). En ella me confirmaban la confiscación de diez ejemplares de mi libro enviados a través de DHL. En las rancias y breves palabras de la burocracia, me explicaban:
Al realizar la inspección física del envío se detectó documentación cuyo contenido atenta contra los intereses generales de la nación, por lo que se procede a su decomiso en correspondencia a lo establecido en la legislación vigente.
Trato de reproducir la escena de “los especialistas” dilucidando si permitían o no que el libro traspasara las fronteras de esta Isla y llegara hasta mis manos. ¿Buscarían en sus páginas alguna imagen obscena que pudiera ofender la moral? De seguro no la encontraron entre las fotos de vallas inflamadas de consignas políticas, las desvencijadas entrañas de un automóvil abandonado y las banderas cubanas exhibidas en un mercado donde no vale la moneda nacional. Esto último puede parecer obsceno, pero no es mi culpa.
¿Serían celosos doctores de la gramática esos que manosearon las frases de Cuba Libre buscando quizás una errata o un tiempo verbal mal usado? ¿Se trataba acaso de analistas militares, indagando entre los párrafos de mis crónicas por códigos ocultos, revelaciones sobre la economía o documentos secretos de la Seguridad del Estado? Nada de eso hallaron, ni siquiera la receta de cómo fabricar guarapo, esa casi extinta bebida nacional que se logra exprimiendo la caña de azúcar».
Ao recordar o que foi a Censura em Portugal e o papel do jornal Avante na respectiva denúncia, não é possível deixar de "estranhar" o entusiasmo com que os dirigentes do PCP falam hoje sobre Cuba.
Diversamente, muitos outros, "fieis ao espírito de Abril" indignam-se com esse... paradoxo moral e com essa incoerência ideológica que traz prejuízo para o povo cubano e para a "confiança do país" - é um certo conceito de "solidariedade internacional" que torna o PCP carente de autoridade moral aos olhos do eleitorado, num fidelismo ideológico onde não cabem os valores nem o pensamento dos mentores que invocam.
Quando Jerónimo de Sousa diz euforicamente acerca de Cuba que «um povo tem direito a decidir dos seus destinos e a construir o seu futuro, seguindo exemplos de coragem e determinação como o de Cuba Socialista, estão a devolver aos seus povos a sua soberania, os seus direitos e sobretudo a capacidade de acreditar que sim é possível um outro mundo melhor», é evidente que não fala do povo mas sim dos Castros, e isso diz tudo sobre o que o povo português poderia esperar do actual PCP "se e quando" fosse chamado a ser governo!
A foto ao cimo vem do post "Escrita em Dia".
À consideração daqueles que virão dentro de poucos dias proclamar as conquistas de Abril (de 1974), invocando justamente o papel do PCP na denúncia e no combate contra o regime de Salazar e Caetano, mas que promovem o regime cubano como democrático e progressista, recomendo a leitura deste pequeno testemunho actualíssimo, para que façam comparações.
«Justamente ayer, la víspera de presentarse en Chile una compilación de mis textos con el título Cuba Libre, me llegó una información de la Aduana General de la República (de Cuba). En ella me confirmaban la confiscación de diez ejemplares de mi libro enviados a través de DHL. En las rancias y breves palabras de la burocracia, me explicaban:
Al realizar la inspección física del envío se detectó documentación cuyo contenido atenta contra los intereses generales de la nación, por lo que se procede a su decomiso en correspondencia a lo establecido en la legislación vigente.
Trato de reproducir la escena de “los especialistas” dilucidando si permitían o no que el libro traspasara las fronteras de esta Isla y llegara hasta mis manos. ¿Buscarían en sus páginas alguna imagen obscena que pudiera ofender la moral? De seguro no la encontraron entre las fotos de vallas inflamadas de consignas políticas, las desvencijadas entrañas de un automóvil abandonado y las banderas cubanas exhibidas en un mercado donde no vale la moneda nacional. Esto último puede parecer obsceno, pero no es mi culpa.
¿Serían celosos doctores de la gramática esos que manosearon las frases de Cuba Libre buscando quizás una errata o un tiempo verbal mal usado? ¿Se trataba acaso de analistas militares, indagando entre los párrafos de mis crónicas por códigos ocultos, revelaciones sobre la economía o documentos secretos de la Seguridad del Estado? Nada de eso hallaron, ni siquiera la receta de cómo fabricar guarapo, esa casi extinta bebida nacional que se logra exprimiendo la caña de azúcar».
Ao recordar o que foi a Censura em Portugal e o papel do jornal Avante na respectiva denúncia, não é possível deixar de "estranhar" o entusiasmo com que os dirigentes do PCP falam hoje sobre Cuba.
Diversamente, muitos outros, "fieis ao espírito de Abril" indignam-se com esse... paradoxo moral e com essa incoerência ideológica que traz prejuízo para o povo cubano e para a "confiança do país" - é um certo conceito de "solidariedade internacional" que torna o PCP carente de autoridade moral aos olhos do eleitorado, num fidelismo ideológico onde não cabem os valores nem o pensamento dos mentores que invocam.
Quando Jerónimo de Sousa diz euforicamente acerca de Cuba que «um povo tem direito a decidir dos seus destinos e a construir o seu futuro, seguindo exemplos de coragem e determinação como o de Cuba Socialista, estão a devolver aos seus povos a sua soberania, os seus direitos e sobretudo a capacidade de acreditar que sim é possível um outro mundo melhor», é evidente que não fala do povo mas sim dos Castros, e isso diz tudo sobre o que o povo português poderia esperar do actual PCP "se e quando" fosse chamado a ser governo!
A foto ao cimo vem do post "Escrita em Dia".
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7.4.10
A César o que é de César
e ao Papa o que é do Papa
Supõe-se que a intenção da Igreja esconder os sacerdotes criminosos nas paredes da instituição religiosa, seja preservar o prestígio da instituição, a credibilidade geral dos seus ministros. Nada que a distinga de qualquer outra instituição vulgar, nomeadamente as instituições políticas, mas que no caso e por razões obvias se torna muito mais grave: para além de sonegar os criminosos à Justiça e mantê-los em condições favoráveis à continuação das mesmas práticas, a Igreja remete para o domínio da crença o que pertence ao domínio da criminalidade civil!
Pode dar jeito à Igreja invocar uma frase atribuida a Jesus Cristo: «Não julgueis e não sereis julgados». Mas trata-se aqui, mesmo no plano da exegese, de reprovar o juízo subjectivo; não se trata de encobrir o erro com o silêncio, não se trata de ser permissivo perante o "pecado", como se percebe no episódio em que Jesus expulsa violentamente os "vendilhões", do templo.
Em vez de obedecer a Jesus Cristo que fazia atribuir «a Deus o que é de Deus e a César o que é de César», e em vez de preservar de facto o prestígio da Igreja, as autoridades religiosas arriscam tudo para evitar que a investigação escape ao seu controlo pessoal, o que pode fazer crer que receiam elas próprias ver-se acusadas. Não é o “pecado” que as preocupa, é o mêdo da Justiça.
Pode, enfim, ter Jesus Cristo fundado a sua igreja com os mesmos propósitos bondosos com que Deus teria inventado o Mundo e a Humanidade, mas é manifesta a imperfeição de tudo quanto “foi criado” – desde a Terra com as suas catástrofes até à Igreja com as suas vicissitudes.
Invocando o título de um livro de Gilbert Cesbron (*) que fala de “outra” Igreja Católica, de outros padres, de outras práticas, é caso para dizer que “Os santos vão para o inferno”.
Atrevo-me, enfim, a acrescentar que não é de santidade mas de sanidade o que o mundo precisa – coisa que as religiões nunca ajudaram a instalar, promotoras que são de mistérios e castigos, magias e humilhações de personalidade.
Amén !
Supõe-se que a intenção da Igreja esconder os sacerdotes criminosos nas paredes da instituição religiosa, seja preservar o prestígio da instituição, a credibilidade geral dos seus ministros. Nada que a distinga de qualquer outra instituição vulgar, nomeadamente as instituições políticas, mas que no caso e por razões obvias se torna muito mais grave: para além de sonegar os criminosos à Justiça e mantê-los em condições favoráveis à continuação das mesmas práticas, a Igreja remete para o domínio da crença o que pertence ao domínio da criminalidade civil!
Pode dar jeito à Igreja invocar uma frase atribuida a Jesus Cristo: «Não julgueis e não sereis julgados». Mas trata-se aqui, mesmo no plano da exegese, de reprovar o juízo subjectivo; não se trata de encobrir o erro com o silêncio, não se trata de ser permissivo perante o "pecado", como se percebe no episódio em que Jesus expulsa violentamente os "vendilhões", do templo.
Em vez de obedecer a Jesus Cristo que fazia atribuir «a Deus o que é de Deus e a César o que é de César», e em vez de preservar de facto o prestígio da Igreja, as autoridades religiosas arriscam tudo para evitar que a investigação escape ao seu controlo pessoal, o que pode fazer crer que receiam elas próprias ver-se acusadas. Não é o “pecado” que as preocupa, é o mêdo da Justiça.
Pode, enfim, ter Jesus Cristo fundado a sua igreja com os mesmos propósitos bondosos com que Deus teria inventado o Mundo e a Humanidade, mas é manifesta a imperfeição de tudo quanto “foi criado” – desde a Terra com as suas catástrofes até à Igreja com as suas vicissitudes.
Invocando o título de um livro de Gilbert Cesbron (*) que fala de “outra” Igreja Católica, de outros padres, de outras práticas, é caso para dizer que “Os santos vão para o inferno”.
Atrevo-me, enfim, a acrescentar que não é de santidade mas de sanidade o que o mundo precisa – coisa que as religiões nunca ajudaram a instalar, promotoras que são de mistérios e castigos, magias e humilhações de personalidade.
Amén !
* Escritor francês de inspiração católica. Livro de 1956.
3.4.10
Lição de jornalismo
No programa a que a foto se reporta, Oprah Winfrey entrevista um conjunto de pedófilos.
Foi a experiência de vida que fez de Oprah uma lição para o mundo.
"Consigo comunicar-me com tantas pessoas porque sou igual a todos e não faço segredo disso. Tive uma infância complicada, fui violentada, batalhei muito, relacionei-me com homens que me fizeram mal, vivo fazendo dieta e não tenho vergonha de declarar tudo pessoalmente".
Esta garota pobre transformou-sena apresentadora de maior sucesso da TV norte-americana e na personalidade feminina mais influente do planeta, "considerada uma das personalidades mais influentes do século 20, ao lado de Martin Luther King, Charlie Chaplin e Picasso".
Esta garota pobre nasceu por acidente e foi abandonada pela jovem mãe na porta da casa do amante. Oprah foi criada com mãos de ferro pela avó paterna. Aos 3 anos era tão precoce que recitava versinhos na igreja e aprendeu a ler sozinha. Mas apesar de esperta e comunicativa, foi rejeitada por ser obesa e ter uma inteligência acima da média. Excluída, sem amigos, mãe e pai, e sem brinquedos, buscou alento nos livros e nos estudos da Bíblia.
Só aos 6 anos quando foi morar com o pai, altura em que usou o primeiro par de sapatos. No entanto, a severidade do militar e a volta repentina da mãe - que apareceu para buscá-la - assustaram a menina, que fugiu de casa e foi morar com uma tia. Lá, com apenas 9 anos, a estrela foi estuprada pelo primo, que passou a molestá-la a partir dali. Aos 14 anos, grávida e sem rumo, aceitou morar com a mãe. O bebé morreu uma semana depois do nascimento. Revoltada, passou a cometer pequenos furtos dentro de casa e foi mandada para um reformatório, de onde logo foi expulsa.
Um dia venceu um concurso cujo prémio era visitar uma rádio local. Lá, os directores ficaram encantados com a voz dela e deram-lhe uma oportunidade.
Aos 17 anos, Oprah era repórter de rádio em Nashville e estudava Comunicação Social e Artes Performáticas. Mais tarde iria tornar-se, por mérito da sua capacidade e personalidade, a Estrela do talk show de maior audiência na história da televisão mundial.
Hoje, classificada como a mais rica afro-americana do século 20, a todo-poderosa da TV, é capaz de influenciar a sociedade americana com uma simples frase. Basta comentar que gostou de determinado livro, para a obra esgotar no dia seguinte.
Um dia, num especial sobre a Ku Klux Klan impulsionou a luta pelos direitos civis nos anos 90. "Não posso mudar as pessoas, mas posso expô-las ao que de facto são."
Fonte:href="http://usherblackmary.blogspot.com/2007/03/biografia.html
Foi a experiência de vida que fez de Oprah uma lição para o mundo.
"Consigo comunicar-me com tantas pessoas porque sou igual a todos e não faço segredo disso. Tive uma infância complicada, fui violentada, batalhei muito, relacionei-me com homens que me fizeram mal, vivo fazendo dieta e não tenho vergonha de declarar tudo pessoalmente".
Esta garota pobre transformou-sena apresentadora de maior sucesso da TV norte-americana e na personalidade feminina mais influente do planeta, "considerada uma das personalidades mais influentes do século 20, ao lado de Martin Luther King, Charlie Chaplin e Picasso".
Esta garota pobre nasceu por acidente e foi abandonada pela jovem mãe na porta da casa do amante. Oprah foi criada com mãos de ferro pela avó paterna. Aos 3 anos era tão precoce que recitava versinhos na igreja e aprendeu a ler sozinha. Mas apesar de esperta e comunicativa, foi rejeitada por ser obesa e ter uma inteligência acima da média. Excluída, sem amigos, mãe e pai, e sem brinquedos, buscou alento nos livros e nos estudos da Bíblia.
Só aos 6 anos quando foi morar com o pai, altura em que usou o primeiro par de sapatos. No entanto, a severidade do militar e a volta repentina da mãe - que apareceu para buscá-la - assustaram a menina, que fugiu de casa e foi morar com uma tia. Lá, com apenas 9 anos, a estrela foi estuprada pelo primo, que passou a molestá-la a partir dali. Aos 14 anos, grávida e sem rumo, aceitou morar com a mãe. O bebé morreu uma semana depois do nascimento. Revoltada, passou a cometer pequenos furtos dentro de casa e foi mandada para um reformatório, de onde logo foi expulsa.
Um dia venceu um concurso cujo prémio era visitar uma rádio local. Lá, os directores ficaram encantados com a voz dela e deram-lhe uma oportunidade.
Aos 17 anos, Oprah era repórter de rádio em Nashville e estudava Comunicação Social e Artes Performáticas. Mais tarde iria tornar-se, por mérito da sua capacidade e personalidade, a Estrela do talk show de maior audiência na história da televisão mundial.
Hoje, classificada como a mais rica afro-americana do século 20, a todo-poderosa da TV, é capaz de influenciar a sociedade americana com uma simples frase. Basta comentar que gostou de determinado livro, para a obra esgotar no dia seguinte.
Um dia, num especial sobre a Ku Klux Klan impulsionou a luta pelos direitos civis nos anos 90. "Não posso mudar as pessoas, mas posso expô-las ao que de facto são."
Fonte:href="http://usherblackmary.blogspot.com/2007/03/biografia.html
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